30 abril 2006

O Dia Mundial da Dança já passou


É verdade, já passou, mas mesmo assim eu gostaria de evocar uma arte que não raras vezes atinge os píncaros da beleza.

A imagem que acima se vê pertence a uma coreografia chamada Intervalle, da Companhia de Dança de Ingeborg Liptay. Entre as composições musicais que acompanham esta coreografia está uma peça de Annette Peacock chamada Patches of Light, que convido a ouvir.

Mosca com óculos


Foto: Micreon GMBH

Não é uma montagem fotográfica; o dia 1º de Abril já passou. É uma imagem real, feita através de um microscópio electrónico. Nela se vê uma vulgar mosca doméstica exibindo um par de óculos. Bem, em rigor não é um par de óculos porque lhe faltam as lentes; é só uma armação.

A imagem demonstra as possibilidades que existem actualmente de se fabricarem objectos extremamente pequenos por meio de lasers ultra-rápidos. Esta armação foi feita por Frank Korte e Günter Kamlage, cofundadores da empresa Micreon GMBH.

A armação tem 2 mm de largura (o tamanho de uma cabeça de mosca) e no arco que une os dois aros está gravado um logotipo da empresa com 0,1 mm (o diâmetro aproximado de um cabelo humano). A mosca foi colocada numa câmara de vácuo para lhe ser colocada a armação e está morta.

29 abril 2006

Dinossauros trepando pelas paredes?


É o que parece que foi o que aconteceu quando vemos que estas pegadas estão na vertical...

Ao fundo da Praia Grande, no concelho de Sintra, existem uns degraus encostados à falésia que conduzem ao seu cimo. A meio da subida, a parede rochosa, junto dos degraus, está impressa com pegadas de três ou quatro espécies diferentes de dinossauros, que parecem tê-la trepado em direcção ao céu!

Na era geológica em que os dinossauros viveram (o período jurássico), a região de Sintra era baixa e pantanosa. A serra ainda não existia. Como é evidente, a lama em que os dinossauros chafurdavam estava na horizontal. Quando a lama endureceu, as marcas deixadas pelos "bichinhos" ficaram impressas nos estratos entretanto formados, também na horizontal.

Só mais tarde é que a gigantesca massa granítica da serra de Sintra se começou a elevar a partir de debaixo da terra, rompendo através dos estratos. Estes foram sendo deformados e em alguns locais ficaram mesmo na vertical. Foi o que aconteceu na Praia Grande, onde os estratos são verticais. Por isso, nesta praia, as pegadas dos dinossauros parecem subir para o céu.

26 abril 2006

Mahalia Jackson

Nascida em New Orleans em 1911 e falecida em Chicago em 1972, Mahalia Jackson foi, por certo, a maior intérprete de sempre de espirituais negros.

Faço aqui o convite à escuta de quatro cânticos na sua prodigiosa voz, carregada de emoções:

- How I Got Over

- Nobody Knows The Trouble I've Seen

- I'm Glad Salvation Is Free

- We Shall Overcome

25 abril 2006

Viva a Liberdade!

Vieira da Silva, A Poesia Está na Rua


25 DE ABRIL

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo.

(Sophia de Mello Breyner Andresen, in Obra Poética II)


23 abril 2006

O Penado de Escamarão

Urna funerária. Escamarão, concelho de Cinfães, junto à confluência do Rio Paiva com o Rio Douro. Foto: A. Leitão

(...)
Segundo a história contada por Adriano Strecht, Dom Lopo de Cardia tomou-se de afeição por Maria, filha de um foreiro do lugar de Avessadas, onde lhe cultivava as terras. Querendo desfrutar-se da rapariga, pretendeu usar da prerrogativa feudal do direito de pernada, impondo-lhe marido, para depois com ela passar a noite de casamento.

Maria contudo escolhera a vida de monja. E quando na capela do Escamarão, perante o povo que a enchia, o sacerdote paramentado procedia ao cerimonial de aceitação dos votos da prometida de Cristo - renunciar ao mundo e obedecer à regra de S. Bento, viver em pobreza, abstinência e castidade - Dom Lopo irrompeu porta dentro, protestando enraivecido contra a usurpação dos seus direitos.

