Um dia de terror
«A morte corria atrás de mim nessa tarde calorosa e eu fugia caminhando sobre os telhados da baixa de Luanda.» Assim começa uma crónica escrita por Sebastião Coelho (na foto à esquerda), em que o já falecido jornalista e homem de rádio angolano conta como conseguiu escapar por um triz a uma tentativa de assassinato por parte de um grupo de taxistas (brancos) em Luanda, no dia 11 de Julho de 1974. A crónica esteve publicada na Web, numa página agora inexistente da Ebonet, que era uma empresa provedora de Internet em Angola. A Ebonet deixou de existir, por se ter fundido com outras provedoras para dar origem à actual Nexus. O texto integral da crónica de Sebastião Coelho é o seguinte:
A morte corria atrás de mim nessa tarde calorosa e eu fugia caminhando sobre os telhados da baixa de Luanda.
Era um perigoso jogo de escondidas. De vez em quando espreitava e via como me espreitavam, de arma aperrada, franco-atiradores subidos às torres da Sé Catedral e às varandas dos edifícios da Sotecma e do Totobola. Agachado e assustado, eu corria de um lado para o outro, resvalando nas telhas e nos tijolos carcomidos dos pátios velhos, movendo-me sobre os edifícios antigos da rua dos Mercadores. Era uma fuga solitária e sem destino até que notei os sinais que me faziam desde o janelão das águas furtadas do prédio da Minerva.
Não seria fácil chegar até ali, tão alto, mas aquela era a única salvação possível. Pouco antes do meio dia, a Travessa da Sé, a Calçada dos Enforcados e o Largo do Pelourinho, todo os espaços à volta dos Estúdios Norte eram um fervilhar de gente agitada e preocupada, perguntando: - “o que é que se passa”, -“o que é que se passa”...
O assunto começou cerca das onze horas da manhã, quando ouvi um burburinho infernal, na rua. Aproximei-me da janela do meu gabinete, no primeiro andar e vi um mar de carros de tecto verde descendo a Calçada dos Enforcados. Eram táxis que chegavam em caravana, apitando e apitando e estacionavam em qualquer lado, a trouxe-mouxe. Os taxistas abandonavam as viaturas e vociferavam todos e ameaçavam e eu não entendia aquele tumulto e quis ir à varanda ver o que se passava. Mal tive tempo para recuar, entrar e fechar a porta.
Em segundos começaram a partir vidros, a forçar as portas e a gritar. – “Onde é que está esse cão? Onde é que está esse f...p...?”. –“Agarrem o gajo”. Vi que todos estavam armados com chaves de fenda enormes e ferros desmonta-pneus e que vinham por mim. Ouvi dois ou três tiros e sem perda de tempo corri para os fundos da casa em direcção a uma segunda varanda nas traseiras do edifício, decidido a saltar dali para o chão. Era muito alto, um primeiro andar antigo que valia por dois ou três, mas não tinha opção. Ou saltava ou me desfaziam ali mesmo. Atrás de mim vinham duas ou três pessoas. Sem olhar tomei balanço e saltei contra uma parede interior e tratei de escorregar por ela e num ápice estava no chão, no quintal de um negócio de pneus, correias e outros elementos de borracha que se guardavam em pilhas. Havia tal quantidade e estavam apilhados de tal forma que apenas deixavam uma estreita passagem desde o fundo até à porta da rua.
Dentro do negócio havia três empregados negros que mal me viram me reconheceram e se perfilaram lado a lado formando barreira. Mandaram-me atirar para o chão e deitar-me atrás deles. Nas traseiras havia um griterio ensurdecedor. Soube depois que vários dos que saltaram atrás de mim partiram as pernas. Caíam uns em cima de outros e era enorme a confusão. Dois ou três taxistas puderam saltar bem e saíram a perseguir-me. Entraram na loja e os empregados, sem falar, limitaram-se a apontar para a rua e eles passaram e correram sem ver-me. Passada a primeira leva de perseguidores, os três empregados levaram-me para trás e fizeram-me saltar uns muros, a partir dos quais iniciei a minha passeata pelos telhados da baixa.
