04 janeiro 2014

Aves inteligentes


Duas cacatuas (Foto: Universidade de Oxford)

Há aves que manifestam uma inteligência que nos deixa abismados. É o caso das gralhas, pegas e outros corvídeos, para dar um exemplo; é o caso dos papagaios, araras e outros psitacídeos, para dar outro exemplo.

Uma equipa de cientistas da Universidade de Viena, da Universidade de Oxford e do Instituto Max Planck procurou testar as capacidades de aprendizagem, planeamento e de resolução de problemas por parte de um conjunto de 10 cacatuas (Cacatua goffini) originárias da Indonésia. O que esteve na origem desta experiência foi a observação, anteriormente feita por Alice Auersperg, bióloga da Universidade de Viena e membro da equipa, da forma como uma cacatua tinha espontaneamente utilizado como ferramentas um conjunto de 10 lascas e paus, que a cacatua dobrou e encurtou antes de utilizar, a fim de conseguir apanhar uma pequena pedra que tinha deixado cair através de um buraco numa rede.

A equipa de cientistas concebeu então uma caixa contendo nozes de caju visíveis a partir do exterior, mas fechadas por um conjunto de mecanismos interligados. Os mecanismos só permitiam o acesso ao caju se fossem abertos numa determinada sequência: tirar uma cavilha, desapertar um parafuso, remover um pino, girar uma roda em 90 graus e deslizar um trinco.

(Foto: Universidade de Oxford)

A ave que se vê na imagem seguinte conseguiu resolver todos os problemas na sequência correta, em apenas 100 minutos, sem a assistência de ninguém e sem qualquer recompensa intermédia!

(Imagem: American Scientist)

As outras cacatuas só conseguiram aceder ao caju depois de terem tido ajuda, isto é, depois de lhes ser mostrada a sequência de ações que deveriam executar ou depois de observarem as ações executadas por uma outra cacatua que já soubesse abrir a caixa.

A seguir, os cientistas removeram alguns dos mecanismos ou alteraram a sua sequência. As cacatuas, então, acionaram os mecanismos da forma correta e não segundo a sequência original, mostrando que tinham aprendido o modo como os mecanismos funcionam e não apenas memorizado a sequência de ações.

O professor Alex Kacelnik, da Universidade de Oxford, que participou no estudo, afirmou: «Nós não podemos provar que as aves compreendem a estrutura física do problema da mesma maneira que um ser humano, mas podemos deduzir do seu comportamento que elas são sensíveis à forma como os objetos agem uns sobre os outros e que podem aprender a progredir em direção a uma finalidade distante, sem serem recompensadas passo a passo.»



Comentários: 2

Blogger Um Jeito Manso escreveu...

Acho este seu texto e respectivas imagens bastante interessantes. Desde pequena que me intrigam estas aves. Não sabia que eram tão inteligentes. A natureza é, toda ela, surpreendente.

Mas estou aqui também para lhe dizer que, não sei se já viu, gostei tanto do que no outro dia escreveu num comentário lá no UJM que decidi fazer um post autónomo. Obrigada.

http://umjeitomanso.blogspot.pt/2014/01/ainda-o-inconseguimento-de-assuncao.html

05 janeiro, 2014 23:44  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Eu vi o post que indica, mas não tive tempo para escrever uma reação a seu respeito, porque daí a pouco ia sair para almoçar com a minha mãe. Só várias horas mais tarde é que pude comentar. Mais uma vez, muito obrigado.

06 janeiro, 2014 04:24  

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