24 dezembro 2022

Luz do mundo


A Natividade Mística, óleo sobre tela de Sandro Botticelli (1445–1510). National Gallery, Londres, Reino Unido

De hoje a uma semana, será dia de Natal. O Menino, que nasceu há mais de 2000 anos, terá nascido de novo. A oportunidade será dada a todos nós de voltarmos à estaca zero: às primeiras horas do cristianismo - da nova religião cuja nascença com a nascença do Menino celebramos.

O que trouxe a nova religião?

1) Luz. «Nele estava a vida e a vida era a luz dos homens. E a luz brilha na escuridão e a escuridão não dominou a luz» (João 1:4-5).

2) Liberdade. «O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado» (Marcos 2:27).

3) O fim do ódio. «Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam» (Lucas 6:27).

4) A solução para a vida humana. «Fazei o bem... sem nada esperar em troca» (Lucas 6:35).

5) A compreensão humana. «Não julgueis para que não sejais julgados» (Mateus 7:1).

6) O despojamento. «Não acumuleis para vós tesouros na terra» (Mateus 6:19).

7) A justiça. «Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o reino dos céus» (Mateus 5:10).

A aceitação de todas e de todos. «Eu não julgo ninguém» (João 8:15).

Infelizmente, os mais de 2000 anos que nos separam do nascimento do Menino mostram-nos um cristianismo que, em vez de luz, trouxe e traz tantas vezes o obscurantismo; em vez da liberdade, trouxe e traz tantas vezes o aprisionamento das mentes; em vez do fim do ódio, fomentou-o exponencialmente (entre cristãos e entre cristãos e judeus); em vez do despojamento, encontrou maneira de dar a senhores de engenho, ditadores e bilionários o reconforto de se considerarem bons cristãos; em vez de estar do lado dos perseguidos, esteve tantas vezes do lado dos perseguidores; e em vez de aceitar as pessoas na diversidade com que Deus quis que nascessem, tudo fez para excluir tantas e tantos.

Mas a beleza do Natal — e a esperança do Natal — é que, ao celebrarmos todos os anos o nascimento do Menino, todos os anos podemos começar do zero. A nova religião que o Menino trouxe e traz — todos os anos, cada dia, cada hora, cada segundo — está sempre a tempo de cumprir a sua verdadeira vocação. Este Natal, o mundo ainda vai a tempo de se tornar, no verdadeiro sentido da palavra, verdadeiramente cristão. Basta somente todas e todos querermos. A mensagem do Menino é que, se quisermos, podemos fazer do mundo em que vivemos o «Céu» na «Terra».

«Eu sou a luz do mundo» (João 8:12)

«Vós sois a luz do mundo» (Mateus 5:14)



Frederico Lourenço, Coimbra, 18 de dezembro de 2017

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