Nos Estúdios Norte era a loucura desencadeada. O pessoal estava atónito. Os taxistas portugueses, enfurecidos, partiam tudo. O meu gabinete ficou arrasado. Não sobrou nada. Depois chegou a polícia mas só olhou. O alto-comissário Silvério Marques não disse palavra e houve gente armada que subiu a lugares altos para me caçarem. Tratava de escapar-me quando vi que me faziam sinais lá em cima, numa janela.
Para chegar a esse lugar devia passar outra vez pela parte de trás dos Estúdios. Era o único caminho e por sorte eu conhecia bem o lugar. Arriscando tudo por tudo, trepei pelas apodrecidas escadas de madeira que me apontavam e fui subindo, subindo, degrau a degrau, as escadas rangendo, empinadas e mal seguras por uma corda de sisal que também rangia. Por fim, quatro, cinco, seis mãos tomaram-me dos braços e puxaram-me. Roçando barriga e joelhos no parapeito da janela fui chupado para um casarão escuro e com cheiro a mofo. Sem demora, as mesmas mãos que me ajudaram a subir, acomodaram a rede de galinheiro que protegia o ventanal e cozendo-a com arame, apagaram os vestígios da minha passagem por ali.
Só depois desta medida de precaução me fizeram sentar sobre uma rima de impressos velhos e me deram um copo de água e me tranquilizaram. Eram os tipógrafos da Minerva que, vizinhos solidários, me protegiam. Já meio refeito do susto e das canseiras pelos telhados, permaneci ali várias horas, com eles, metido entre prateleiras desengonçadas e polvorentas. E foi assim até ao anoitecer, ouvindo o que me narravam da minha própria aventura e conversando e tomando café.
Contaram-me que na rua investigavam sobre o meu paradeiro. Uns diziam que eu não estava no lugar, outros juravam que me tinham visto. Entretanto chegavam amigos meus e ouvintes e gente preocupada. A notícia correra, célere, pela cidade: “os taxistas atacaram os Estúdios Norte para matarem o Sebastião Coelho”. Entretanto, trouxeram-me uma bacia com água, sabão, uma tesoura e gilette para cortar a barba. Escanhoado, nem eu me reconhecia. Muito menos me havia de reconhecer quem nunca me havia visto de cara rapada. Usava barba há muitos anos.
Só mais tarde, já ao anoitecer, as gentes da Minerva me trouxeram o avental e um gorro de padeiro, roupas que vesti e me deixavam com figura de palhaço. Ainda por cima enfarinharam-me a cara e só depois saí da padaria da Rua dos Mercadores com um saco de pão às costas para meter-me na furgonete onde já me esperava o Viana da CDA. Mal subi, arrancamos para o musseque Prenda. A essa hora, ao que contou o Zé Viana, a zona dos Estúdios Norte já estava tranquila e despejada de gente.
Em casa amiga do Prenda esperavam-me um banho e um jantar apetitoso, mas nem pude reconfortar-me. Apenas tive tempo para chamar por telefone a minha amiga Madalena para que corresse a alertar os meus amigos Mendes de Carvalho, Kinjinji e Carlos Madaleno. Dizer-lhes que estava vivo e que eles deviam estar alerta, porque era previsível que nessa mesma noite os taxistas atacassem os musseques. Essa era a minha grande preocupação agora. Estavam enraivecidos e estavam armados e decididos a um massacre.
Quando cortei a ligação já passavam a buscar-me o Orestes Pereira da Silva e o César Camacho para me levarem ao aeroporto. Havia ali gente à minha procura e até dentro do próprio avião me buscavam. Olhavam para mim mas não me reconheceram. Chegava ao fim o dia 11 de Julho de 1974, um dia de terror. Nessa noite os musseques de Luanda foram atacados por uma horda de assassinos. Na tarde seguinte, em Lisboa, seria recebido em São Bento pelo coronel Melo Antunes e outros membros da Junta de Salvação Nacional a quem pedi que tirassem de Angola o general Silvino Silverio Marques, mais conhecido pelo “SS”.
A morte corria atrás de mim nessa tarde calorosa e eu fugia caminhando sobre os telhados da baixa de Luanda.
