13 abril 2019

Cientistas em ação


As efeméridas são uns insetos que têm uma curtíssima vida na sua fase adulta: apenas um dia, durante o qual acasalam. Os seus ovos eclodem na água dos rios e lagos de todo o mundo e dão origem a ninfas. Quando se tornam propícias as condições para o seu acasalamento, as ninfas ganham asas e voam para fora da água, até ao mato próximo. Aqui atingem a sua maturidade, voam formando grandes enxames e acasalam. Consumado o acasalamento, as efeméridas voltam para a água depois do pôr do sol, a fim de depositarem os seus ovos, e morrem. Esta fotografia foi feita numa margem do rio Dniepre, próximo do centro da cidade de Mogilev, na Bielorrússia, e mostra um biólogo da universidade local observando, à luz dos faróis de dois carros, milhares e milhares de efeméridas que pousaram numa rua vizinha do rio por engano. Elas confundiram o negro alcatrão da rua com a água do rio (tornada escura pela noite) e morreram sem que os seus ovos fossem depositados na água (Foto: Mikhail Kapychka)

A revista Nature é uma das mais prestigiadas revistas científicas internacionais, que só publica artigos que tenham sido analisados e revistos por um ou mais especialistas de renome na área correspondente, no sentido de procurar garantir o máximo rigor e veracidade do que publica. A Nature é aquilo que se chama uma revista de revisão por pares (peer review).

De há três anos a esta parte, a revista Nature tem vindo a organizar um concurso fotográfico anual, chamado #ScientistAtWork, que tem por finalidade mostrar, de uma forma criativa e apelativa, a vida profissional dos cientistas. Neste concurso são premiadas cinco fotografias, uma das quais é proclamada vencedora absoluta, além de algumas menções honrosas.

Aqui se mostram três das fotografias premiadas, incluindo a vencedora absoluta, que é a que se vê acima. As restantes poderão ser vistas na página seguinte: https://www.nature.com/articles/d41586-019-01104-x.



A portuguesa Bárbara Cartagena da Silva Matos, que é licenciada em Biologia pela Universidade de Aveiro e é estudante de doutoramento no Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, tirou esta selfie na Amazónia brasileira, na companhia de uma fêmea de macaco-barrigudo (Foto: Bárbara Cartagena da Silva Matos)


As mais escuras noites sem luar que se podem observar na Terra não são totalmente negras, mas quase. Existe um fenómeno chamado luminescência atmosférica, que consiste na emissão de uma fraquíssima luz que é feita pela própria atmosfera terrestre. Esta luz resulta de reações químicas que ocorrem na atmosfera e pode ser registada em fotografias após um longo tempo de exposição. Nesta imagem a luminescência atmosférica assume uma curiosa formação em ondas concêntricas. Foi registada na região de Xigazê, no Tibete (Foto: Dai Jianfeng)

Comentários: 4

Blogger Clara escreveu...

Bom dia Fernando.
Excelente artigo! Segui o link que deixou para vermos as outras fotografias e concluo que os critérios para escolher uma fotografia entre (imagino) imensas não serão nunca consensuais.
A que ganhou até pode ter um grande valor pelo momento raro captado, porque visualmente é pouco apelativa.
Gostei bastante da fotografia do céu do Tibete e da fotografia da lula gigante a lutar pela vida.
Achei curiosa a comparação que fizeram entre uma "erupção de champanhe" e o jacto de água do mar que saiu de dentro dela. Confesso que a minha imaginação me levou para outros lados.

Obrigada!
Bom fim de semana
(^^)

13 abril, 2019 13:40  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Muito obrigado, Clara, pelo seu comentário. Bem diz o povo: "cada cabeça, cada sentença". Se os critérios para a escolha de uma fotografia vencedora fossem consensuais, não haveria necessidade de constituir um júri. Uma pessoa bastaria.

O fenómeno da luminescência atmosférica não tem nada a ver com as auroras boreais e austrais. A luminescência atmosférica acontece em todo o mundo e resulta da reação química entre diferentes gases contidos na atmosfera. As auroras boreais e austrais ocorrem nas regiões mais próximas dos polos (norte e sul, respetivamente) e são causadas pela colisão de partículas emitidas pelo Sol, após a ocorrência de erupções solares, com a atmosfera da Terra.

A luminescência atmosférica é extremamente ténue. Tanto, que duvidei da sua existência quando li a primeira referência a ela há já muitos anos. Uma noite sem luar no meio da selva africana, a centenas de quilómetros da cidade mais próxima, é MUITO escura. Muito, muito, muito. E as estrelas no céu, aos milhões e milhões, constituem um espetáculo absolutamente inesquecível. As pessoas que vivem no mundo dito civilizado não sabem o que perdem por causa da iluminação artificial noturna.

13 abril, 2019 17:54  
Blogger Rogério G.V. Pereira escreveu...

Depois do elogio da Clara
que secundo
o melhor é ficar... mudo

(bom post e boa resposta)

13 abril, 2019 18:07  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Muito obrigado, Rogério. Que lhe poderei dizer, senão que fiquei desvanecido?

14 abril, 2019 16:09  

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