Algumas superstições populares portuguesas
Quando uma visita se demora muito, contrariando os donos da casa, deve pôr-se um banco de pernas para o ar detrás de uma porta, porque logo ela sai.
As pessoas que dormem muito, para perderem este hábito, devem abraçar um burro logo que acabar de nascer.
Quando um bode espirra, é sinal de bom tempo.
É mau virar o vestido de cima para baixo, porque se vira a fortuna.
Não é bom deixar um pedaço de pão cortado com os dentes. Uma pessoa que queira fazer mal a quem fez isto, pode apanhar aquele pão, crivá-lo de alfinetes e dá-lo depois a comer a um sapo. O sapo fica padecendo, e enquanto não morre padece a pessoa também, morrendo por fim ambos.
Quando as vacas berram, é sinal de casamento.
Quando se ouve uivar um cão, devem tirar-se os sapatos, virá-los de sola para cima e põem-se os pés em cima deles, dizendo três vezes: Maria dá pão ao cão. Apenas se fizer isto, logo o cão se calará, cessando o agoiro.
Não se devem matar baratas (insecto), porque são sinal de dinheiro na casa onde aparecerem.
A mulher que amamentar uma criança, não deve fazê-lo, ao levantar da hóstia e do cálice, porque a criança fica com gota.
Quando a orelha esquerda está muito vermelha, é sinal que estão a dizer mal da gente. Para se evitar que continuem, é bom trincar a camisa três vezes no peito. Assim como se trinca a camisa, assim quem diz mal trinca a língua.
É mau contar as estrelas. Quantas estrelas se contam, tantos são os cravos que nascem nas mãos.
Não é bom rir à sexta-feira, porque a pessoa, que o faz, chora ao domingo.
Quando uma pessoa morre, é bom queimar-lhe a cama, para não voltar a este mundo.
É bom vestir a roupa do avesso, porque livra de mordedura de cão danado.
Quando faz trovoada, é bom deitar alecrim no lume, para afugentar o raio.
Quem corta as unhas ao sábado, vê o seu amor ou pessoa que estima ao domingo.
Quando uma mulher dá de mamar a uma criança, não deve beber coisa alguma, quando a tiver ao peito, senão fica com ataques epilépticos.
Quando se varrem os pés a uma pessoa solteira, não casa.
Quando há dificuldade de extrair as secundinas a uma parturiente, deve pôr-se-lhe um chapéu velho na cabeça, e mandá-la assoprar numa garrafa.
Quando uma mulher grávida deseja alguma coisa que não pode comer, a criança nasce com a boca aberta.
Dente de cão ao pescoço livra de dores de dentes.
in Contribuições para uma Mitologia Popular Portuguesa e Outros Escritos Etnográficos, de Consiglieri Pedroso, Publicações Dom Quixote, Lisboa
Comentários: 4
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LOL . Adorei, mas a melhor para mim, é esta: "Quando há dificuldade de extrair as secundinas a uma parturiente, deve pôr-se-lhe um chapéu velho na cabeça, e mandá-la assoprar numa garrafa."
Quem rapa o tacho, nao casa. Olha, nao acreditem, fartei-me de rapara e casei e esta versao: Quando uma mulher dá de mamar a uma criança, não deve beber coisa alguma, quando a tiver ao peito, senão fica com ataques epilépticos, conheco assim: o leite seca.
Eu gosto destas coisas populares há bué de poesia nelas.
Namibiano Ferreira
Algumas destas superstições já eram minhas conhecidas. Por exemplo:
- "Quando uma visita se demora muito, contrariando os donos da casa, deve pôr-se um banco de pernas para o ar detrás de uma porta, porque logo ela sai";
- "Não se devem matar baratas (insecto), porque são sinal de dinheiro na casa onde aparecerem" (também se diz que as aranhas são sinal de dinheiro);
- "É mau contar as estrelas. Quantas estrelas se contam, tantos são os cravos que nascem nas mãos" (esta era muito comum quando eu era criança);
- "Quando faz trovoada, é bom deitar alecrim no lume, para afugentar o raio";
- "Quando se varrem os pés a uma pessoa solteira, não casa" (esta também era muito comum quando eu era criança).
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