12 fevereiro 2020

«Impossível é dissociar as mãos da construção»

Impossível é dissociar as mãos da construção
do mundo. Afloro quase sempre uma palavra abro-a
lentamente com as mãos até que o ritmo
do poema se instale reverbere uma imagem clara
e se desfeche. Escrevo como se estendesse raízes e sou
um ramo adormecido alcançando em silêncio.
Nas mãos repousa o primeiro dia, a primeira vez
de todas as coisas.

Gisela Gracias Ramos Rosa, O Livro das Mãos, Coisas de Ler Editora, Vialonga, 2017



(Foto de autor desconhecido)

Comentários: 2

Blogger Ricardo Santos escreveu...

Bonitas palavras e foto muito expressiva !!!

18 fevereiro, 2020 22:57  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

O apelido Ramos Rosa da poetisa fez-me soar um aviso. Com efeito, um dos maiores poetas portugueses do séc. XX foi António Ramos Rosa. Terá Gisela Gracias Ramos Rosa algum laço familiar com ele? Tem. É sobrinha. Seja como for e independentemente do parentesco, a verdade é que Gisela Ramos Rosa é uma excelente poetisa, como aqui se comprova. É como diz o povo: «Quem sai aos seus não degenera».

21 fevereiro, 2020 01:58  

Enviar um comentário