22 janeiro 2006

Isto é que faz subir a adrenalina!


Vi há poucas horas, no canal de televisão "2:", um programa intitulado "Tornar-se homem na Melanésia", incluído na série "Mundos".

Nesse programa mostraram-se as provas que dois jovens de duas ilhas distintas do Pacífico tinham que ultrapassar: um, da ilha de Kontu, tinha de caçar um tubarão apenas com um laço, enquanto que o outro, da ilha de Pentecostes, tinha de saltar de uma torre com umas lianas atadas aos tornozelos.

Esta segunda prova é a antepassada do bungee-jumping. Como é sabido, o bungee-jumping é um desporto radical que consiste em saltar de um ponto alto, como por exemplo de uma ponte situada a grande altura, com uns elásticos presos aos tornozelos. A pessoa que saltar acaba por ficar suspensa pelos pés, balançando para cima e para baixo sobre o abismo, presa pelos elásticos.

A ilha de Pentecostes fica no arquipélago de Vanuatu (chamado Novas Hébridas no tempo da colonização), que é agora um estado independente do Pacífico Sul. Naquela ilha, os rapazes que habitam a sua parte sul entregam-se anualmente ao estranho rito do salto, a que chamam nagol, para passarem ser considerados adultos.

Em torno de uma árvore alta e situada num terreno inclinado, eles constroem, com toros de madeira e lianas, uma espécie de torre com 25 a 30 metros de altura. Revolvem também o chão junto a esta torre, de forma a que ele fique macio.

Chegado o dia da cerimónia, os jovens que irão tornar-se adultos sobem à torre, amarram aos seus tornozelos umas lianas presas ao cimo da torre e saltam de lá de cima. Não ficam suspensos acima do solo, como acontece nos saltos com elásticos. Eles aterram mesmo no chão, de cabeça! As lianas que os prendem têm o comprimento exacto para que fiquem esticadas no momento da aterragem e amortecem a queda, juntamente com a maciez do solo revolvido. Salvo muito raras excepções, eles conseguem sobreviver ao salto sem sofrerem qualquer lesão.

Conta-se que esta espantosa cerimónia teve a sua origem numa mulher que era agredida frequentemente pelo seu marido. Num dia em que as agressões foram mais violentas, ela refugiou-se no cimo de uma árvore e recusou-se a sair de lá. O marido, não conseguindo convencê-la a descer, resolveu ir buscá-la. Quando ele chegou lá acima, a mulher saltou da árvore, com umas lianas presas aos tornozelos. O marido saltou atrás dela mas, como não tinha lianas nenhumas, morreu. Ela sobreviveu e o seu feito passou a ser repetido todos os anos pelos jovens.

Algumas fotografias da República de Vanuatu, em geral, e do nagol, em particular, podem ser vistas aqui e aqui.

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