03 julho 2020

Dois nus numa paisagem exótica


Baigneuses: Deux nus dans un paysage exotique, óleo sobre tela de Jean Metzinger (1883–1956), c. 1905, Coleção Carmen Thyssen-Bornemisza, Espanha

Baigneuses: Deux nus dans un paysage exotique é um quadro a óleo da autoria do pintor francês Jean Metzinger (1883–1956), que foi um dos mais revolucionários artistas plásticos europeus do séc. XX.

Este quadro é um excelente exemplo de estilo divisionista, um estilo nascido ainda no séc. XIX, em que as cores não se encontram misturadas na tela, antes se nos mostram repartidas por pontos e pequenas manchas de tons puros. É no próprio cérebro humano, e não na mistura das tintas, que se faz a combinação dos tons com vista à perceção das cores pretendidas.

É de realçar que, neste quadro, Metzinger representa as figuras humanas com tons quase naturais, enquanto a paisagem ao fundo se apresenta em tons acentuadamente artificiais e vibrantes. Não é, portanto, pela intensidade da cor que o pintor chama a nossa atenção para as figuras principais. Ele chama a nossa atenção através de uma representação tridimensional, enquanto o fundo se nos mostra completamente plano. As duas mulheres nuas aparecem-nos em "relevo" relativamente ao resto do quadro.

Comentários: 5

Blogger Ricardo Santos escreveu...

Fernando, não sou nem de longe nem de perto um conhecedor de pintue. Gosto muito do que vejo muitas vezes em pintura e outras vezes muito pouco.
Gosto do estilo divisionista de Metzinger e diferença de cores, como explicas, entre os corpos e o resto.

03 julho, 2020 22:09  
Blogger Rogério G.V. Pereira escreveu...

Quando olho a arte
passo ao lado, sempre
da técnica usada

não pinto, se pintasse
usaria
uma muito minha

tenho sala para esse quadro
(gosto de nus!)

04 julho, 2020 00:30  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Uma vez, ouvi uma pintora dizer mais ou menos o seguinte: «O que eu me rio com o que os críticos de arte escrevem acerca dos meus quadros! Atribuem-me razões e intenções que nunca, nem por um momento, passaram pela minha cabeça. E são capazes de escrever páginas e páginas inteiras, a tentarem explicar a razão por que eu fiz um traço assim e não assado, ou por que eu usei uma certa cor e não outra. Eu não fiz nada disso! Eu só fiz o que no exato momento em que estava a pintar me ocorreu fazer, sem qualquer intenção concreta. Só porque sim! Calhou sair assim. Quando eu começo a pintar, tenho uma ideia daquilo que pretendo fazer, mas depois, à medida que o quadro vai sendo preenchido, sigo o que a minha intuição me vai ditando. Quantas vezes a obra final é completamente diferente do que eu tinha pretendido fazer no início. Saiu assim! Pronto!»

Podemos dizer que a Arte é intuitiva por natureza. Se ela não for intuitiva, deixa de ser Arte e passa a ser apenas técnica. Ora eu, talvez por deformação profissional, tendo a valorizar a técnica mais do que devia. Acabo por fazer uma figura semelhante à dos críticos. Então, proponho o seguinte: esqueçamos tudo o que escrevi sobre este quadro, olhemos para ele com atenção e deixemo-lo impressionar a nossa sensibilidade e a nossa emoção estética. Só porque sim.

04 julho, 2020 19:10  
Blogger Maria João Brito de Sousa escreveu...

Sei como é, Fernando. Isso tanto se aplica à pintura quanto à poesia :)

Abraço!

05 julho, 2020 11:04  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Não consigo lembrar-me ao certo de qual foi a pintora que disse as palavras sobre os críticos de arte, mas parece-me que foi Graça Morais. Ou então foi Gracinda Candeias, mas inclino-me mais para Graça Morais.

08 julho, 2020 01:28  

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