25 agosto 2017

Castro Laboreiro

À direita, a porta norte do que resta do castelo de Castro Laboreiro; à esquerda, em último plano, a vila de Castro Laboreiro (Foto: Ventor)

Castro Laboreiro é uma antiquíssima povoação situada num planalto com o mesmo nome e pertencente ao concelho de Melgaço. Está integrada no Parque Nacional da Peneda-Gerês.

A antiguidade de Castro Laboreiro está expressa no seu próprio nome. Com efeito, castro é o nome dado a uma povoação fortificada que já existia vários séculos antes da chegada dos romanos. Por outro lado, a grande abundância de antas ou dólmenes na região atestam a existência de populações muito mais antigas ainda, as quais ergueram essas extraordinárias estruturas megalíticas por volta do 5.º milénio antes de Cristo.


A porta sul do que resta do castelo de Castro Laboreiro. A serra que se vê em último plano deve ser a do Soajo (Foto: Maravilhas do Gerês)

A vila de Castro Laboreiro já foi sede de município entre 1271 e 1855, com tribunal, cadeia, pelourinho e paços do concelho. O castelo, situado nas proximidades e agora em ruínas, é também muito antigo. Segundo Pinho Leal, deve-se aos romanos, mas provavelmente foi construído mais tarde, no tempo do Condado Portucalense.

O principal monumento situado no interior da vila de Castro Laboreiro é a sua igreja matriz. Dedicada a Nossa Senhora da Visitação, foi construída no séc. XII, em estilo românico, mas sofreu, ao longo dos séculos, diversas intervenções, que lhe alteraram o aspeto original. A torre da igreja, por exemplo, data do séc. XVIII.


Interior da igreja matriz de Castro Laboreiro. A nave única é em estilo românico, do séc. XII, mas os altares ao fundo são do séc. XVIII (Foto: Município de Melgaço)

Como a pastorícia foi uma das suas atividades económicas mais importantes, a região de Castro Laboreiro está polvilhada de povoações temporárias, chamadas brandas (umas) e inverneiras (outras). Ao todo são mais de 40 lugares, entre brandas e inverneiras. No verão, os pastores levavam os seus rebanhos para os pontos mais elevados, onde estavam os pastos mais frescos, e ficavam alojados nas brandas, de que o Curral do Gonçalo (a segunda povoação mais alta de Portugal) é um exemplo. No inverno, os pastores desciam aos vales, abrigados dos ventos gelados que costumam varrer o planalto, ficando alojados nas inverneiras, de que é exemplo a Assureira. Este movimento regular dos rebanhos e seus pastores, entre as brandas e as inverneiras, constitui a chamada transumância.


Ponte da Assureira ou de S. Brás, sobre o rio Barreiro, e uma azenha em segundo plano (Foto: Maria Cartas)

O planalto de Castro Laboreiro e serras envolventes (serras da Peneda e do Laboreiro) eram (e são) percorridos por alcateias de lobos. Para defenderem os seus rebanhos dos ataques dos lobos, os habitantes da região desenvolveram uma raça de cães robustos e valentes, que são os cães da raça chamada, precisamente, castro laboreiro. Inteligentes e rústicos, os cães da raça castro laboreiro eram muitas vezes deixados sozinhos no monte com o rebanho que guardavam, tal era a confiança que os pastores tinham neles. Os cães de castro laboreiro são muito fiéis e carinhosos para os seus donos, mas são hostis para os estranhos, embora não os agridam ativamente. São, por isso, excelentes cães de guarda, sobretudo para guardar quintas e casas isoladas. Não são, de maneira nenhuma, cães para se ter num apartamento na cidade, dada a sua corpulência e necessidade de muito espaço para se movimentarem.


Um cão pastor da raça castro laboreiro (Foto de autor desconhecido)


Cascata de Castro Laboreiro (Foto: João Paulo Galacho)

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