Uma coisa que me põe triste
é que não exista o que não existe.
(Se é que não existe, e isto é que existe!)
Há tantas coisas bonitas que não há:
coisas que não há, gente que não há,
bichos que já houve e já não há,
livros por ler, coisas por ver,
feitos desfeitos, outros feitos por fazer,
pessoas tão boas ainda por nascer
e outras que morreram há tanto tempo!
Tantas lembranças de que não me lembro,
sítios que não sei, invenções que não invento,
gente de vidro e de vento, países por achar,
paisagens, plantas, jardins de ar,
tudo o que eu nem posso imaginar
porque se o imaginasse já existia
embora num sítio onde só eu ia...
"A pobreza mete-nos medo. E, no entanto, alimentamo-nos da pobreza, é o seu sangue que move os nossos carros topo de gama e as nossas fábricas e é à sua sombra que florescem os nossos paraísos de consumo."
Lembro-me de ter lido a citação que faz numa das crónicas diárias que Manuel António Pina escrevia na última página do Jornal de Notícias.
As suas crónicas, sempre acutilantes e sempre temperadas com uma desarmante ironia, fazem-me falta. A sua espantosa lucidez faz-me falta.
Contentes com a sua morte devem estar os escribas e papagaios "fazedores de opinião", porque Manuel António Pina já não está cá a ajudar-nos a ver claro através das nuvens de fumo que eles espalham ao serviço de governos, partidos e outros interesses inconfessáveis.
Comentários: 4
"A pobreza mete-nos medo. E, no entanto, alimentamo-nos da pobreza, é o seu sangue que move os nossos carros topo de gama e as nossas fábricas e é à sua sombra que florescem os nossos paraísos de consumo."
Manuel António Pina
Caro Rogério,
Lembro-me de ter lido a citação que faz numa das crónicas diárias que Manuel António Pina escrevia na última página do Jornal de Notícias.
As suas crónicas, sempre acutilantes e sempre temperadas com uma desarmante ironia, fazem-me falta. A sua espantosa lucidez faz-me falta.
Contentes com a sua morte devem estar os escribas e papagaios "fazedores de opinião", porque Manuel António Pina já não está cá a ajudar-nos a ver claro através das nuvens de fumo que eles espalham ao serviço de governos, partidos e outros interesses inconfessáveis.
Que descanse em paz, porque merece.
Caro Fernando Ribeiro
Disse tudo. Está tudo dito.
Prezado umBhalane,
Seja bem-vindo de volta a esta "casa". Sinta-se à vontade, opine e volte sempre.
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