27 novembro 2018

Três moças cantavam d'amor


Três Moças Cantavam d'Amor, cantiga de amor de Lourenço Jograr, que viveu no séc. XIII, por Paulina Ceremużyńska. O poema desta cantiga é o seguinte:

Três moças cantavam d'amor,
mui fremosinhas pastores,
mui coitadas dos amores.
E diss'end'ũa, mia senhor:
— Dized'amigas comigo
o cantar do meu amigo.

Todas três cantavam mui bem,
come moças namoradas
e dos amores coitadas.
E diss'a por que perço o sem
— Dized'amigas comigo
o cantar do meu amigo.

Que gram sabor eu havia
de as oir cantar entom!
E prougue-mi de coraçom
quanto mia senhor dizia:
— Dized'amigas comigo
o cantar do meu amigo.

E se as eu mais oísse,
a que gram sabor estava!
E quam muito me pagava
de como mia senhor disse:
— Dized'amigas comigo
o cantar do meu amigo.


Lourenço Jograr ou, na ortografia moderna, Lourenço Jogral, foi um poeta e cantor galaico-português da segunda metade do séc. XIII. Do muito pouco que se sabe dele, e que se deduz das suas próprias cantigas e do que sobre ele disseram outros jograis e trovadores seus contemporâneos, sabe-se que se chamava Lourenço e que devia ser português. Sabe-se também que era de origem popular, pois era chamado jogral. Na Idade Média, a designação de trovador aplicava-se apenas aos nobres. Os trovadores vindos do povo eram chamados jograis. Sabe-se ainda que terá exercido a maior parte da sua atividade na Galiza, em particular, e no reino de Leão e Castela, em geral, havendo quem afirme que certamente terá frequentado a corte do rei Afonso X, o Sábio, que foi um dos maiores trovadores da Europa e foi avô materno do rei D. Dinis de Portugal, outro trovador.

A intérprete desta cantiga de amor é Paulina Ceremużyńska, uma musicóloga polaca dedicada ao estudo e divulgação das cantigas trovadorescas galaico-portuguesas.

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