31 dezembro 2006

Fim de 2006

Passagem do ano no Funchal (Foto de Eskape)

A minha proposta para a noite de passagem do ano é este videoclip de Waldemar Bastos, gravado durante um concerto dado pelo cantor angolano na Holanda, no mês de Dezembro de 2004.

Além deste videoclip, existe nesta página um outro, contendo um remix feito por Chaka Demus da canção Pitanga Madura, também de Waldemar Bastos, com uma animação de Mitsuo Takaku.

29 dezembro 2006

Labarik-feto Ida Tanis

Casas tradicionais da etnia Fatuluk em Desa Rasa, Los Palos, na parte Leste (Lorosa'e) de Timor (Foto: I.C.R.A. International - Agir pour Timor (França) - SOS Timor (Bélgica) - 1998)


Recebi há dias, de um meu visitante de Timor Leste, um poema escrito em tétum. Encontrei a seguir, no blog Timor Cartoon, uma tradução deste poema, mas contendo alguns erros de português. Sem dúvida que quem fez a tradução foi um timorense que não domina completamente a língua portuguesa. Eu podia ter feito como fez o autor do blog referido, publicando a tradução do poema com os erros corrigidos. Preferi no entanto publicá-la tal como o timorense anónimo a escreveu, apenas com uma diferença: coloquei os acentos nas palavras, para facilitar a sua leitura. Acho que a tradução original, com erros e tudo, é mais genuína.

Seguem-se o poema em tétum e a sua tradução.


LABARIK-FETO IDA TANIS

Amá, Natál agora besik ona
Kosok-Oan Jezús sei moris dala ida tan,
maibé Bete sei hela iha uma halo ho lona
no ha'u-nia maun nia liman sei fo'er ho raan.

Bete ne'e ha'u-nia belun di'ak liu hotu,
nia tinan hanesan ha'u, ami tama SD hamutuk,
ami tanis bainhira haree nia apá nia iis kotu
enkuantu ahi han sira-nia uma to'o mutuk.

Nia apá mate tanba ema oho,
oho de'it tanba tiu ne'e ema-lorosa'e.
Sira la biban halai ba foho
hanesan dezlokadu sira halai tun-sa'e.

Bete ho nia família viziñu di'ak,
nu'usá imi komesa odi sira derrepente?
Ita hotu iha-ne'e mesak ema kiak...
imi hotu agora laran-dodok, ha'u sente!

Joven sira husi bairru maka sunu,
ha'u-nia maun rasik mós ajuda.
Ba ida-ne'e maka uluk imi funu?
Ha'u baruk, ha'u hakarak vida atu muda.

Imi la bandu, la obriga nia hela iha uma,
imi husik nia sai vadiu la iha edukasaun,
baku malu, taa malu, hanesan futu-manu ruma.
Hanesan ne'e maka imi hakarak harii nasaun?

Amá, ida-ne'e maka futuru ba labarik
iha nasaun foun Timór Lorosa'e?
Se futuru hanesan ne'e duni karik
entaun ha'u hakarak sai malae.

Afonso Busa Metan


UMA MENINA ESTÁ A CHORAR

Mãe, o Natal já está chegar
O menino Jesus vai nascer mais uma vez,
mas Bete ainda vive na casa feita com lona
e a mão do meu irmão ainda suzo com sangue.

Bete é a minha amiga melhor de todos,
ela tem idade como eu, nós entrámos na escola primária juntos,
nós chorámos quando vemos falecimento do pai dela
emquanto o fogo queimar a casa deles até muito queimado.

O pai dela moreu por causa de pessoas lhe matou,
matou-lhe porque este senhor é de Lorosae.
Eles não têm oportunidade refugiar para montanha
como outros delocados fuziram de um lugar para outro lugar.

Bete com sua família é vizinho bom,
como é que vocês começa odi eles de repente?
Nós todos que estamos aqui somos pobres...
vocês todos agora mau coracão, eu acho

Os Jovens de bairro que queimar,
o meu irmão própio também ajuda.
Para isto que vocês lutaram?
Estou farta, quero mudar minha vida..

Vocês não bando não obriga ele fica em casa,
vocês deixa-lhe ser vadio não tem educação,
bater um contra outros, cortar um com outros, como lutas de galos.
Como assim que vocês quererem arguer nação?

Mãe, isto é que futuro para crianças
em novo nação Timor Lorosae?
Se futuro como assim mesmo talvez
então eu quero ser malae.

