02 fevereiro 2007

Iemanjá, a Rainha do Mar

(Ilustração: Pedro Rafael)

Afrika era árida e seca. Iemanjá nasceu dos deuses. E a Iemanjá sentiu-se só e os deuses deram-lhe um filho, que ela teve pelo umbigo. A esse filho ela chamou Rio. E o rio cresceu e atravessou a Afrika e foi ter ao mar. Do outro lado abriu os braços, que se ramificaram e cada ramificação foi um filho novo e cada novo filho teve um novo nome: Missouri, Mississippi, Amazonas, Rio de la Plata. Com a primeira árvore nascida em Afrika, um Imbondeiro, a Iemanjá fez uma grande canoa e nela meteu todas as vozes que desciam outros rios: o Kwanza, o Kunene, o Zambezi, o Limpopo, o Kongo, o Niger e o Nilo. E disse: tu és o meu filho, tu és o Homem Afrikano. E o Homem Afrikano partiu para o rio de Iemanjá cantando e a canção era a Esperanca, o ritmo era o remo batendo na água e o coração era uma grande maraka repetindo: Não te esqueças, Não te esqueças, Não te esqueças... Don’t forget your Blackground, Don’t forget your Blackground, Don’t forget your Blackground! (Duo Ouro Negro)

(Copiado do blog Koluki)

Iemanjá, pelo Duo Ouro Negro

Comentários: 3

Blogger Salucombo_Jr. escreveu...

nao consigo parar de ouvir esta keta ao mesmo tempo que uma pergunta faz o toque toque na minha cabeca.

porque que so quando estamos longe da terra nos damos conta que aquilo que 'e "nosso" tem uma qualidade estrondosa e algumas vezes incomparavel com aquilo que 'e feito em outras paragens?

ou sera que isso so acontece comigo?

02 fevereiro, 2007 13:32  
Blogger Koluki escreveu...

Now... this is what I call sharing (partilhar)!
Eu tambem transcrevi esse texto, recitado e cantado pelo Duo Ouro Negro (nao tenho a certeza se e' mesmo da autoria deles, mas isso e' o que menos importa para a partilha) da pagina que nos foi anunciada pelo Denudado aqui ha' umas semanas atras e que ele volta a indicar aqui... apenas tomei a "liberdade artistica" de lhe (ao 'Blackground') acrescentar o rio Nilo (mesmo porque a foto que tenho a encimar o texto foi tirada numa das nascentes do Nilo no Uganda, onde estive, por acaso, ha cerca de um ano atras) e de trocar o cajueiro pelo imbondeiro... acabo de verificar agora nesta outra versao da Iemanja' que eles proprios tambem fizeram essa correccao...

Salucombo, ha duas palavras, que por acaso ate' rimam, identidade e saudade, que talvez expliquem esse fenomeno a que te referes...
E' um pouco como eu digo noutro lugar:

"Apenas agora...

os imbondeiros ausentes,
nos trópicos,
tão ténue o travo da múcua
o zinco tornado o último andar...

Nos damos conta..."

Mas isso foi escrito la' dentro!

PS: obrigada pelos acentos, Denudado.

02 fevereiro, 2007 20:20  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Qualquer resposta que eu pudesse dar a Salucombo foi ultrapassada pelo que escreveu Koluki. Muito obrigado, Koluki. Belos poemas escreve, cara amiga A.S.!

Quanto à canção "Iemanjá" que aqui está apontada, posso dizer que ela e outras canções de teor semelhante, existentes na página dedicada ao Duo Ouro Negro, fizeram parte de um "musical", chamado "Blackground", que o Duo Ouro Negro apresentou na televisão portuguesa perto de 1970. O "musical" não foi propriamente uma superprodução, pois nem a RTP é americana, nem os estúdios do Lumiar são os de Hollywood... Mas foi um "musical" cheio de vida, cor, ritmo e alegria, que celebrava África e o homem africano.

03 fevereiro, 2007 19:30  

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