07 fevereiro 2007

Amendoeiras floridas, gravuras rupestres e muito mais

Amendoeira florida em Vila Flor (Foto: António Amorim)

Está a chegar a época das amendoeiras floridas na Terra Quente transmontana e duriense. É, portanto, chegado o tempo de preparar um passeio até Vila Flor, Alfândega da Fé, Mogadouro, Torre de Moncorvo, Freixo de Espada-à-Cinta e Vila Nova de Foz Côa, a fim de admirar as imponentes encostas da região sumptuosamente vestidas de flores brancas.

Não pretendo desenvolver o tema das amendoeiras floridas. Elas não se descrevem, admiram-se. Não pretendo, igualmente, estabelecer um roteiro de viagem. Só quero chamar a atenção para a época em que estamos e para tudo quanto se pode encontrar por aquelas terras tão belas e habitualmente tão esquecidas: amendoeiras em flor, paisagens de sonho, monumentos de rara beleza, óptima comida, excelente bebida, hospitalidade, calor humano e muito mais.


Uma palavra quero deixar, contudo, a respeito das gravuras rupestres que existem na região, sobretudo no vale do Côa. São uma verdadeira obra-prima da criação humana, aquelas gravuras feitas no xisto entre 22000 a.C. e 10000 a.C. São de uma beleza e harmonia incomparáveis, os cavalos, auroques (ruminantes hoje extintos), veados e cabritos que os hirsutos homens do paleolítico superior nos deixaram. Quanta sensibilidade artística tinham eles já então! Ir a Foz Côa e não ver as gravuras é quase tão grave como ir a Roma e não ver o papa...

Igreja matriz de Vila Nova de Foz Côa

Comentários: 6

Blogger Koluki escreveu...

Linda, a amendoeira em flor. De uma espreitadela ao meu jacaranda' em flor de Gaborone e veja la' se nao ficam bem um para o outro? Tambem ha la, relativamente perto, gravuras rupestres e muito mais...

07 fevereiro, 2007 21:17  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Koluki, gostei muito de ver o seu belo jacarandá de Gaborone.

Também existem gravuras rupestres no Botswana? Pensei que existissem somente pinturas rupestres. Pinturas, não gravuras.

07 fevereiro, 2007 23:32  
Blogger Koluki escreveu...

Denudado, como sabe, a Africa Austral contem um dos maiores, senao o maior, repositorios de Arte Rupestre (pinturas e gravuras) do mundo. Portanto, quando falei em “ali relativamente perto” nao estava a falar exclusivamente do Botswana, embora o pudesse ter feito, porque ha, seguramente, gravuras rupestres no Botswana, como se podera’ constatar, por exemplo, num livro de Alec Campbell, fundador do Museu Nacional e Galeria de Arte do Botswana, “African Rock Art: Paintings and Engravings on Stone.”
Tsodilo, a concentracao mais importante de arte rupestre do Botswana (tambem conhecido como o “Louvre do Kalahari” e que, por sinal entrou para a lista de “World Heritage Sites” da Unesco na mesma data, em 2001, que a regiao do Alto Douro de Portugal) e’ mais conhecido pelas pinturas, mas mesmo naquela area tambem se encontram, embora em menor numero, gravuras rupestres.
Mas, “ali relativamente perto” inclui tambem, por exemplo, as gravuras rupestres de Klerksdorp e Thaba Sione, North-West Province, Africa do Sul (a poucos kms de Gaborone), ou as de Driekopseiland, Northern Cape Province, tambem em territorio da Africa do Sul, mas ja nao tao perto de Gaborone. Mas, independentemente da sua localizacao geografica na regiao, todas elas sao atribuidas aos Khoisan e grupos etnicos com eles aparentados, que ali vivem desde os tempos imemoriais quando nao havia as actuais fronteiras.
Sugiro-lhe que de uma vista de olhos por esta website, onde podera’ ler o seguinte: “A regiao da Africa Austral tem tanto gravuras (petroglyphs) como pinturas rupestres (pictographs). Nao ha relatorios crediveis que indiquem a relativa percentagem de pinturas e gravuras, mas os sites de pinturas serao provavelmente em maioria. Em geral, tanto pinturas como gravuras teem temas e imagens similares, mas as gravuras tendem a incluir menos detalhe e menos figuras humanas. A distribuicao das duas tecnicas e’ largamente governada pela geologia. As gravuras encontram-se geralmente em espacos abertos e sao usualmente, mas nao exclusivamente, associadas a rochas como a dolerite. Tais formacoes rochosas tendem a nao formar abrigos ou caves. As pinturas, por outro lado, sao mais comuns em areas onde ha caves ou fendas nas rochas em formacoes de granito e em rochas sedimentares (…). E’ raro, mas e’ possivel, encontrar tanto pinturas como gravuras juntas no mesmo site.”

08 fevereiro, 2007 18:10  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Muito obrigado por esta lição, Koluki. Eu só me lembrava de ter visto fotografias de pinturas rupestres, feitas por povos Khoisan e aparentados, no Botswana, Namíbia e África do Sul. Só de pinturas e não de gravuras. Agora já estou mais esclarecido, graças a si.

09 fevereiro, 2007 18:30  
Blogger Koluki escreveu...

Nao tem nada que agradecer Denudado. De resto a expressao "dar licoes" deixa-me sempre um pouco desconfortavel, porque para mim trata-se sempre de aprendermos uns com os outros atraves da partilha de ideias, informacoes, conhecimentos e experiencias. E de si tambem tenho aprendido muito.

10 fevereiro, 2007 22:18  
Anonymous Anónimo escreveu...

A natureza tem destas coisas... encrisparam-se, mostraram as garras, rugiram como se fossem digladiar! foi entao que... tocaram-se de leve, sussuraram palavras mansas... foram felizes para sempre. (felicidades Koluci e Denudado)

15 março, 2007 22:07  

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