28 setembro 2020

Mar da Minha Terra — Almada Atlântica


Mar da Minha Terra — Almada Atlântica, um documentário de Luís Quinta sobre a diversidade da fauna marinha existente ao largo da costa entre a foz do Rio Tejo e o Cabo Espichel. Duração: 46 minutos

23 setembro 2020

Prelúdio do 1.º Ato de Lohengrin, de Wagner


Prelúdio do 1.º Ato da ópera Lohengrin, de Richard Wagner (1813–1883), por uma orquestra não identificada dirigida pelo maestro inglês Simon Rattle

15 setembro 2020

O fim do verão no Parque da Cidade, Porto




09 setembro 2020

O aprendiz do mago


(Foto de autor desconhecido)


Um homem de grandes artes tinha na sua companhia um sobrinho, que lhe guardava a casa quando ele saía. De uma vez deu-lhe duas chaves, e disse:

— Estas chaves são daquelas duas portas; não mas abras por cousa nenhuma do mundo, senão morres.

O rapaz assim que se viu só, não se lembrou mais da ameaça e abriu uma das portas. Apenas viu um campo escuro e um lobo que vinha correndo para arremeter com ele. Fechou a porta a toda a pressa, passado de medo. Daí a pouco chegou o Mago:

— Desgraçado! Para que me abriste aquela porta, tendo-te avisado que perderias a vida?

O rapaz tais choros fez que o Mago lhe perdoou. De outra vez saiu o tio, e fez-lhe a mesma recomendação. Não ia muito longe, quando o sobrinho deu volta à chave da outra porta, e apenas viu uma campina com um cavalo branco a pastar. Nisto lembrou-se da ameaça do tio, e já o sentiu subir pela escada, e começou a gritar.

— Ai que agora é que estou perdido!

O cavalo branco falou-lhe:

— Apanha desse chão um ramo, uma pedra e um punhado de areia, e monta já quanto antes em mim.

Palavras não eram ditas, o Mago abria a porta da casa; o rapaz salta para cima do cavalo branco e grita:

— Foge, que aí chega meu tio para me matar.

O cavalo branco correu pelos ares fora, mas ia já muito longe, e o rapaz torna a gritar:

— Corre, que meu tio já me apanha para me matar.

O cavalo branco correu mais, e quando o Mago estava quase a apanhá-los, disse para o rapaz:

— Deita fora o ramo.

Fez-se logo ali uma floresta muito fechada, e enquanto o Mago abria caminho por ela, puseram-se muito longe. Mas o rapaz tornou outra vez a gritar:

— Corre, que já aí está meu tio que me vai matar.

Disse o cavalo branco:

— Bota fora a pedra.

Logo ali se levantou uma grande serra cheia de penedias, que o Mago teve de subir, enquanto eles avançavam caminho. Mais adiante grita mais o rapaz:

— Corre, que meu tio agarra-nos.

— Pois atira ao vento o punhado de areia, disse-lhe o cavalo branco.

Apareceu logo ali um mar sem fim, que o Mago não pôde atravessar. Foram dar a uma terra onde se estavam fazendo muitos prantos. O cavalo branco ali largou o rapaz, e disse-lhe que quando se visse em grandes trabalhos que chamasse por ele, mas que nunca dissesse como viera ter ali. O rapaz foi andando e perguntou porque eram aqueles grandes prantos.

— É porque a filha do rei foi roubada por um gigante, que vive em uma ilha onde ninguém pode chegar.

— Pois eu era capaz de ir lá.

Foram dizê-lo ao rei, e o rei obrigou-o com pena de morte a cumprir o que dissera. O rapaz valeu-se do cavalo branco, e conseguiu ir à ilha e trazer de lá a princesa, porque apanhou o gigante dormindo.

A princesa assim que chegou ao palácio não parava de chorar. Perguntou-lhe o rei:

— Porque choras tanto, minha filha?

— Choro, porque perdi o meu anel que me tinha dado a fada minha madrinha, e enquanto o não tornar a achar, estou sujeita a ser roubada outra vez ou ficar para sempre encantada.

O rei mandou lançar um pregão em como dava a mão da princesa a quem achasse o anel que ela tinha perdido. O rapaz chamou o cavalo branco, que lhe trouxe do fundo do mar o anel, e o rei não lhe queria já dar a mão da princesa. Mas ela é que disse que casaria com ele para que se dissesse sempre — que palavra de rei não torna atrás.


Conto popular recolhido em Eixo, Aveiro. Contos Tradicionais do Povo Português, por Teófilo Braga (1843-1924)

05 setembro 2020

Seios com flores vermelhas


Les Seins aux fleurs rouges, Deux Tahitiennes ou Femmes aux mangos, óleo sobre tela pintado no Taiti por Paul Gauguin (1848–1903), Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque, Estados Unidos da América

O pintor francês Paul Gauguin foi um dos mais destacados pintores europeus dos finais do séc. XIX e início do séc. XX. Rompeu com o Impressionismo e procurou uma nova forma de expressão estética, à semelhança do que fizeram muitos outros contemporâneos seus, os quais seguiram o seu próprio caminho e abriram os horizontes para a arte do séc. XX. Paul Gauguin foi um viajante incansável, que procurava encontrar uma terra pura, genuína e intocada pela chamada civilização. Acabou por ir parar à Polinésia, onde viveu os seus últimos anos e onde pintou alguns dos seus mais significativos quadros. Neles, Gauguin não procurou reproduzir o exótico, mas sim o que de mais autêntico existia na alma humana sem artificialismos. Veio a falecer num dos arquipélagos mais remotos do Pacífico, as Ilhas Marquesas.