Num gesto sacrílego e de profunda arrogância, apoderou-se de Maria e pretendeu concretizar a sua luxúria levando-a para sua casa senhorial, o Paço da Cardia.

O castigo de Deus foi implacável.

Do opulento solar de Cardia para onde se dirigiu o senhor feudal, só encontrou ruínas. Tornando ao Castelo, ao Castelo na foz do Paiva, mal põe o pé na ponte elevadiça o morro onde se situava estremeceu. O Castelo ruiu num repente, esboroou-se nas águas e Dom Lopo com ele, atingido de morte.

Quando depois lhe recolheram o corpo para o sepultarem, nem a terra nem a tumba o aceitaram. Na Igreja,

«... a entrada, lhe vedou a imagem
Do Anjo S. Miguel, que era descido
Do seu altar e com o seu montante
Da porta é sentinela vigilante».

A arca de granito onde se propunham guardar os restos mortais de Dom Lopo igualmente o rejeitou, erguendo-se e permanecendo ao alto, e os esforços para o enterrarem na terra foram baldados, que nem a terra o quis. O corpo do devasso Senhor desapareceu na noite desse dia e na noite dos tempos.

Assim conta a lenda de «O Penado do Escamarão», recriada pelo génio imaginativo de Adriano Strecht.

A arca tumular, essa permanece no local, vazia e ao alto, hoje a servir de apoio a uma escada de uma casa fronteira à Igreja.

E, seguindo a trama da história e a crença do povo que diz que «...em certas noites tempestuosas se ouve, perto da Igreja do Escamarão, uma voz lamentosa cantar o Miserere», acrescentando também que faz soar uma campainha, apetece interrogar aquela pedra que ali se mantém(...)


(Inácio Nuno Pignatelli, in O Paiva, ou a Paiva... como também lhe chamam, Edições Afrontamento, Porto, Dezembro de 1998)


O Castelo de que fala a lenda, e que deu o nome a Castelo de Paiva, ficaria situado numa pequena ilha existente no Rio Douro, em frente à embocadura do Rio Paiva. Podem ser vistas fotografias desta ilha no blog Fotos do Tempo, de A. Leitão.

21 abril 2006

A Europa vista por um índio yanomami


(...)
Quando viajei para longe, vi a terra dos brancos, lá onde havia muito tempo viviam seus ancestrais. Visitei a terra que eles chamam Eropa. Era sua floresta, mas eles a desnudaram pouco a pouco cortando suas árvores para construir suas casas. Eles fizeram muitos filhos, não pararam de aumentar, e não havia mais floresta. Então, eles pararam de caçar, não havia mais caça também. Depois, seus filhos puseram-se a fabricar mercadorias e seu espírito começou a obscurecer-se por causa de todos esses bens sobre os quais fixaram seu pensamento. Eles construíram casas de pedra, para que não se deteriorassem. Continuaram a destruir a floresta, dizendo-se: "Nós vamos nos tornar o povo das mercadorias! Vamos fabricar muitas delas e dinheiro também! Assim, quando formos realmente muito numerosos, jamais seremos miseráveis!". Foi com esse pensamento que eles acabaram com sua floresta e sujaram seus rios. Agora, só bebem água "embrulhada", que precisam comprar. A água de verdade, a que corre nos rios, já não é boa para beber.


Nos primeiros tempos, os brancos viviam como nós na floresta e seus ancestrais eram pouco numerosos. Omama transmitiu também a eles suas palavras, mas não o escutaram. Pensaram que eram mentiras e puseram-se a procurar minerais e petróleo por toda parte, todas essas coisas perigosas que Omama quisera ocultar sob a terra e a água porque seu calor é perigoso. Mas os brancos as encontraram e pensaram fazer com elas ferramentas, máquinas, carros e aviões. Eles se tomaram eufóricos e se disseram: "Nós somos os únicos a ser tão engenhosos, só nós sabemos realmente fabricar as mercadorias e as máquinas!". Foi nesse momento que eles perderam realmente toda sabedoria. Primeiro estragaram sua própria terra antes de ir trabalhar nas dos outros para aumentar suas mercadorias sem parar. Nunca mais eles se disseram: "Se destruirmos a terra, será que seremos capazes de recriar uma outra?".
(...)

