26 março 2012

Desemprego

Vulto parado na esquina
(Olhos no ar, indiferentes)
De costas para a vitrina
Cheia de jóias luzentes.

Parado naquela esquina todo o dia:
E os homens passam
Os homens que trabalham
Os homens passam...

Na memória embotada
(Os dias cada dia mais iguais)
Os frios apertos de mão
E os olhos frios
Detrás das secretárias:
«Não pode ser. Não pode ser
Por hoje...»

Na mesma esquina
De costas prà vitrina reluzente
A dor única que sente:
O sorriso mordido
O obrigado entre os dentes
E aquela mão
A sua
A agradecer...
Naquela esquina, a mesma...

Não:
Morrer não é remédio
Correr de porta em porta também não.
Apenas isto, talvez, para o seu tédio:
Acabar de sofrê-lo sem chorar
De costas para a vitrina
Naquela esquina
Onde se cruzam gentes que trabalham...

Mário António (1934-1989), poeta angolano


Comentários: 1

Anonymous Anónimo escreveu...

Muito Bom post.

Realmente, este flagelo agrava em muito a situação do pessoal...

Na esperança de poder ajudar,

deixo alguma informação adicional sobre trabalho temporário... não é solução, mas pode contribuir para um começo diferente... As pessoas não podem é desanimar! Força aí! www.trabalhoparajovens.blogspot.com
Trabalho e Empregos Temporários para os Jovens Encontra tudo sobre o trabalho temporário para jovens. Descobre onde, como e em que contexto esta poderá ser uma solução!

Força!

29 agosto, 2013 11:35  

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