Um pequeno conto em quimbundo e sua tradução para português
Homem subindo a uma palmeira para colher seiva (vinho de palma) (Foto: Victor Sotero)
KUTUTUNDA NI KUTUYAIn Folk-Tales of Angola, de Héli Chatelain. A ortografia foi atualizada por mim.
Mala ayadi akexile mu kwenda mu njila. Abixila mu kaxi ka njila; asange ngemi ya maluvu; exi: «Tu bane maluvu!»
Ngemi uxi: «Ha ngi mi bana maluvu, ngi tangelyenu majin' enu!» Wadyanga uxi: «Eme Kututunda.» Waxalele ku ema uxi: «Eme Kutuya.» Ngemi ya maluvu uxi: «Eye, Kututunda, wala ni jina dya mbote; eye, Kutuya, wazwela waku. Ngwami ku ku bana maluvu.»
A di kwatele jimvunda; aya mu funda. Asange nganji; afundu. Nganji uxi: «Kutuya walungu, ngemi yabele; mukonda ku twatundu kya, ki tutena kumona-ku dingi kima. O kima, tu ki sanga, kyala ku twala mu iya.»
Mahezu.
(Jelemia dia Sabatelu. Dialeto mbaka.)
O PASSADO E O FUTUROTradução livre, in A Milenar Arte da Oratura Angolana e Moçambicana, de Susana Dolores Machado Nunes
Dois homens caminhavam numa estrada quando encontraram um vendedor de vinho de palma. Os viajantes pediram-lhe vinho e o homem prometeu satisfazê-los mas com uma condição: de lhe dizerem os seus nomes. Um deles falou: Chamo-me – De onde venho. O outro – Para onde vou. O homem aplaudiu o primeiro nome e reprovou o segundo, negando a Para onde vou o vinho de palma. Começou uma discussão e dali saíram à procura do juiz, que ditou logo a sentença: O vendedor de vinho de palma perdeu. «Para onde vou» é quem tinha razão, porque de onde viemos já nada se pode obter e, pelo contrário, o que se puder encontrar está para onde vou.
DE ONDE VIMOS E PARA ONDE VAMOS(Tentativa de tradução da minha lavra)
Dois homens seguiam por um caminho. Chegados a meio do caminho, encontraram um colhedor de vinho de palma; disseram-lhe: «Dá-nos vinho de palma!»
O colhedor disse: «Para que vos dê vinho de palma, tendes que dizer-me os vossos nomes!» O primeiro disse: «Eu sou De Onde Vimos.» O outro disse: «Eu sou Para Onde Vamos.» O colhedor de vinho de palma disse: «Tu, De Onde Vimos, tens um nome bonito; tu, Para Onde Vamos, disseste um nome feio. Não quero dar-te vinho de palma.»
Brigaram; foram à procura de um tribunal. Encontraram um juiz; expuseram as suas razões. O juiz disse: «Para Onde Vamos ganhou, o colhedor não tem razão; porque de onde nós vimos, não se pode ver nada outra vez. Aquilo que procuramos, está para onde vamos.»
Tenho dito.
Comentários: 7
Boa tarde!
Gostaria de partilhar o endereço de um blogue acabado de criar e inteiramente dedicado à promoção da língua portuguesa. No http://portuguesemforma.blogspot.pt, para além de ferramentas úteis (como dicionários, enciclopédias e glossários), disponibilizo ainda a análise de situações problemáticas ou geradoras de dúvidas nos utentes da nossa língua. Eis a questão de hoje: glicemia ou glicémia?
Um abraço lusófono desde Setúbal.
Prof. António Pereira
É com muito gosto que registo e partilho o endereço deste seu novo e útil blogue "Língua Portuguesa: das Dúvidas à Ação!" na coluna aqui ao lado. Um abraço desde o Porto.
abraço lusofono, o que é que isso quer dizer.
abraço lusofono, o que é que isso quer dizer.
Kimbote, Angolangolazumbizulu Nkongo. Porque não, um abraço lusófono?
gostei muito .
Caro/a anónimo/a,
Fico contente por ter gostado. Volte sempre.
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