(Davi Kopenawa Yanomami, Setembro de 1998; depoimento recolhido e traduzido por Bruce Albert; in Instituto Socioambiental)

19 abril 2006

Quando o Luar Caiu

Quando o luar caiu e
tingiu de escuro os verdes da ilha
cheguei, mas tu já não eras.
Cheguei quando as sombras revelavam
os murmúrios do teu corpo
e não eras.
Cheguei para despojar de limites o teu nome.
Não eras.
As nuvens estão densas de ti
sustentam a tua ausência
recusam o ocaso do teu corpo
mas não és.
Pedra a pedra encho a noite
do teu rosto sem medida
para te construir convoco os dias
pedra a pedra
no teu tempo consumido.
As pedras crescem como ondas
no silêncio do teu corpo.
Jorram e rolam
como flores violentas.
E sangram como pássaros exaustos
no silêncio do teu corpo
onde a noite e o vento se entrelaçam
no vazio que te espera.

Súbito e transparente chegaste
quando falsos deuses subornavam o tempo,
chegaste sem aviso
para despedir o defeso e o frio,
chegaste quando a estrada se abria
como um rio,
chegaste para resgatar sem demora o princípio.
Grave o silêncio agarra-se ao teu corpo,
hostil o silêncio agarra-se ao teu corpo
mas já tomaste horas e caminhos
já venceste matos e abismos
já a espessura do obô resplandece em tua testa.
E não me bastam pombas dementes no teu rosto
não bastam consciências soluçantes em teu rasto
não basta o delírio das lágrimas libertas.
Cantarei em pranto teu regresso sem idade
teu retorno do exílio na saudade
cantarei sobre esta terra teu destino de rebelde.
Para te saudar no mar e
na manhã dos cantos sem represas
saudarei a praia lisa e o pomar.
Direi teu nome e tu serás.

(Conceição Lima, poetisa de São Tomé e Príncipe. Reside em Londres e trabalha na redacção africana de língua portuguesa da BBC)


São Tomé vista do Ilhéu das Rolas
Foto: piddellp

17 abril 2006

Barbie USB

Foto: b3ta board

Aqui está uma Barbie de perder a cabeça... Trata-se de uma flash drive USB em forma de boneca Barbie, idêntica na função a outras divertidas drives que têm vindo a ser lançadas no mercado.

Se acham que estas drives são malucas, então esperem para ver outros periféricos de ligar a uma porta USB do computador: escova de dentes, luvas, humidificador do ar, etc.

E esta, hem?!

16 abril 2006

Domingo de Páscoa

A Ressurreição de Cristo, de Hendrick van den Broeck (1519-1597), fresco na Capela Sistina, Vaticano

Hallelujah, da oratória "O Messias", HWV 56, de Georg Friedrich Händel

14 abril 2006

Mater dolorosa

13 abril 2006

A Última Ceia


A Última Ceia, de Francisco Henriques, c. 1508, óleo sobre madeira, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa

12 abril 2006

Haru (Primavera)


Haru (Primavera) é o nome de um blog recheado de flores lindíssimas, onde também se fala do Japão e de Wenceslau de Moraes. É um verdadeiro bálsamo para os olhos e para a alma. Parabéns ao autor, o angolano Afi.

11 abril 2006

O jogo do pau


No seu romance "O Malhadinhas", que retrata uma personagem que existiu na realidade, Aquilino Ribeiro descreve um combate de jogo do pau entre o herói do romance e um outro contendor. Aquilino conta, nomeadamente, como o Malhadinhas humilha o seu adversário, despindo-o em público com o seu pau, em vez de o desancar. Com uma inacreditável precisão milimétrica, o Malhadinhas teria conseguido arrancar com a ponta do pau, um a um, todos os botões da roupa do seu adversário...

