11 novembro 2018

O dilacerante nascimento de uma nação: Angola


Trailer do filme Mais um Dia de Vida, de Raúl de La Fuente e Damian Nenow. Co-produção entre Espanha e a Polónia que se encontra neste momento em exibição em Portugal, este filme retrata a experiência vivida em Angola, em 1975, pelo jornalista polaco Ryszard Kapuściński (pronúncia aproximada: Richard Kapuchtchinski). Não há para já indicação de uma data para a estreia deste filme em Angola, mas espera-se que ocorra brevemente


Outro trailer do mesmo filme. Um reparo se me impõe a respeito do canibalismo atribuído no filme à FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola). Quem conheceu minimamente o povo angolano (e os bacongos em particular) sabe até que ponto lhe repugna o canibalismo. Repugna-lhe mais do que aos europeus. De verdade. Quando o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) expulsou a FNLA de Luanda em 1975, mostrou aos jornalistas frigoríficos cheios de alegada "carne humana", na sede do movimento expulso. Foi uma manobra de propaganda por parte do MPLA, que teve por finalidade provocar a maior das repulsas dos angolanos pelo movimento rival. Agora pergunto eu: se os elementos da FNLA fossem brancos, teria havido a mesma acusação de canibalismo? Pode-se e deve-se acusar a FNLA de ter cometido as mais terríveis atrocidades, como a que o trailer do filme documenta, mas acusá-la de canibalismo é que não. É uma acusação racista, que em última instância cai sobre toda uma população que sente a mais profunda das repulsas por semelhante prática

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