Era um perigoso jogo de escondidas. De vez em quando espreitava e via como me espreitavam, de arma aperrada, franco-atiradores subidos às torres da Sé Catedral e às varandas dos edifícios da Sotecma e do Totobola. Agachado e assustado, eu corria de um lado para o outro, resvalando nas telhas e nos tijolos carcomidos dos pátios velhos, movendo-me sobre os edifícios antigos da rua dos Mercadores. Era uma fuga solitária e sem destino até que notei os sinais que me faziam desde o janelão das águas furtadas do prédio da Minerva.
Não seria fácil chegar até ali, tão alto, mas aquela era a única salvação possível. Pouco antes do meio dia, a Travessa da Sé, a Calçada dos Enforcados e o Largo do Pelourinho, todo os espaços à volta dos Estúdios Norte eram um fervilhar de gente agitada e preocupada, perguntando: - “o que é que se passa”, -“o que é que se passa”...
O assunto começou cerca das onze horas da manhã, quando ouvi um burburinho infernal, na rua. Aproximei-me da janela do meu gabinete, no primeiro andar e vi um mar de carros de tecto verde descendo a Calçada dos Enforcados. Eram táxis que chegavam em caravana, apitando e apitando e estacionavam em qualquer lado, a trouxe-mouxe. Os taxistas abandonavam as viaturas e vociferavam todos e ameaçavam e eu não entendia aquele tumulto e quis ir à varanda ver o que se passava. Mal tive tempo para recuar, entrar e fechar a porta.
Em segundos começaram a partir vidros, a forçar as portas e a gritar. – “Onde é que está esse cão? Onde é que está esse f...p...?”. –“Agarrem o gajo”. Vi que todos estavam armados com chaves de fenda enormes e ferros desmonta-pneus e que vinham por mim. Ouvi dois ou três tiros e sem perda de tempo corri para os fundos da casa em direcção a uma segunda varanda nas traseiras do edifício, decidido a saltar dali para o chão. Era muito alto, um primeiro andar antigo que valia por dois ou três, mas não tinha opção. Ou saltava ou me desfaziam ali mesmo. Atrás de mim vinham duas ou três pessoas. Sem olhar tomei balanço e saltei contra uma parede interior e tratei de escorregar por ela e num ápice estava no chão, no quintal de um negócio de pneus, correias e outros elementos de borracha que se guardavam em pilhas. Havia tal quantidade e estavam apilhados de tal forma que apenas deixavam uma estreita passagem desde o fundo até à porta da rua.
Dentro do negócio havia três empregados negros que mal me viram me reconheceram e se perfilaram lado a lado formando barreira. Mandaram-me atirar para o chão e deitar-me atrás deles. Nas traseiras havia um griterio ensurdecedor. Soube depois que vários dos que saltaram atrás de mim partiram as pernas. Caíam uns em cima de outros e era enorme a confusão. Dois ou três taxistas puderam saltar bem e saíram a perseguir-me. Entraram na loja e os empregados, sem falar, limitaram-se a apontar para a rua e eles passaram e correram sem ver-me. Passada a primeira leva de perseguidores, os três empregados levaram-me para trás e fizeram-me saltar uns muros, a partir dos quais iniciei a minha passeata pelos telhados da baixa.
Nos Estúdios Norte era a loucura desencadeada. O pessoal estava atónito. Os taxistas portugueses, enfurecidos, partiam tudo. O meu gabinete ficou arrasado. Não sobrou nada. Depois chegou a polícia mas só olhou. O alto-comissário Silvério Marques não disse palavra e houve gente armada que subiu a lugares altos para me caçarem. Tratava de escapar-me quando vi que me faziam sinais lá em cima, numa janela.
Para chegar a esse lugar devia passar outra vez pela parte de trás dos Estúdios. Era o único caminho e por sorte eu conhecia bem o lugar. Arriscando tudo por tudo, trepei pelas apodrecidas escadas de madeira que me apontavam e fui subindo, subindo, degrau a degrau, as escadas rangendo, empinadas e mal seguras por uma corda de sisal que também rangia. Por fim, quatro, cinco, seis mãos tomaram-me dos braços e puxaram-me. Roçando barriga e joelhos no parapeito da janela fui chupado para um casarão escuro e com cheiro a mofo. Sem demora, as mesmas mãos que me ajudaram a subir, acomodaram a rede de galinheiro que protegia o ventanal e cozendo-a com arame, apagaram os vestígios da minha passagem por ali.