O jogo do pau é uma arte marcial que se impôs no norte de Portugal, tendo-se estendido depois ao resto do país. Embora a chamada "justiça de Fafe" consista no emprego de um pau como cacete e não como arma de combate entre iguais, a verdade é que muitos dos maiores mestres do jogo do pau eram da pequena cidade de Fafe.

Como curiosidade, saliente-se que o povo Surma da Etiópia também pratica uma arte marcial com varapaus, a qual apresenta muitas semelhanças com o jogo do pau português. É verdade que, no passado, os portugueses também estiveram na Etiópia, país cristão a que chamavam "Reino do Preste João" e que ajudaram a defender-se das investidas muçulmanas. Poderemos deduzir daí que existe uma relação entre o jogo do pau praticado em Portugal e o que existe na Etiópia? Muito provavelmente não, mas nunca se sabe.

Como demonstração do que é e de como se pratica o jogo do pau em Portugal, podem ser vistos três vídeos nesta página.

09 abril 2006

Frecha da Mizarela


Em Portugal não existem cataratas como as do Iguaçu ou as do Niagara, mas existe uma queda de água em que o pequeno rio Caima se despenha de uma altura superior a 60 metros. Fica na Frecha da Mizarela, na Serra da Freita, a cerca de 50 km desta cidade do Porto.

Para se ter uma ideia das dimensões desta queda de água, repare-se que a vegetação que está no alto da escarpa é constituída por pinheiros adultos.

Mais a jusante, o rio Caima muda de nome e passa a chamar-se Antuã. É com este nome que o rio passa junto a Estarreja e desagua no rio Vouga.

07 abril 2006

Sons da Índia


Ravi Shankar afirmou que, para apreciarmos a música clássica indiana, temos que deixar os sons entrar livremente pelos nossos ouvidos para sensibilizar as nossas emoções, sem nos preocuparmos em seguir uma linha melódica, harmónica ou outra qualquer. Abramos pois os nossos ouvidos e deixemo-nos tocar pela música do próprio Ravi Shankar e de Shelila Chandra.

05 abril 2006

La doce lhéngua mirandesa


La Lhéngua Mirandesa, doce cumo ua meligrana, guapa i capechana, nun yê de onte, detrasdonte ou trasdontonte mas cunta cun uito séclos de eijistência.

Sien se subreponer a la "lhéngua fidalga i grabe" l Pertués, yê tan nobre cumo eilha ou outra qualquiêra.

Hoije recebiu bida nuôba. Saliu de l absedo i de l cenceinho an que bibiu tantos anhos. Deixou de s'acrucar, znudou-se de la bargonha, ampimponou-se para, assi, poder bolar, strebolar i çcampar l probenir.

Agarrou l ranhadeiro para abibar l lhume de l'alma i l sangre dun cuôrpo bien sano. Chena de proua, abriu la puôrta de la sue priêça de casa, puso fincones ne l sou ser, saliu pa las ourriêtas i preinadas.

Lhibre, cumo l reoxenhor i la chelubrina, yá puôde cantar, yá se puôde afirmar.

A la par de l Pertués, a partir de hoije, yê lhuç de Miranda, lhuç de Pertual.


É desta forma poética que começa o pimeiro documento oficial alguma vez publicado em língua mirandesa: a lei que instituiu o mirandês como língua oficial de Portugal, juntamente com a língua portuguesa. Esta lei foi aprovada pela unanimidade dos deputados à Assembleia da República em 17 de Setembro de 1998.

Ao contrário do que muita gente pensa, o mirandês não é um dialecto do português. É uma língua por direito próprio, sobrevivente de uma antiga língua que se falava numa vasta área do norte da Península Ibérica, o asturo-leonês. Assim como a língua portuguesa descende do latim através do galaico-português, a língua mirandesa descende do latim através do asturo-leonês. O português e o mirandês são, portanto, duas línguas que evoluiram em paralelo; não descendem uma da outra.

Falado no concelho de Miranda do Douro e em parte dos de Vimioso e Mogadouro, o mirandês foi durante muitos séculos uma língua desprezada e humilhada, considerada uma língua própria de gente rude e atrasada. Era, por isso, uma língua de que os seus falantes se envergonhavam.

