12 julho 2010

Formações colunares de basalto


Rocha dos Bordões, Ilha das Flores, Açores (Foto: Rafaela Pereira)


O basalto é uma rocha de origem vulcânica muito dura, de cor negra, cinzenta ou verde escura, que resulta da solidificação rápida de lava em contacto com a atmosfera, por ocasião de erupções vulcânicas. Como solidificou rapidamente, o material que compõe esta rocha não teve tempo para cristalizar a um ponto tal que os seus cristais possam ser vistos a olho nu. O basalto apresenta, portanto, uma textura lisa ou granulada muito fina.

Durante o processo de arrefecimento, o basalto contrai-se. Da contração podem resultar fraturas, as quais podem ser de tal maneira que a rocha acaba por se apresentar sob a forma de colunas prismáticas de base frequentemente hexagonal. Foi o que aconteceu, nomeadamente, na chamada Calçada dos Gigantes, na Irlanda do Norte, que está classificada como Património Natural da Humanidade.

Em Portugal, também há locais onde o basalto solidificou sob a forma de colunas prismáticas. Os exemplos mais espetaculares deste fenómeno encontram-se nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira. No caso dos Açores, é de destacar a chamada Rocha dos Bordões, na ilha das Flores. Se outras belezas naturais esta ilha não tivesse (e tem tantas e tão grandes!), a Rocha dos Bordões seria, por si só, um excelente motivo para uma visita à ilha das Flores.

Na caldeira da ilha do Faial, também no arquipélago dos Açores, existe igualmente uma formação prismática, num domo situado no interior da cratera, ao qual foi dado o nome de Altar. Contudo, o sismo que em 9 de Julho de 1998 abalou esta ilha, causando infelizmente nove mortos, cerca de cem feridos e enormes destruições em edifícios, também afetou o Altar. O abalo provocou um desmoronamento de materiais soltos (terra e pedras) existentes no cimo do domo, de tal modo que as colunas prismáticas ficaram parcialmente cobertas por eles.


Pico de Ana Ferreira, Porto Santo, Madeira (Foto: nunosuna)

No caso do arquipélago da Madeira, é na ilha do Porto Santo que se encontra a mais notável formação basáltica em colunas prismáticas da região. Esta formação é chamada Piano e fica no Pico de Ana Ferreira. O Porto Santo é uma ilha verdadeiramente fascinante, belíssima e no entanto completamente diferente da ilha da Madeira. O Pico de Ana Ferreira é um dos motivos de atração notáveis que o visitante pode admirar no Porto Santo.

Em Portugal Continental também existem colunas prismáticas de basalto. Não têm, nem de perto nem de longe, a beleza e a grandiosidade das da Rocha dos Bordões e do Piano, mas sempre são melhores do que nada. Concretamente, a região da Estremadura -- que corresponde mais ou menos ao distrito de Lisboa -- está em grande medida assente em basalto e também em calcário. A própria capital portuguesa foi na sua maior parte erguida sobre negro basalto. Isto é assim porque, há muitos milhões de anos, houve uma intensa atividade vulcânica na região. Foi dessa atividade vulcânica que resultou o basalto que agora encontramos, o qual, aliás, é o principal responsável pelas belas paisagens que podemos admirar nas zonas rurais do distrito de Lisboa: em Bucelas, Arranhó, Arruda dos Vinhos, Sobral de Monte Agraço, Merceana, Alenquer, Dois Portos, Pero Negro, Malveira, Mafra, etc. etc. Os cabeços que existem espalhados por toda a região são predominantemente de basalto. São eles que, depois de terem sido modelados pela erosão, dão à paisagem uma personalidade feminina, cheia de doçura e de curvas sensuais... Os campos e as hortas que os saloios amorosamente cultivam, por seu lado, acrescentam ainda mais beleza e graciosidade às da própria Natureza. A Estremadura é uma região indiscutivelmente bela e acolhedora.


Penedo de Lexim, Mafra (Foto: Susana Morais)

Há, portanto, na Estremadura pelo menos duas formações basálticas em colunas prismáticas. Uma delas é o chamado Penedo de Lexim, que fica na freguesia da Igreja Nova, concelho de Mafra. Depois de se ter visitado o rochedo, é aconselhável uma visita a uma aldeia muito próxima, chamada Mata Pequena, da qual se tem uma vista muito bonita sobre o profundo e pitoresco vale da Ribeira de Cheleiros. A segunda formação basáltica colunar fica no Cabeço de Montachique, freguesia de Lousa, concelho de Loures. É um cabeço sobranceiro à auto-estrada A8, do qual também se tem uma bonita e ampla vista.


Cabeço de Montachique, Loures (Foto: Nuno Miguel Pires Correia)

Comentários: 13

Blogger João Monteiro escreveu...

Já só me falta ir aos Açores! :) E porque razão não temos a Unesco a classificar como património o "Piano" de Porto Santo, ao qual sempre chamei "Tubos de órgão" ou a Rocha dos bordões?!?

Parabéns pelo blogue!

06 setembro, 2010 23:33  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Caro João Monteiro,
Pode ter a certeza de que não se arrependerá de ir aos Açores. São verdadeiramente deslumbrantes. Reserve urgentemente uma viagem aos Açores para as suas próximas férias.