Só depois desta medida de precaução me fizeram sentar sobre uma rima de impressos velhos e me deram um copo de água e me tranquilizaram. Eram os tipógrafos da Minerva que, vizinhos solidários, me protegiam. Já meio refeito do susto e das canseiras pelos telhados, permaneci ali várias horas, com eles, metido entre prateleiras desengonçadas e polvorentas. E foi assim até ao anoitecer, ouvindo o que me narravam da minha própria aventura e conversando e tomando café.
Contaram-me que na rua investigavam sobre o meu paradeiro. Uns diziam que eu não estava no lugar, outros juravam que me tinham visto. Entretanto chegavam amigos meus e ouvintes e gente preocupada. A notícia correra, célere, pela cidade: “os taxistas atacaram os Estúdios Norte para matarem o Sebastião Coelho”. Entretanto, trouxeram-me uma bacia com água, sabão, uma tesoura e gilette para cortar a barba. Escanhoado, nem eu me reconhecia. Muito menos me havia de reconhecer quem nunca me havia visto de cara rapada. Usava barba há muitos anos.
Só mais tarde, já ao anoitecer, as gentes da Minerva me trouxeram o avental e um gorro de padeiro, roupas que vesti e me deixavam com figura de palhaço. Ainda por cima enfarinharam-me a cara e só depois saí da padaria da Rua dos Mercadores com um saco de pão às costas para meter-me na furgonete onde já me esperava o Viana da CDA. Mal subi, arrancamos para o musseque Prenda. A essa hora, ao que contou o Zé Viana, a zona dos Estúdios Norte já estava tranquila e despejada de gente.
Em casa amiga do Prenda esperavam-me um banho e um jantar apetitoso, mas nem pude reconfortar-me. Apenas tive tempo para chamar por telefone a minha amiga Madalena para que corresse a alertar os meus amigos Mendes de Carvalho, Kinjinji e Carlos Madaleno. Dizer-lhes que estava vivo e que eles deviam estar alerta, porque era previsível que nessa mesma noite os taxistas atacassem os musseques. Essa era a minha grande preocupação agora. Estavam enraivecidos e estavam armados e decididos a um massacre.
Quando cortei a ligação já passavam a buscar-me o Orestes Pereira da Silva e o César Camacho para me levarem ao aeroporto. Havia ali gente à minha procura e até dentro do próprio avião me buscavam. Olhavam para mim mas não me reconheceram. Chegava ao fim o dia 11 de Julho de 1974, um dia de terror. Nessa noite os musseques de Luanda foram atacados por uma horda de assassinos. Na tarde seguinte, em Lisboa, seria recebido em São Bento pelo coronel Melo Antunes e outros membros da Junta de Salvação Nacional a quem pedi que tirassem de Angola o general Silvino Silverio Marques, mais conhecido pelo “SS”.
Sebastião Coelho
Como escrevi acima, esta crónica já não está disponível na Web no sítio da desaparecida Ebonet. Mas foi-me possível recuperá-la recorrendo ao Internet Archive, um arquivo criado há relativamente pouco tempo nos Estados Unidos com o fim de guardar inúmeras páginas da Web para memória futura. Esta crónica está no arquivo, como estão as crónicas que explicam os antecedentes da tentativa de assassinato e contam o que se passou a seguir. Esta crónica está aqui e as restantes crónicas desta série estão aqui, aqui e aqui.
Sé Catedral de Luanda, Angola (Foto: Sanzalangola)
Comentários: 9
Homenagem mais do que merecida ao Kota Sebastiao Coelho!
Talvez valha a pena acrescentar aos links o das "Mukandas do Kota Kandimba", que tem ai no seu blog roll e pelo menos mais duas, onde se pode ler uma comovente carta por ele dirigida a Comunidade Virtual de Cabinda (aqui) e ver algumas fotografias dele em Luanda, pouco antes do seu falecimento, publicadas pela Comunidade Virtual de Saurimo (aqui).
as histórias dos meus pais em Luanda, comparadas com estas, ficam muito a desejar... òptimo relato... daqueles para filmes... o triste é que não é ficção...
Koluki, conheci vários amigos de Sebastião Coelho e todos eles, sem excepção, me enalteceram a sua integridade, verticalidade e coerência. Nutriam por ele a maior admiração.
