09 dezembro 2022

Rogério salva Angélica


Rogério salva Angélica, 1819, óleo sobre tela do pintor francês Jean Auguste Dominique Ingres (1780–1867). Museu do Louvre, Paris, França 

Rogério salva Angélica é uma pintura de Ingres, que representa uma cena do livro Orlando Furioso, de Ludovico Ariosto, poeta italiano dos princípios do séc. XVI. Este livro, por sua vez, foi inspirado num outro, chamado La Chanson de Roland, publicado pela primeira vez no séc. XI e de autor anónimo. La Chanson de Roland gozou de uma enorme popularidade durante a Idade Média e inspirou inúmeros trovadores, poetas e artistas europeus, entre os quais Ariosto. Por sua vez, o poema Orlando Furioso de Ariosto inspirou outros poetas e artistas, entre os quais se conta Ingres, num processo em cadeia.

A gesta de Roland/Orlando gira em volta da guerra entre cristãos e sarracenos no tempo de Carlos Magno. Eu nunca li La Chanson de Roland, nem Orlando Furioso, nem Orlando Enamorado de Boiardo, mas talvez devesse, por causa da importância que estas obras tiveram para a cultura europeia. Nestas condições, confesso a minha ignorância sobre estas obras literárias e valho-me do pouco que pesquisei na internet.

Angélica é uma princesa, filha do rei de Catai, isto é, da China, que surge na corte do imperador Carlos Magno e pela qual todos os cavaleiros se apaixonam, incluindo o cavaleiro Orlando. Angélica, porém, enamora-se e, eventualmente, casa-se com um mouro, o que deixa Orlando furioso. Angélica acaba por se achar numa situação idêntica à da grega Andrómeda, que foi salva por Perseu, ou seja, encontra-se nua e acorrentada a uma rocha à beira-mar, para ser devorada por um monstro marinho. É salva por Rogério, que mata o monstro.

Rogério é um cavaleiro mouro nascido no Norte de África, filho de uma moura e de um cavaleiro cristão, e que desembarca na Europa integrado no exército sarraceno. Depois de muitas e confusas peripécias, a Rogério é oferecido um hipogrifo, que é um animal imaginário, híbrido de cavalo e de grifo. É montando no seu hipogrifo que Rogério salva Angélica do monstro.

Comentários: 3

Blogger Rogério G.V. Pereira escreveu...

Não me sabia protagonista
de tão corajoso ato...

É bela, a obra

10 dezembro, 2022 19:25  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Pois é, Rogério, deves estar com amnésia... :-)

A obra é claramente uma fantasia romântica, em que um bravo cavaleiro salva uma dama indefesa numa cena cheia de dramatismo. Os românticos também tinham um gosto particular pelo fantástico e pelo exótico, e este quadro é um excelente exemplo disto mesmo.

Eu gosto muito das lendas medievais, como esta, onde nunca faltam os amores entre cristãos e mouras, ou entre mouros e cristãs, e onde os bons não estão todos de um lado e os maus do outro. Há bons e maus de ambos os lados, como na vida.

10 dezembro, 2022 21:14  
Blogger Maria João Brito de Sousa escreveu...

Confesso que, de imediato, imaginei o "nosso" Rogério montado no seu grifo e enfrentando o monstro que ameaça Angélica :)

Ingres foi o émulo de muitos outros pintores, pela beleza e graciosidade do traço.

Um abraço!

11 dezembro, 2022 15:14  

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