26 dezembro 2006

Eles souberam proteger-se do tsunami


Africana, esta jovem?

Por incrível que pareça, ela é tão africana como as suecas ou as japonesas. Os seus antepassados saíram de África há várias dezenas de milhares de anos, tal como os antepassados das suecas, das japonesas e de todos os outros seres humanos considerados não-africanos.

Esta jovem que aqui se vê é natural de um arquipélago pertencente à Índia, o arquipélago de Andaman, que fica no Golfo de Bengala, entre a Índia e a Tailândia.


Os naturais de Andaman são habitualmente chamados "negritos", por causa da cor da sua pele e da sua pequena estatura. Um homem desta etnia mede em média 1,52 metros de altura. As mulheres são ainda mais baixas. Quer isto dizer que estas pessoas são apenas ligeiramente mais altas do que os pigmeus da África Central.

A população negrita total de Andaman não passa de algumas centenas de pessoas. Além do arquipélago de Andaman, existem também escassíssimas populações negritas vivendo na Malásia e nas Filipinas. Há igualmente relatos, e até fotografias, que testemunham terem existido negritos na Austrália, os quais desapareceram completamente.

Os negritos de Andaman são caçadores e colectores. Recusam, tanto quanto estiver ao seu alcance, qualquer contacto com o mundo exterior. Esta atitude poderá ser uma consequência da grande violência com que foram tratados pela colonização inglesa.


Oficialmente, a Índia tem respeitado a vontade de isolamento dos negritos de Andaman, mas rasgou uma estrada que atravessa a ilha de Grande Andaman quase de uma ponta à outra, a qual facilita a penetração de pessoas vindas de fora, sobretudo do subcontinente indiano. Pode-se dizer, portanto, que os negritos desta ilha se vêem ameaçados no seu modo de vida, na sua cultura e, até, na sua própria sobrevivência como povo.

Os habitantes da vizinha e pequena ilha de Sentinela do Norte, por seu lado, recusam mesmo toda e qualquer espécie de contacto com o exterior, seja ele qual for, mostrando-se completamente hostis a qualquer pessoa estranha. Não hesitarão, mesmo, em matar à flechada quem se atrever a pôr os pés na sua ilha. Os sentinelenses são, por isso, uma das populações mais isoladas da Terra.

Qualquer observação de um mapa daquela parte do mundo revelará que o arquipélago de Andaman fica extraordinariamente próximo do local onde teve origem o terrível tsunami que, em 26 de Dezembro de 2004, devastou as costas do Oceano Índico de uma forma tão pavorosa. Em face do tremendo número de vítimas registado nos países envolventes e também no vizinho arquipélago de Nicobar, esperou-se que os negritos de Andaman também tivessem sofrido pesadíssimas perdas em vidas humanas. Chegou-se mesmo a recear que eles tivessem sido, pura e simplesmente, varridos da face da Terra, pois as suas ilhas são muito baixas.


Para grande espanto, nenhum negrito de Andaman morreu na catástrofe. Enquanto as pessoas "civilizadas" morriam aos milhares e milhares, os "primitivos" negritos de Andaman souberam prever a vinda do tsunami, graças aos seus profundos conhecimentos das correntes marítimas, dos ventos, do comportamento dos peixes e das aves, da ondulação do mar, etc. Sentindo sinais de perigo, estes homens e mulheres "da Idade da Pedra" puseram-se a salvo no interior das suas ilhas, protegidos pelas florestas que as cobrem, antes que o tsunami chegasse.

Aqui está uma lição que nos ensina que nunca devemos menosprezar a sabedoria de um povo, por mais "atrasado" ou "primitivo" que ele nos pareça. Ele pode possuir conhecimentos de que nós nem sequer suspeitamos.

24 dezembro 2006

Natal

Gregório Lopes, Presépio, c. 1527, óleo sobre madeira, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa


Pobre Menino Jesus!
Homens e bois te adoraram
E mais tarde, numa cruz,
Homens te martirizaram!

Vinte séculos depois,
Os homens não melhoraram
E inda são mansos os bois.