Inominável, se aquilo que me contaram sobre Sebastião Coelho for verdade, então a vida dele daria, não um, mas vários filmes.
Estive pessoalmente com ele uma vez. Aconteceu por puro acaso em 1991 ou 1992, se não me engano, em casa de um amigo comum. Sebastião Coelho tinha chegado de Buenos Aires nesse mesmo dia e contava ao amigo as suas atribulações.
Em circunstâncias de que já não me recordo, ele viu-se na contingência de fugir outra vez de Angola só com a roupa que trazia no corpo, tendo embarcado no primeiro avião que conseguiu apanhar no aeroporto de Luanda. Dessa vez, foi parar a Buenos Aires.
Chegou à Argentina completamente indocumentado. Não trazia consigo nem bihete de identidade, nem carta de condução, nem nada que o pudesse identificar. Dadas as circunstâncias em que tinha saído de Angola, as autoridades argentinas deixaram-no ficar no país, mas atribuíram-lhe residência fixa e obrigaram-no a apresentar-se regularmente na esquadra de polícia mais próxima. Sebastião Coelho ficou na Argentina, portanto, na situação de apátrida. Oficialmente, ele não existia!
Os contactos que ele fez com os meios diplomáticos que representavam os interesses de Angola na Argentina resultaram completamente infrutíferos. O mesmo aconteceu em relação aos contactos feitos com a embaixada portuguesa. Telefonou repetidas vezes para Angola, pedindo para lhe enviarem um qualquer documento que comprovasse que ele existia e que tinha a nacionalidade angolana ou portuguesa. Sem resultado. A própria conservatória do registo civil no Huambo, onde estava o seu registo de nascimento, tinha ardido com todo o seu recheio!
Assim esteve Sebastião Coelho na Argentina durante bastantes anos: sem documentos, sem a possibilidade de sair de Buenos Aires, sem quaisquer direitos, sem a possibilidade de recorrer aos serviços consulares de um qualquer país e sujeito às arbitrariedades e caprichos das autoridades policiais.
Finalmente, em 1991 ou 1992, após múltiplas insistências, conseguiu que lhe passassem um passaporte argentino provisório e com prazo muito limitado. Assim ele pôde sair do país, a fim de contactar pessoalmente alguém que possuísse um documento oficial qualquer que comprovasse que ele existia, se chamava Sebastião Coelho e tinha uma dada nacionalidade, qualquer que ela fosse. Foi nestas circunstâncias, portanto, que o conheci.
O nosso amigo comum estava consternadíssimo, pois não possuía entre a sua papelada qualqer documento oficial que se referisse a Sebastião Coelho. Deu-lhe, no entanto, as moradas de diversas pessoas que puderiam ter em seu poder um tal documento.
Parece que os esforços do cota Sebastião resultaram. Foi-lhe atribuída a nacionalidade angolana. Continuou, contudo, a residir na Argentina, onde tinha a sua vida organizada, e foi na Argentina que faleceu em 2002, salvo erro, vítima de cancro.
Um relato impressionante. Uma grande história. Ainda bem que foi possível recuperar este documento. É uma história da História.
Carlos Narciso, concerteza conhece um filho de Sebastião Coelho, pelo menos de vista. Tanto quanto sei, ele trabalha na RTP, embora quase nunca apareça à frente das câmaras, e usa o mesmo nome que o pai: Sebastião Coelho. Quando a RTP África foi criada, ele era uma presença muito assídua nos ecrãs, com o seu cabelo loiríssimo e os seus olhos muito azuis. Creio que também já trabalhou na RDP África.
Gracias por publicar estas crónicas!
De nada, prezada Isabel G. de Coelho. É familiar de Sebastião Coelho?
Estas crónicas são testemunhos de alguém que viveu por dentro acontecimentos muito importantes, que antecederam a independência de Angola. São documentos com um grande valor histórico.
Por respeito à memória de Sebastião Coelho, que conheci muito bem em Luanda, abstenho-me de comentar. Há verdades... e verdades.
Pois é pena, caro/a "Unknown", que não queira dar a conhecer as verdades que sabe. De qualquer maneira, agradeço o seu comentário.
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