Iemanjá, a Rainha do Mar
Afrika era árida e seca. Iemanjá nasceu dos deuses. E a Iemanjá sentiu-se só e os deuses deram-lhe um filho, que ela teve pelo umbigo. A esse filho ela chamou Rio. E o rio cresceu e atravessou a Afrika e foi ter ao mar. Do outro lado abriu os braços, que se ramificaram e cada ramificação foi um filho novo e cada novo filho teve um novo nome: Missouri, Mississippi, Amazonas, Rio de la Plata. Com a primeira árvore nascida em Afrika, um Imbondeiro, a Iemanjá fez uma grande canoa e nela meteu todas as vozes que desciam outros rios: o Kwanza, o Kunene, o Zambezi, o Limpopo, o Kongo, o Niger e o Nilo. E disse: tu és o meu filho, tu és o Homem Afrikano. E o Homem Afrikano partiu para o rio de Iemanjá cantando e a canção era a Esperanca, o ritmo era o remo batendo na água e o coração era uma grande maraka repetindo: Não te esqueças, Não te esqueças, Não te esqueças... Don’t forget your Blackground, Don’t forget your Blackground, Don’t forget your Blackground! (Duo Ouro Negro)
(Copiado do blog Koluki)

Comentários: 3
nao consigo parar de ouvir esta keta ao mesmo tempo que uma pergunta faz o toque toque na minha cabeca.
porque que so quando estamos longe da terra nos damos conta que aquilo que 'e "nosso" tem uma qualidade estrondosa e algumas vezes incomparavel com aquilo que 'e feito em outras paragens?
ou sera que isso so acontece comigo?
Now... this is what I call sharing (partilhar)!
Eu tambem transcrevi esse texto, recitado e cantado pelo Duo Ouro Negro (nao tenho a certeza se e' mesmo da autoria deles, mas isso e' o que menos importa para a partilha) da pagina que nos foi anunciada pelo Denudado aqui ha' umas semanas atras e que ele volta a indicar aqui... apenas tomei a "liberdade artistica" de lhe (ao 'Blackground') acrescentar o rio Nilo (mesmo porque a foto que tenho a encimar o texto foi tirada numa das nascentes do Nilo no Uganda, onde estive, por acaso, ha cerca de um ano atras) e de trocar o cajueiro pelo imbondeiro... acabo de verificar agora nesta outra versao da Iemanja' que eles proprios tambem fizeram essa correccao...
Salucombo, ha duas palavras, que por acaso ate' rimam, identidade e saudade, que talvez expliquem esse fenomeno a que te referes...
E' um pouco como eu digo noutro lugar:
"Apenas agora...
os imbondeiros ausentes,
nos trópicos,
tão ténue o travo da múcua
o zinco tornado o último andar...
Nos damos conta..."
Mas isso foi escrito la' dentro!
PS: obrigada pelos acentos, Denudado.
Qualquer resposta que eu pudesse dar a Salucombo foi ultrapassada pelo que escreveu Koluki. Muito obrigado, Koluki. Belos poemas escreve, cara amiga A.S.!
Quanto à canção "Iemanjá" que aqui está apontada, posso dizer que ela e outras canções de teor semelhante, existentes na página dedicada ao Duo Ouro Negro, fizeram parte de um "musical", chamado "Blackground", que o Duo Ouro Negro apresentou na televisão portuguesa perto de 1970. O "musical" não foi propriamente uma superprodução, pois nem a RTP é americana, nem os estúdios do Lumiar são os de Hollywood... Mas foi um "musical" cheio de vida, cor, ritmo e alegria, que celebrava África e o homem africano.
Enviar um comentário