07 março 2015

Mulher VIII

Que avezinha posso ser eu
agora que me cortaram as asas
Que mulherzinha posso ser eu
agora que me tiraram as tranças
Que mãe grande mãe posso ser eu
agora que me levaram os filhos

Ana Paula Tavares, escritora angolana


Uma camponesa angolana (Foto: Adalberto Gourgel)

Comentários: 4

Blogger NAMIBIANO FERREIRA escreveu...

Belo, consigo ouvir como se fosse uma ladainha ou lamento tradicional.
Obrigado pela partilha.
NF

07 março, 2015 07:23  
Blogger Silenciosamente ouvindo... escreveu...

Uma triste realidade...
Gostei de conhecer o seu blogue.
Voltarei sempre que possa.
Saudações
Irene Alves

07 março, 2015 09:41  
Blogger Chama a Mamãe! escreveu...

Belo, se ão fosse triste. Mas o triste pode ser belo, quando compartilhado e sentido.

e ainda dizem que a mulher é o sexo frágil...

07 março, 2015 21:22  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Muito obrigado pelos comentários. Eu gosto muito da obra de Ana Paula Tavares. Gosto mais da poesia do que da prosa.

Quanto à fotografia, publiquei-a porque ela retrata de forma dramática a condição da mulher angolana nos meios rurais. É verdade que em Angola não existem práticas extremas, como a mutilação genital feminina. Esta prática, que existe noutras partes de África, é totalmente alheia às tradições bantus predominantes em Angola. Mesmo assim, a sociedade rural em Angola é bastante machista, mais no norte do que no sul, segundo me parece.

No sul de Angola predominam povos agro-pastoris, que praticam uma divisão de tarefas em função dos sexos. Enquanto os homens tratam do gado, percorrendo montes e vales com os seus bois, as mulheres estão mais viradas para a agricultura. No norte de Angola quase não se faz criação de gado, por causa da tripanossomíase (vulgo "doença do sono"), e por isso a economia rural do norte angolano assenta quase só na agricultura, que incumbe quase unicamente às mulheres. São umas autênticas heroínas.

08 março, 2015 00:15  

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