A Campa do Preto
Existiu na freguesia de Guilhabreu um rico e poderoso fidalgo.
Um dia, o fidalgo tentou abusar de uma menina que, para escapar às suas investidas, se refugiou numa seara de trigo. O fidalgo, vendo gorados os seus intentos, ordenou que se deitasse fogo ao trigo e que todos os seus homens se colocassem nas saídas, para que a menina não escapasse e morresse no incêndio.
Consumado o fogo, verificou o fidalgo que a menina tinha escapado, graças à ajuda de um escravo negro. O fidalgo ordenou então que o escravo fosse amarrado pelo pescoço à cauda de um cavalo, que chicoteou de imediato. O cavalo partiu a galope, arrastando atrás de si o desgraçado do escravo, que morreu despedaçado pelo caminho. No local em que o cavalo por fim parou, já na freguesia de Gemunde, os restos mortais do negro foram sepultados numa campa de pedra.
A campa lá está, em Gemunde, no concelho da Maia, a poucos quilómetros do Porto, mais concretamente junto à Avenida Frederico Ulrich, que é uma artéria muito comprida que vai do cruzamento das Guardeiras até ao Castêlo da Maia.
A campa do escravo é designada Campa do Preto, porque ninguém sabe ao certo que nome é que ele tinha. Ele não era mais do que um escravo anónimo, um dos homens mais desgraçados que já existiram.
O povo considera-o santo, mas a Igreja não, pois não o canonizou nem sequer o beatificou. Por isso, não existe capela nem igreja a ele dedicado, nem sequer um altar ao ar livre. O centro do culto ao Santo Preto é mesmo a sua sepultura.
Todos os anos, no primeiro domingo de Junho, se realizam festejos em sua honra, que são exclusivamente populares, sem a presença institucional da Igreja. Não há missa, não há procissão, não há sequer a presença do pároco de Gemunde, a não ser como simples cidadão. Mas há o pedido de milagres ao santo e há o cumprimento de promessas por parte do povo anónimo. De resto, os festejos da Campa do Preto têm todos os ingredientes das festas populares portuguesas: fogo de artifício, bandas de música, ruas engalanadas, roulottes de farturas, barracas de CDs e DVDs piratas, vendedeiras de doce da Teixeira, etc.
Um dia, o fidalgo tentou abusar de uma menina que, para escapar às suas investidas, se refugiou numa seara de trigo. O fidalgo, vendo gorados os seus intentos, ordenou que se deitasse fogo ao trigo e que todos os seus homens se colocassem nas saídas, para que a menina não escapasse e morresse no incêndio.
Consumado o fogo, verificou o fidalgo que a menina tinha escapado, graças à ajuda de um escravo negro. O fidalgo ordenou então que o escravo fosse amarrado pelo pescoço à cauda de um cavalo, que chicoteou de imediato. O cavalo partiu a galope, arrastando atrás de si o desgraçado do escravo, que morreu despedaçado pelo caminho. No local em que o cavalo por fim parou, já na freguesia de Gemunde, os restos mortais do negro foram sepultados numa campa de pedra.
A campa lá está, em Gemunde, no concelho da Maia, a poucos quilómetros do Porto, mais concretamente junto à Avenida Frederico Ulrich, que é uma artéria muito comprida que vai do cruzamento das Guardeiras até ao Castêlo da Maia.
A campa do escravo é designada Campa do Preto, porque ninguém sabe ao certo que nome é que ele tinha. Ele não era mais do que um escravo anónimo, um dos homens mais desgraçados que já existiram.
O povo considera-o santo, mas a Igreja não, pois não o canonizou nem sequer o beatificou. Por isso, não existe capela nem igreja a ele dedicado, nem sequer um altar ao ar livre. O centro do culto ao Santo Preto é mesmo a sua sepultura.
Todos os anos, no primeiro domingo de Junho, se realizam festejos em sua honra, que são exclusivamente populares, sem a presença institucional da Igreja. Não há missa, não há procissão, não há sequer a presença do pároco de Gemunde, a não ser como simples cidadão. Mas há o pedido de milagres ao santo e há o cumprimento de promessas por parte do povo anónimo. De resto, os festejos da Campa do Preto têm todos os ingredientes das festas populares portuguesas: fogo de artifício, bandas de música, ruas engalanadas, roulottes de farturas, barracas de CDs e DVDs piratas, vendedeiras de doce da Teixeira, etc.
Campa do Preto (Fotos: EB1 da Seara)
Comentários: 9
conta muito bem (a história que conta)
Ontem, dia da festa, fui lá ao fim do dia, já passava das 19 horas.