07 setembro, 2010 16:03  
Anonymous Ivilla Emille Bomfim da Siva escreveu...

muito boa a esplicação que encontrei neste site!
obrigada!
bjsssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss

03 maio, 2012 18:10  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Prezada Ivilla Emille Bomfim da Siva,
Foi com muito gosto que fiz este depretensioso artigo, que tentei que fosse claro e simples. Fico contente por saber que gostou.

05 maio, 2012 01:11  
Blogger Madeira private Ferienwohnung escreveu...

Caro Fernando, estou grata pelo seu esclarecimento simples e de fácil compreensão. Há 2 dias fiz uma caminhada no Vale de Machico, ao longo da Levada dos Maroços e fiz 3 fotos que gostaria que visse e me dissesse se estas formações rochosas são também colunas prismáticas. Como lhas poderei enviar?
Teresa Ferreira

02 junho, 2012 13:49  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Cara Teresa Ferreira,
Há alguns anos fiz um passeio agradabilíssimo ao longo de uma levada na Madeira, mas julgo que foi na zona da Camacha, não no Machico.

Encontrei na Net uma fotografia de uma formação colunar basáltica que eu desconhecia na ilha da Madeira, mais concretamente na zona do Faial, julgo que perto do Machico. Vale a pena dar-lhe uma olhada: http://www.geopor.pt/gne/ptgeol/vulcanismo/madeira.html.

03 junho, 2012 00:52  
Blogger Laurindo Amorim escreveu...

INFLUÊNCIA DO AMBIENTE NA A.M.L. (ÁREA METROPOLITANA DE LISBOA) SOBRE A SELECÇÃO DA PEDRA CALCÁRIA DE LIOZ
Descrição do livro:
O presente estudo, resulta da adaptação de uma tese de mestrado, apresentada junto da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, no âmbito do Curso de Mestrado em Tecnologia da Arquitectura e Qualidade Ambiental, realizado entre 1993 a 1994. Visa essencialmente determinar os motivos históricos, compreendidos no período da alimentação da economia Portuguesa, pelo ouro derivado da colónia do Brasil, e viabilidade funcional no uso, que levaram à preferência na adopção da pedra calcária de lioz, para fazer face às características do ambiente na A.M.L. (Área Metropolitana de Lisboa), aponta similarmente precauções a ter na sua utilização e aplicação construtiva. Tendo como base a selecção de quatro localidades para amostras, expostas ao mar, interior urbano e rural, identificando as patologias e razões do seu desenvolvimento, fornecendo também indicações para as contrariar. Finalizando com o estabelecimento de um nível de ponderação de importância a dar, nas suas propriedades físicas e químicas, no sentido de proporcionar um método de selecção deste tipo de pedra, na substituição em edifícios existentes, tirando proveito desses parâmetros para servirem ao mesmo tempo, na selecção da pedra calcária de lioz, na construção de novos edifícios.



Edifícios analisados: Palácio Ratton em Lisboa, Torreão Oriental da Praça do Comércio em Lisboa, Igreja de Nossa Senhora da Consolação em Arrentela e Igreja da Nossa Senhora do Monte Sião em Amora.

Adquirir o livro nos websites:

https://www.createspace.com/4877272
http://www.amazon.com/dp/150037234X/ref=rdr_ext_book
http://www.amazon.de/Influ%C3%AAncia-ambiente-A-M-L-selec%C3%A7%C3%A3o-calc%C3%A1ria/dp/150037234X/ref=pd_rhf_se_p_img_1

Referencias sobre o autor:
https://plus.google.com/u/0/100888385940893225494/posts
http://pt.linkedin.com/pub/laurindo-amorim/73/551/9b6
http://arqlaurindo.no.sapo.pt/

16 dezembro, 2015 17:33  
Blogger Flair Bartender pt escreveu...

Foram árvores não magma

25 agosto, 2016 20:41  
Blogger Flair Bartender pt escreveu...

Foram árvores não magma

25 agosto, 2016 20:41  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Existem, de facto, árvores petrificadas, embora eu não conheça nenhum caso em Portugal. Mas as colunas prismáticas de basalto foram mesmo produzidas por magma. Veja, por exemplo, o que diz esta página: «O basalto(…) é o tipo de rocha magmática mais comum» (sublinhado meu). De resto, a secção dos troncos das árvores praticamente nunca toma a forma hexagonal, que é a forma tomada pela secção das colunas basálticas.

26 agosto, 2016 04:02  
Anonymous Fraústo escreveu...

sr Fernando Ribeiro
Diz não conhecer nenhum caso em Portugal de árvores petrificadas ou fosseis de árvores, aproveite e num passeio pelo interior de Portugal pare em Vila Velha de Rodão - C.Branco e aproveite para ver troncos de teixo petrificados ( fossilizados ).
Bom passeio

28 outubro, 2017 23:21  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Muito obrigado, sr. Fraústo, pela informação. Quando puder, lá irei.

28 outubro, 2017 23:45  
Anonymous Anónimo escreveu...

Já agora também de referir próximo de Rio Maior (estada Rio Maior -> Alcobertas), mais formações prismáticas de basalto, pequenas mas bonitas.
Gonçalo F Silva

10 junho, 2018 21:50  

Enviar um comentário