06 setembro 2012

Um pequeno conto em quimbundo e sua tradução para português

Homem subindo a uma palmeira para colher seiva (vinho de palma) (Foto: Victor Sotero)

KUTUTUNDA NI KUTUYA

Mala ayadi akexile mu kwenda mu njila. Abixila mu kaxi ka njila; asange ngemi ya maluvu; exi: «Tu bane maluvu!»

Ngemi uxi: «Ha ngi mi bana maluvu, ngi tangelyenu majin' enu!» Wadyanga uxi: «Eme Kututunda.» Waxalele ku ema uxi: «Eme Kutuya.» Ngemi ya maluvu uxi: «Eye, Kututunda, wala ni jina dya mbote; eye, Kutuya, wazwela waku. Ngwami ku ku bana maluvu.»

A di kwatele jimvunda; aya mu funda. Asange nganji; afundu. Nganji uxi: «Kutuya walungu, ngemi yabele; mukonda ku twatundu kya, ki tutena kumona-ku dingi kima. O kima, tu ki sanga, kyala ku twala mu iya.»

Mahezu.

(Jelemia dia Sabatelu. Dialeto mbaka.)
In Folk-Tales of Angola, de Héli Chatelain. A ortografia foi atualizada por mim.

O PASSADO E O FUTURO

Dois homens caminhavam numa estrada quando encontraram um vendedor de vinho de palma. Os viajantes pediram-lhe vinho e o homem prometeu satisfazê-los mas com uma condição: de lhe dizerem os seus nomes. Um deles falou: Chamo-me – De onde venho. O outro – Para onde vou. O homem aplaudiu o primeiro nome e reprovou o segundo, negando a Para onde vou o vinho de palma. Começou uma discussão e dali saíram à procura do juiz, que ditou logo a sentença: O vendedor de vinho de palma perdeu. «Para onde vou» é quem tinha razão, porque de onde viemos já nada se pode obter e, pelo contrário, o que se puder encontrar está para onde vou.
Tradução livre, in A Milenar Arte da Oratura Angolana e Moçambicana, de Susana Dolores Machado Nunes

DE ONDE VIMOS E PARA ONDE VAMOS

Dois homens seguiam por um caminho. Chegados a meio do caminho, encontraram um colhedor de vinho de palma; disseram-lhe: «Dá-nos vinho de palma!»

O colhedor disse: «Para que vos dê vinho de palma, tendes que dizer-me os vossos nomes!» O primeiro disse: «Eu sou De Onde Vimos.» O outro disse: «Eu sou Para Onde Vamos.» O colhedor de vinho de palma disse: «Tu, De Onde Vimos, tens um nome bonito; tu, Para Onde Vamos, disseste um nome feio. Não quero dar-te vinho de palma.»

Brigaram; foram à procura de um tribunal. Encontraram um juiz; expuseram as suas razões. O juiz disse: «Para Onde Vamos ganhou, o colhedor não tem razão; porque de onde nós vimos, não se pode ver nada outra vez. Aquilo que procuramos, está para onde vamos.»

Tenho dito.
(Tentativa de tradução da minha lavra)

Comentários: 7

Blogger António Pereira escreveu...

Boa tarde!
Gostaria de partilhar o endereço de um blogue acabado de criar e inteiramente dedicado à promoção da língua portuguesa. No http://portuguesemforma.blogspot.pt, para além de ferramentas úteis (como dicionários, enciclopédias e glossários), disponibilizo ainda a análise de situações problemáticas ou geradoras de dúvidas nos utentes da nossa língua. Eis a questão de hoje: glicemia ou glicémia?
Um abraço lusófono desde Setúbal.
Prof. António Pereira

09 setembro, 2012 14:36  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

É com muito gosto que registo e partilho o endereço deste seu novo e útil blogue "Língua Portuguesa: das Dúvidas à Ação!" na coluna aqui ao lado. Um abraço desde o Porto.

10 setembro, 2012 01:14  
Blogger Unknown escreveu...

abraço lusofono, o que é que isso quer dizer.

29 abril, 2013 21:15  
Blogger Unknown escreveu...

abraço lusofono, o que é que isso quer dizer.

29 abril, 2013 21:16  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Kimbote, Angolangolazumbizulu Nkongo. Porque não, um abraço lusófono?

30 abril, 2013 02:04  
Anonymous Anónimo escreveu...

gostei muito .

11 maio, 2013 22:25  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Caro/a anónimo/a,
Fico contente por ter gostado. Volte sempre.

13 maio, 2013 01:15  

Enviar um comentário