Quando cheguei, a Banda de Música de Moreira da Maia ainda estava a tocar, mas a maior parte das pessoas já estava a vir embora. Os carrocéis já quase não tinham "passageiros" e os ciganos arrumavam as suas mercadorias. No entanto, ultimavam-se os preparativos para o lançamento de fogo preso para essa noite.
A Campa do Preto propriamente dita estava toda engalanada (tal como as ruas vizinhas) e completamente coberta de flores, que o gradeamento segurava. Junto à campa, duas mulheres rezavam, alheias à música da banda. Como que a dissipar alguma dúvida que pudesse haver sobre o preto que era homenageado pelas festas, sobre a cruz que está à cabeceira do túmulo estava pousada uma estatueta que representava um africano negro de lança na mão.
Acho muito bem que estas pequenas aldeias começem a ser divulgadas tanto em blogs como em outras coisas. Eu moro na Campa do Preto, e uma aldeia muito bonita em desenvolvimento. Temos o Rancho Folclórico da Campa do Preto, A associação desportiva de ténis de mesa São Cosme Ténis de Mesa Clube ( no qual eu já joguei 8 anos)e agora tambem se estao a estruturar equipas de paintball como a Mafia da Cor team ( na qual eu jogo neste momento)bem...quanto a festa.. é uma das melhores festas que existem. Não concordo muito com o "Denudado" (deves ter vindo cá num dia em que estava a chover muito para não veres cá ninguem em dias de festa isto esta sempre cheio).
Daqui a uma semana começa a festa de este ano DIA 1, 2 e 3 de Junho espero a persença de todos pois o problema da festa é mesmo a falta de dinheiro pois á uns anos atras quando não haviam problemas financeiros isto estava sempre a pinha... agora tambem esta mas não tanto como dantes... Bem espero a vossa percença.
Caro Marco, eu não duvido de que tenha estado muita gente na festa do ano passado na Campa do Preto. Acredito plenamente que sim, que estava muita gente. Eu só lá fui ao fim do dia de domingo, era quase a hora do jantar e, por isso, as pessoas já estavam todas a voltar para casa, para jantarem e descansarem de uma festa bem passada. Eu fui mesmo ao fim da festa.
Este ano há outra vez festa e agradeço-lhe por ter lembrado a sua realização. Tentarei lá ir mais cedo do que no ano passado.
Muito interessante. Mas, já que fala nisso, conheço uma história algo semelhante na Marginal do rio Douro, em que há umas alminhas perto de uma falésia.
Dizem que o senhor daquela terra mandou um "preto" fazer uma estrutura na rocha que levasse a água do rio Douro até ao cimo da falésia, prometendo-lhe, em troca, a liberdade. O preto esforçou-se muito, conseguiu, mas o senhor não lhe deu a liberdade. Então, ele disse:
- Quem tanto trabalhou e não ganhou a liberdade, mais lhe vale morrer.
Dito isto, atirou-se do cimo da falésia ao sítio onde hoje é estrada e onde existem agora as alminhas.
O meu avô contava isto sempre que passávamos por lá, mas duvido que conhecesse alguém dessa terra.
Como é perto daí, talvez o Denudado possa ir "miscrar" como também se diz aí.
Cara Nadinha,
Desconhecia essa lenda. Muito provavelmente tem um fundo de verdade, que o povo transformou em lenda.
Quanto à palavra "miscrar"... Desconhecia completamente essa palavra. Deve ser um regionalismo mesmo muito regional, pois aqui pelo Porto não é empregue. Em Santa Maria da Feira, por exemplo, há uns quantos regionalismos que são desconhecidos aqui, a menos de 30 km de distância! Há poucos anos, uma colega minha, que é de Lobão, no concelho da Feira, empregou o verbo "drupar". Ficámos todos de boca aberta, sem sabermos o que é que ela queria dizer. Pois parece que "drupar" significa bater com os nós dos dedos (a uma porta, por exemplo). Enfim, estamos sempre a aprender...
Afinal o que significa "miscrar"? conheci um rapaz daí"Gemunde" mas nunca lhe ouvi tal palavra
O dicionário diz que "miscrar" significa "mesclar", "amalgamar", "misturar", "miscigenar", mas neste caso o significado não parece ser esse. Talvez seja "pesquisar", "inquirir" ou outro significado semelhante.
Grata pelo esclarecimento Sr. Fernando Ribeiro desconhecia tal palavra.
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