10 janeiro 2007

O Forte de São João Baptista de Ajudá (Ouidah)

Quantos escravos passaram por esta porta com destino ao Brasil? (Foto: Erik Kristensen)

Este é o Forte de São João Baptista de Ajudá, situado em Ouidah, na República do Benim, que foi erguido no séc. XVIII para servir de entreposto e de protecção militar ao tráfico português de escravos para o continente americano e Caraíbas. Esteve na posse de Portugal até depois da independência do Daomé (como a República do Benim se chamava então), tendo sido abandonado e incendiado por ordem de Salazar em 1961, ano em que o Daomé decidiu ocupá-lo. Foi recuperado das cinzas ainda na década de 60 e nos anos 80 foi objecto de novas obras de restauro, as quais foram pagas pelo Estado português foram pagas pela Fundação Calouste Gulbenkian.

O forte é agora um Museu de História daquela região de África, de onde foram tantos os escravos que dela partiram, que ela era chamada Costa dos Escravos. A página sobre o museu na Wikipedia merece uma visita, ainda que só esteja em francês. É pena que não haja uma página também em português, pois as raízes de milhões de afro-brasileiros estão naquela parte do mundo, donde os seus antepassados saíram em condições ultrajantes.

Comentários: 15

Blogger Pitigrili escreveu...

Já leu "The Viceroy of Ouidah", de Bruce Chatwin?

10 janeiro, 2007 02:46  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Não, não li, Pitigrili (seja bem-vindo!), mas já fui espreitar à Wikipedia, para ver do que é que tratava. Deve ser um livro muito interessante, se respeitar a verdade histórica daquele lugar e da sua relação com o Brasil.

11 janeiro, 2007 01:03  
Blogger ELCAlmeida escreveu...

E segundo julgo saber foi recuperado com fundos integralmente portugueses.
Cumprimentos
Eugénio Almeida

30 janeiro, 2007 23:57  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Caro Eugénio Almeida, deve ter-lhe passou despercebido o que escrevi: "nos anos 80 foi objecto de novas obras de restauro, as quais foram pagas pelo Estado português".

É evidente que Salazar não iria pagar as obras feitas na década de 60.

02 fevereiro, 2007 17:10  
Blogger coletivo 308 escreveu...

Olá,

Sou estudante de arqueologia no Brasil e ca sabemos que algumas senzalas adotaram o perfil arquitetônico deste edificação para dinamizar o controle dos cativos. Alguns históriadores dizem que esse espaço foi finaciado com o capital baiano através de um imposto cobrado para sobre os escravos que ca chegavam.
Gostaria de saber onde posso encotrar a planta baixa dessa edificação, e mais material sobre sua construção e ocupação.

com os melhores cumprimentos

09 junho, 2011 14:05  
Blogger coletivo 308 escreveu...

Esqueci de dizer meu nome, é Marcelo Garcia

09 junho, 2011 14:06  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Caro Marcelo Garcia,
Eu não sei onde pode encontrar a documentação que deseja, mas sugiro-lhe que contacte o Arquivo Histórico Ultramarino, do Instituto de Investigação Científica Tropical, sediado em Lisboa. Pode ser que haja alguém por lá que possa ajudá-lo. O Arquivo Histórico Ultramarino tem o seguinte endereço na Internet:

http://www2.iict.pt/?idc=100

O endereço da página de contactos do Instituto é o seguinte:

http://www2.iict.pt/?idc=14&idl=1

Desejo-lhe boa sorte e felicidades para a sua futura carreira.

10 junho, 2011 17:19  
Anonymous Anónimo escreveu...

A Fortaleza não foi abandonada. Foi atacada e incendiada pela República de Daomé e não por ordem de Salazar.

24 março, 2019 23:29  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Caro/a "Unknown",

Eu era criança à data dos acontecimentos e, se bem me recordo do que foi noticiado na altura (não esqueçamos de que havia censura em Portugal), o Daomé terá feito um cerco, ou algo semelhante, à fortaleza, exigindo a sua rendição. Dada a impossibilidade de resistência, por não ter tropas no local, Salazar terá ordenado ao capitão do forte que o abandonasse e lhe chegasse fogo, para que o Daomé tomasse posse apenas de ruínas. Apesar de se terem passado muitos anos, recordo-me bastante bem de ter lido no jornal e ouvido na rádio que foi Salazar quem deu essa ordem.