Esta situação tem-se vindo a alterar desde que o mirandês passou a língua oficial e a ser ensinado nas escolas da região. Agora, as pessoas das Terras de Miranda já começam a sentir orgulho na sua herança linguística e cultural, podendo-se ver, nas ruas do concelho, pessoas envergando orgulhosamente T-shirts com os seguintes dizeres: Miranda yê la mie tiêrra.

Termino transcrevendo alguns provérbios em mirandês:

Mais bale um paixarico na mano que dous a bolar.

Quien cuônta un cuônto acrecénta-l' un puônto.

Cesteiro que fai un cesto fai un ciênto, dando-le berga i tiêmpo.

Nun te fies an perro que nun lhadra, nin an home que nun fala.

Antre primos i armanos nun metas las manos.

Filho sós, pai serás, cumo fazires, assi acharás.

Pan i bino, anda camino.

03 abril 2006

Arte Maneirista

Pintura de Giuseppe Arcimboldo

A Escola Maneirista surgiu no séc. XVI como reacção ao academismo sem alma em que a escola renascentista se estava a tornar. Ela surgiu assim em oposição ao Renascimento. Enquanto este procurava a perfeição e a beleza absolutas, tomando como modelo a Antiguidade Clássica, o Maneirismo foi uma escola de excessos, distorções, contrastes, sonhos, ilusões, etc. De entre as ilusões cultivadas pelo Maneirismo sobressaem as ilusões de óptica, de que o pintor italiano Giuseppe Arcimboldo foi um cultor notável, como se pode verificar pela pintura reproduzida acima.

Em Portugal, o Maneirismo não atingiu, nem de perto nem de longe, o grau de transgressão a que chegou em outros países, por causa da feroz repressão religiosa exercida pela Inquisição. Em consequência, o Maneirismo português fez sobretudo uma arte de carácter religioso.

Na minha opinião, as obras mais notáveis de Arte Maneirista em Portugal são obras arquitectónicas. Gosto muito da Igreja de São Vicente de Fora em Lisboa, mandada construir pelo rei Filipe I de Portugal, II de Espanha, em substituição de um pequeno templo mandado erigir por D. Afonso Henriques.

Os jesuítas foram quem mais aplicou o Maneirismo em Portugal, construindo templos dotados de um carácter teatral, consentâneo com o proselitismo que os caracterizou. A Arquitectura maneirista portuguesa foi, portanto, uma Arquitectura essencialmente jesuítica. Exemplos disso são a Igreja de São Lourenço, também chamada Igreja dos Grilos, aqui no Porto (foto ao lado) e a Igreja do Colégio em Santarém, que desempenha actualmente as funções de Sé Catedral.

Salvo raras excepções, a pintura maneirista portuguesa foi francamente má. Ainda assim, algumas das melhores pinturas desta Escola podem ser vistas na Igreja da Luz, em Lisboa. Uma das pinturas mais conhecidas do Maneirismo português é a Santa Maria Madalena de Francisco Venegas, que se reproduz em baixo. Ela é conhecida não tanto por causa do seu valor artístico, mas por causa da transgressão que constituiu, uma das poucas trangressões verificadas no Maneirismo português. Deve ter sido precisa muita coragem para, naqueles tempos de intolerância religiosa, representar uma santa de seios nus e colocá-la no interior de uma igreja.

Santa Maria Madalena, de Francisco Venegas, c. 1590, óleo sobre tela, Igreja da Graça, Lisboa

01 abril 2006

O chamado "Adagio de Albinoni"

Tomaso Albinoni foi um dos maiores compositores do barroco italiano, é verdade, mas o chamado "Adagio de Albinoni" não foi composto por ele.

O verdadeiro autor desta belíssima peça foi um musicólogo italiano do séc XX chamado Remo Giazotto, que a compôs em 1945, com base num andamento de uma sonata de Albinoni.

Ouçamos, pois, o Adagio em sol menor "de Albinoni", de Remo Giazotto.