(João Saraiva, poeta lírico e satírico do início do séc. XX)


For unto us a Child is born, da oratória "O Messias", de Georg Friedrich Händel

18 dezembro 2006

As Redacções da Guidinha

As "Redacções da Guidinha" foram uns textos de crítica de costumes, sob a forma de redacções escolares sem qualquer pontuação, escritos por uma suposta menina moradora no bairro da Graça, em Lisboa, chamada Guidinha. O verdadeiro autor dos textos não era mais do que o escritor Luis de Sttau Monteiro. Estes textos foram publicados em 1969 e 1970 num suplemento humorístico, chamado "A Mosca", do "Diário de Lisboa", que foi um vespertino que deixou uma marca indelével na história do jornalismo português. O próprio suplemento "A Mosca" era dirigido por um outro excelente escritor, José Cardoso Pires.

Nesse tempo, Marcelo Caetano tinha substituído Salazar à frente do governo e tinha prometido uma abertura política do regime, a que se deu o nome de "Primavera marcelista". Foi no sentido de aproveitar esta efémera abertura que o suplemento "A Mosca" se publicou, procurando dizer a rir algumas das coisas que até então não se podiam dizer, nem a rir nem a chorar.

"As Redacções da Guidinha" foram reunidas em livro e publicadas por Areal Editores, com o código ISBN 9726276195, sendo a edição mais recente datada de 2003. O autor da obra, como disse, é Luis de Sttau Monteiro. Se não for possível encontrar "As Redacções da Guidinha" nas livrarias convencionais, poder-se-á adquiri-las através da Internet.


O PAI NATAL

"Tretas tretas tretas a mim é que não me levam mais era o que faltava ou um ou outro é um aldrabão disseram-me que o pai natal descia pela chaminé e eu acendi o fogão para lhe queimar o rabo para ele dar um grito para eu o ver e nicles quem ficou com o rabo a arder fui eu que levei bumba no toutiço por ter gasto gás é só para ver como as coisas são disseram-me que ele trazia presentes do céu e o que ele me trouxe foi uma camisola que eu vi numa montra duma loja em saldo com o preço e tudo isto quer dizer que o Céu fica na Rua dos Fanqueiros ou que me aldrabaram por eu ser criança é o que eu digo mentem à gente mal a gente nasce e depois queixam-se de que a gente em grande queira ir para a política outra coisa que o pai natal me deu foi um compêndio de Ciências Naturais aprovado para o primeiro ano ora abóbora que se eu fosse má até ficava a pensar que o pai natal é o meu pai o que vale é que eu sou boa até ver sim até ver que se me pregam outra partida como esta vão ver como é que eu sou por dentro porque lá por dentro sou má como as cobras se julgam que eu saio à minha Mãe enganam-se lá no fundo eu saio ao meu pai mas não quero que se saiba para salvar o toutiço que se ele adivinha isso é bumba no toutiço até mais não outra malandrice que me fizeram foi darem-me um cavalinho de madeira que o meu avô comprou para levar à maternidade quando eu nasci a pensar que eu era menino mas o diabo do velho quando viu a enfermeira mudar-me a fralda meteu o cavalinho no bolso e foi a correr comprar uma roca de prata porque nesse tempo o plástico ainda era caro e levou o cavalinho para casa para quando viesse um menino e como nunca veio porque em Paris deixaram-se de fazer coisas dessas e agora fazem outras o tal cavalinho foi escondido numa mala muito velha onde eu o encontrei há mais de cinco anos estou farta de brincar com ele sem ninguém saber e vai este ano bumba apareceu-me no sapato como se fosse um presente do pai natal assim não vale abóbora que ou a gente é séria ou não é isto até faz com que se perca o respeito pela família terrestre e pela família celeste que o meu pai queira enganar o pai natal vendendo-lhe cavalinhos velhos e Compêndios de Liceu ainda eu entendo agora que ele os compre se calhar pelo dobro do preço é que não entendo nem à bala são estas coisas que fazem a gente perder a fé e depois espantam-se outra porcaria que me fez o pai natal foi dizer ao meu pai que este ano os presentes eram fracotes por causa da crise que há no Céu mas então se aquilo é igual à Terra para que é que lhe chamam Céu anda a gente a privar-se de coisas para ir para o Céu e chega lá e bumba aquilo é como a Graça ou como o Areeiro eu é que não vou nisso e se as coisas não mudam para o ano faço de conta que não sei da crise e mando uma reclamação para o deputado que me representa na assembleia e o pai natal vai ver como é que as moscas picam para aprender a ser profissional a valer que isto dum pai natal amador não interessa a ninguém e muito menos a esta vossa GUIDINHA que não está cá por ver andar os outros."