25 março, 2019 02:42  
Blogger Francisco Sande e Castro escreveu...

Estive o mês passado na fortaleza. Quem financiou o restauro não foi o Governo Português mas a Fundação Gulbenkian, com sede em Lisboa. Infelizmente já precisaria de novo restauro pois tem sido mal mantida e importantes documentos como mapas da época e aguarelas de um dos governadores também estão muito degradados.

05 maio, 2019 23:04  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Acredito no que diz, prezado Francisco Sande e Castro, e corrigi o texto em conformidade. Desejo-lhe boas viagens.

06 maio, 2019 03:09  
Blogger Graça escreveu...

O que o Anónimo diz é falso!!!!

Por alguma razão assina com anónimo...

Graça

20 dezembro, 2021 11:56  
Anonymous Anónimo escreveu...

A Residência de São João Baptista de Ajudá foi incendiada pelo Residente, que na verdade havia terminado há pouco a sua comissão de serviço mas que se voluntariou para regressar a solo daomenano, António Agostinho Saraiva Borges, bem como pelo Secretário, Augusto de Menezes Alves (que ali residia com a mulher, Benvinda, e sua filha menor, Maria Francisca).
Nenhum recebera instruções do governo, fosse do Presidente do Conselho, António de Oliveira Salazar, fosse do Ministro do Ultramar, Adriano Moreira. O Chefe de Estado, Américo Thomaz, também nada dissera sobre a atitude a tomar pelos representantes nacionais presentes naquele pedaço de chã lusa, nos termos da Constituição de 1933, encravada no golfão da Guiné.
Atribuir tal gesto a Oliveira Salazar, ou a outro alto dignitário nacional, apenas com o intuito de denegrir um regime ou uma figura específica, afigura-se tarefa sem idoneidade e sem qualquer rigor.
Certo é que os dois Homens presentes no terreno, sem terem recebido instruções nesse sentido, tiveram um gesto íntimo da maior nobreza e dignidade. Recordai-vos que a operação daomeana, executada por ordem do presidente Hubert Maga, tendia a um único fito: desviar as atenções internas face à deterioração das condições económicas do país, recentemente independente e já sem parte do poderosíssimo suporte financeiro de Paris, e o recente alinhamento do país a Moscovo (no âmbito da Guerra Fria que fazia com que os países africanos fossem bolas de ténis num torneio que opunha os Estados Unidos, a União Soviética e a China). Torneio em que África não jogava, salvo a África do Sul, aliada do Ocidente e, como tal, alvo a abater, e Portugal também não deveria jogar. Saraiva Borges e Menezes Alves participaram no torneio, ao contrário de Vassalo e Silva, em Nova Goa, hoje Pangim, e foram eliminados pelos censores hoje de serviço.


12 julho, 2024 13:25  
Blogger Francisco Giao Horta escreveu...

Saudações.
O "link" para o "site do museu" encaminha para um portal na Austrália (?)
Procurei, entretanto, o "site" a que provavelmente se refere. Encontrei
https://momaa.org/directory/ouidah-museum-of-history-momaa-org/
Será? Espero que esta mensagem possa ser útil.
Grato, cumprimentos.

18 agosto, 2024 18:26  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Muito obrigado, caro Francisco Giao Horta, pelo aviso. O portal australiano que refere (será mesmo australiano?) não tem rigorosamente nada a ver com o Forte de São João Baptista de Ajudá; apenas pretende levar as pessoas ao engano.

O link que eu tinha indicado apontava para a página oficial do Forte, que era da responsabilidade da própria República do Benim. Como agora nos manda para a Austrália(!), acabo de substitui-lo por uma página da Wikipedia em francês (porque não existe em português), a saber:

https://fr.wikipedia.org/wiki/Mus%C3%A9e_d%27histoire_de_Ouidah

Mais uma vez lhe agradeço e endereço-lhe os meus votos de muita saúde.

19 agosto, 2024 03:17  

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