09 junho 2012

Igreja de Bravães

(Foto: rvanhegelsom)

A igreja matriz de Bravães, que fica mesmo encostada à estrada nacional 203, entre Ponte da Barca e Ponte de Lima, é um dos mais belos exemplares de templo românico existentes em Portugal. Não é por acaso que está classificada como monumento nacional. Construída no local de um antigo mosteiro, a igreja atual data dos finais do séc. XII ou inícios do séc. XIII. Tem, portanto, cerca de 800 anos.

(Foto: IGESPAR)

Não se deve confundir românico com romano. O estilo românico surgiu na Europa por volta do ano 1000 e implantou-se em Portugal, sobretudo, durante o reinado de D. Afonso Henriques. São românicas, por exemplo, a Sé Velha de Coimbra e a Sé Patriarcal de Lisboa.

Mas é no norte que se encontra a maior concentração de construções românicas em Portugal, quase todas religiosas e muitas delas notáveis. Entre muitas outras não menos merecedoras da nossa atenção, estou neste momento a lembrar-me de algumas cuja visita recomendo a quem me lê, a saber: Orada (Melgaço), Pitões das Júnias (Montalegre), Fonte Arcada, que foi a terra da Maria da Fonte (Póvoa de Lanhoso), Rates (Póvoa de Varzim), Cete (Paredes), Paço de Sousa (Paredes) e São Martinho de Mouros (Resende), não esquecendo a Ermida do Paiva (Castro Daire) e a de São Pedro das Águias (Tabuaço), de que já falei aqui no blogue recentemente. E não esquecendo também a humilde igreja de Algosinho (Mogadouro), que é tão simples e tão rústica que se torna comovente.


Eu confesso que me sinto fascinado pelo estilo românico. Fascinado e intrigado, também, pelos seus elementos decorativos, que refletem crenças, medos, superstições e ritos cujo significado se foi perdendo ao longo dos tempos. O que quererão dizer as cabeças de touro, os demónios, os animais, os sóis, as luas, os seres irreais e os elementos geométricos que os homens da Idade Média esculpiram na pedra dos seus templos românicos? O que é que se passaria dentro da cabeça daquelas pessoas crentes e supersticiosas, para criar aquelas figuras? Que exorcismos pretenderiam elas levar a cabo? Que milagres desejariam elas implorar a Deus e aos santos?


Não nos esqueçamos de que a Idade Média foi um tempo terrível para a Europa e, em particular, para esta nação que então nasceu com o nome de Portugal. Foi um tempo de fomes e de pestes, de conquistas e reconquistas aos mouros e pelos mouros, de trovadores e menestréis, de eremitas e peregrinos, de mesteirais e mercadores, de camponeses humilhados e esbulhados e de nobres cruéis e insolentes. Tudo isto teria, certamente, que se refletir na arte do românico e também na do gótico, que se lhe seguiu.

(Foto: rvanhegelsom)

A igreja de Bravães, com a sua grande profusão decorativa, é um motivo particularmente importante para esta minha curiosidade em relação ao românico. Em Portugal não há outra igreja como esta. Só na Galiza é que se encontram algumas outras parecidas com ela.

(Foto: IGESPAR)

Comentários: 1

Blogger Remígio Manuel Silva da Costa escreveu...

Por que razão não se fala aqui da Igreja de São Cláudio, em Nogueira, Viana do Castelo?

13 março, 2013 11:55  

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