17 dezembro 2006

Fernando Lopes-Graça

Completam-se hoje cem anos sobre o nascimento de Fernando Lopes-Graça, que foi talvez o maior compositor português do séc. XX.

Admirador incondicional de Béla Bartók, Fernando Lopes-Graça seguiu as pisadas do grande compositor húngaro no que à recolha e valorização da música tradicional popular diz respeito. Para tal, Lopes-Graça contou com a inestimável colaboração de Michel Giacometti, um corso que veio a Portugal e em Portugal ficou até morrer, depois de ter ouvido música de Trás-os-Montes no Musée de l'Homme, em Paris.

Fernando Lopes-Graça serviu-se da música tradicional como a sua principal -- mas não única, longe disso -- fonte de inspiração para a sua vasta obra. Além disso, fez arranjos musicais de muitas das peças populares que ele e Giacometti recolheram, com o fim de as divulgar e de lhes realçar a expressividade segundo a sua própria sensibilidade. Ele mesmo as divulgou amplamente, como regente do Coro da Academia dos Amadores de Música.

Fernando Lopes-Graça foi um firme opositor à ditadura de Salazar. Neste sentido, ele compôs um conjunto de canções de resistência, as "Heróicas", que muitas e muitas vezes foram cantadas nos calabouços da ditadura pelos presos políticos, a fim de ganharem ânimo para resistirem às torturas e maus tratos que sofriam.

O espólio de Fernando Lopes-Graça está no Museu da Música Portuguesa, o qual fica na Casa Verdades de Faria, no Monte Estoril, Cascais, juntamente com um importante conjunto de instrumentos musicais portugueses recolhidos por Michel Giacometti.

O Ministério da Cultura criou um sítio na Internet dedicado a Fernando Lopes-Graça, o qual possui uma "rádio" online.

Algumas canções tradicionais portuguesas, harmonizadas para coro a capella por Fernando Lopes-Graça:

Oh, Que Janela Tão Alta, de Trás-os-Montes, pelo Coro Misto da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro;

O Milho da Nossa Terra, da Beira Baixa, pelo Coro Misto da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro;

Confusa Perdida, cântico de Natal, pelo Coro Misto da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro;

Senhora Santa Cat'rina, pelo Grupo Coral de Queluz.

12 dezembro 2006

(Quase) um altar na varanda

Para ser um altar na varanda, só lhe falta o mais importante, que é a mesa para as celebrações litúrgicas. O resto está lá todo.

Esta espécie de oratório do séc. XVIII está na fachada de um edifício existente na Rua dos Caldeireiros, que é uma rua antiga do Porto cheia de carácter e que começa a dois passos da Torre dos Clérigos.

O edifício pertence à Irmandade de Nossa Senhora da Silva, que é uma das confrarias mais antigas do Porto, pois foi fundada no séc. XV. Um meu bisavô, pelo menos, foi membro desta confraria.

A imagem de Nossa Senhora da Silva está no nicho principal da fachada e tem este nome porque, segundo reza a tradição, teria sido encontrada no meio de umas silvas. É considerada a padroeira dos ferreiros, caldeireiros e anzoleiros do Porto.

A capela da Irmandade fica no primeiro andar da casa e é verdadeiramente minúscula. É tão pequena que só a mesa do altar está no seu interior. O resto está quase todo cá fora...

Melancolia, de Manuel Ribeiro de Pavia


Manuel Ribeiro de Pavia, artista plástico neo-realista, nasceu em Pavia, no concelho de Mora, em 1910 e faleceu em Lisboa em 1957. O desenho que aqui se vê faz parte de um conjunto de 25 desenhos que foram publicados em 1950, num álbum intitulado "Líricas" que foi dedicado a José Gomes Ferreira.

Na vila de Pavia existe um pequeno museu que lhe é dedicado e que fica a escassíssimos metros da anta-capela de São Dinis.


A anta-capela de São Dinis, em Pavia, concelho de Mora

06 dezembro 2006

Serena beleza


Esta figura de rara beleza e serenidade é um pingente de marfim dos princípios do séc. XVI, proveniente do Reino do Benim, na actual Nigéria.

Os sulcos escuros que se vêem na fronte são o lugar onde esteve cravado o colar de onde a figura pendia.

Ao alto, em forma de diadema, vêem-se cabeças de portugueses barbudos, com um aspecto muito fantasmagórico!

Ingenuidade infantil

Crianças índias do Alto Xingu, Brasil

ATRACÇÃO FATAL

"Não sei. Acho que é por causa do cheiro das pessoas. Por isso é que os perfumes e os desodorizantes são tão populares."
João - 9 anos

"Primeiro temos que ser atingidos por uma seta. Depois, deixa de ser uma experiência dolorosa."
Helena - 8 anos

"Se uma pessoa tiver sardas, ela vai-se sentir atraída por outra que também tenha sardas."
André - 6 anos


A IDADE CERTA PARA CASAR

"Aos oitenta e quatro anos, porque nesta idade já não precisamos de trabalhar e podemos passar o dia inteiro a namorar com a outra pessoa."
Júlia - 8 anos

"Eu vou-me casar assim que sair do infantário."
Tomás - 5 anos


SOLTEIRO OU CASADO?

"As raparigas devem ficar solteiras. Os rapazes devem casar-se para terem alguém que lhes limpe a roupa e lhes faça a comida."
Catarina - 9 anos

"Fico com dor de cabeça só de pensar nesse assunto. Sou muito pequena para pensar nesses problemas."
Lina - 9 anos

"Uma das pessoas deve saber preencher um cheque. Mesmo que haja muito amor, é sempre necessário pagar as contas."
Eva - 8 anos


MANTER UMA RELAÇÃO

"Passar a maior parte do tempo a namorar em vez de irmos trabalhar."
Tomás - 7 anos

"Não esquecer o nome da namorada. Isso estragava tudo!"
Ricardo - 8 anos

"Pôr o lixo lá fora todos os dias."
Guilherme - 5 anos

"Nunca dizer a uma pessoa que se gosta dela se não for verdade."
Pedro - 9 anos


BELEZA

"Não tem a ver com sermos bonitos ou não. Eu sou bonito e ainda não encontrei ninguém para casar comigo."
Ricardo - 7 anos


TÁCTICAS INFALÍVEIS

"Diz a toda a gente o quanto gostas dela. E não te importes se os pais dela estiverem ao pé."
Manuel - 8 anos

"Levá-la a comer batatas fritas costuma funcionar."
Bernardo - 9 anos

"Eu gosto de hamburguers e também gosto de ti."
Luis - 6 anos

"Abanamos as ancas e rezamos para que tudo corra pelo melhor."
Carla - 9 anos


AMOR

"O amor é a melhor coisa que existe no mundo. Mas o futebol ainda é melhor!"
Guilherme - 8 anos

"Sou a favor do amor, desde que ele não aconteça quando estão a dar desenhos animados."
Ana - 6 anos

"O amor encontramos mesmo quando nós tentamos nos esconder dele. Eu fujo dele desde os 5 anos mas as raparigas conseguem sempre encontrar-me."
Nuno - 8 anos

"O amor é a loucura. Mas quero experimentar um dia."
Fábio - 9 anos


AVISOS

"Se a tua mãe esteve a discutir com o teu pai, não a deixes pentear-te."
Sara - 12 anos

Se gostavas de ter um cão, começa por pedir um cavalo."
Luis - 13 anos

"Nunca te metas com uma miúda que já te bateu uma vez"
Pedro - 9 anos

"Se quiseres dar banho a um gato, prepara-te para tomares um também."
João - 10 anos

"Nunca se deve confiar num cão para guardar a nossa comida."
Gonçalo - 11 anos

"Nunca entre numa corrida com os atacadores desapertados."
André -12 anos

"Quantos mais erros faço mais esperta fico."
Inês - 8 anos

"Há muitas coisas que a gente sabe e que as notas não dizem."
Rita - 10 anos

"Quando as coisas estão escritas em letras pequenas é porque são importantes."
Diogo - 10 anos


(Recebido por email)

04 dezembro 2006

A Quinta da Bacalhoa

A Quinta da Bacalhoa é uma quinta notável, que fica junto a Vila Fresca de Azeitão, no concelho de Setúbal. Foi fundada no séc. XV, mas sofreu grandes remodelações no séc. XVI, quando o seu proprietário era Brás de Albuquerque, filho de Afonso de Albuquerque. O nome actual da quinta vem dos princípios do séc. XVII, tempo em que ela esteve nas mãos de D. Maria de Mendonça e Albuquerque, que era casada com D. Jerónimo Manuel, o Bacalhau...

As fotografias que aqui apresento já foram tiradas há alguns anos, mas não muitos. Mesmo assim, são do tempo em que ainda não tinham sido destruídos os jardins da quinta, às mãos do seu actual proprietário -- a firma J. P. Vinhos, se não me engano -- para dar lugar à plantação de mais meia dúzia de vinhas! Como se a firma não tivesse já vinhas de sobra nas diversas quintas que possui na região!









01 dezembro 2006

O Cancioneiro do Niassa


O Cancioneiro do Niassa é um conjunto de letras adaptadas à música de fados e de canções, escritas entre 1967 e 1973 por militares portugueses que cumpriram a sua comissão no Niassa, noroeste de Moçambique, combatendo os guerrilheiros nacionalistas da Frelimo. O Cancioneiro do Niassa é, por isso, um valioso repositório daquilo que pensavam e sentiam muitos dos militares portugueses que foram mobilizados para a frente de batalha, em defesa do império colonial português.

Na Internet existe, pelo menos, um sítio que ao Cancioneiro do Niassa é dedicado. Contém, inclusive, gravações originais, feitas em 1969/70, em Metangula, no Niassa. Tomo a liberdade de publicar a seguir, das letras de fados existentes no sítio, a que me pareceu ter maior qualidade literária.


A HISTÓRIA DO MANUEL
(Fado Canção)


Manuel era feliz
Numa aldeia lá da serra.
A guardar o seu rebanho
Não sabia o que era a guerra.


Coro 1

Se em toda a Terra todos os homens
Dissessem não, dissessem não,
Nunca os jovens como o Manel
Teriam morto o seu irmão.



Mas os homens, que são maus,
Vão tirar a paz à serra
E o Manuel deixa o rebanho
E, um dia, parte pr'a guerra.


(Coro 1)


Morrem homens, aos milhares,
Está de luto toda a terra
E o Manel, que era pastor,
Sabe agora o que é a guerra.


(Coro 1)


Manuel parte pr'a guerra,
Leva em paz o coração.
Manuel parte chorando,
Manuel parte, rezando:
Não matarei meu irmão.


(Coro 1)


Manuel, pelo mar fora,
Vai pensando em sua mãe!...
Lá na aldeia, onde o criou,
De menino, lhe ensinou
A ser um homem de bem.


Coro 2

Pensa nas mães que em toda a terra
Vêem seus filhos partir p'ra matar...
Elas que sempre os ensinaram
A ser fiéis à lei de amar.



Manuel, na noite escura,
Sabe que a hora chegou.
Não tem medo de lutar,
Pois sabe que foi para amar
Que sua mãe o criou.


(Coro 2)


Manuel não usa a arma,
Tem no corpo o frio chão.
Olha o outro, à sua frente,
Diz-lhe baixo e tristemente:
Porque me mataste, irmão?


(Coro 2)


(Coro 1)


O sítio que referi sobre o Cancioneiro do Niassa tem duas páginas de particular interesse:

- http://www.joraga.net/cancioneirodoniassa/index.htm

- http://www.joraga.net/pags/52cancNiassa.htm


Depois de ter publicado este artigo, encontrei um outro sítio que contém canções do Niassa. O sítio chama-se A Guerra Colonial e inclui também o seguinte poema, que foi escrito por um guerrilheiro nacionalista e foi encontrado por tropas portuguesas numa base da Frelimo na região do Lunho, Niassa.


POEMA DO MILITANTE

Mãe,
Eu tenho uma espingarda de ferro!
O teu filho,
Aquele a quem um dia viste acorrentarem
E choraste,
Como se as correntes prendessem e ferissem
As tuas mãos e os teus pés
O teu filho já é livre, Mãe!
O teu filho tem uma espingarda de ferro
A minha espingarda
Vai quebrar todas as correntes,
Vai abrir todas as prisões,
Vai matar todos os tiranos,
Vai restituir a terra ao nosso povo,
Mãe, é belo lutar pela liberdade!
Há uma mensagem de justiça em cada bala
que disparo
Há sonhos antigos que acordam como
pássaros
Nas horas de combate, na frente de batalha,
A tua imagem próxima desce sobre mim.
É por ti também que eu luto, Mãe.
Para que não haja lágrimas nos teus olhos.


No sítio não se diz quem foi o autor do poema, mas sabe-se quem foi. O nome do guerrilheiro-poeta é Jorge Rebelo e conhecem-se muito poucos poemas seus.