Música composta por mulheres
A compositora alemã Clara Schumann |
Neste Dia Internacional da Mulher, tomo a liberdade de dar a ouvir um pouco de música composta por três mulheres: Fanny Mendelssohn, Clara Schumann e Alma Mahler.
Fanny Mendelssohn (1805-1847), que foi irmã do compositor Felix Mendelssohn e se casou com o pintor Wilhelm Hensel, tomando então o nome de Fanny Hensel, foi uma compositora e pianista alemã, protestante de ascendência judaica. Foi a primeira mulher na Europa a distinguir-se como compositora, tendo contado com o apoio discreto do seu irmão para enfrentar os preconceitos existentes na sua época em relação à atividade de uma mulher que não se limitasse a ser apenas dona de casa.
Noturno em sol menor de Fanny Mendelssohn, pela pianista e compositora canadiana Heather Schmidt
Clara Josephine Wieck (1819-1896) que, após o seu casamento com Robert Schumann tomou o nome de Clara Schumann, foi uma compositora e pianista alemã. Teve uma vida atribulada por causa dos problemas mentais do marido, que o levaram à loucura e à morte. O amor entre ambos prevaleceu sobre a doença e sobre os problemas financeiros do casal, tendo Clara sido uma importante divulgadora da obra musical de Robert Schumann.
Prelúdio e fuga op. 16, nº 3, de Clara Schumann, pelo pianista belga Jozef de Beenhouwer
Alma Maria Schindler (1879-1964), que tomou o nome de Alma Mahler quando se casou com Gustav Mahler, foi, tal como este, uma compositora austríaca. Teve uma vida amorosa turbulenta, tendo sido amante do também compositor Alexander Zemlinsky, do pintor Gustav Klimt, do também pintor Oskar Kokoschka e tendo ainda casado sucessivamente com o arquiteto Walter Gropius e com o poeta Franz Werfel após a morte do seu primeiro marido, Gustav Mahler. O casamento com este último foi, aliás, nefasto para a arte musical, pois Gustav Mahler impôs como condição, para que o casamento se realizasse, que Alma renunciasse à composição musical, o que ela aceitou e cumpriu. Assim, Gustav Mahler pôde brilhar sozinho, sem que Alma lhe fizesse concorrência com a sua própria música. Quando os nazis tomaram o poder na Áustria, Alma Mahler-Werfel e o seu marido de então, Franz Werfel, que era judeu, fugiram do país com destino aos Estados Unidos, tendo passado por Lisboa. A respeito desta passagem pela capital do nosso país, escreveu Alma: «Nunca esquecerei aqueles dias de paz paradisíaca num país paradisíaco, depois do tormento dos meses anteriores».
Erntelied (Canção da Colheita), de Alma Mahler, pela meio-soprano suíça Sonja Leutwyler, acompanhada pela Orquestra Filarmónica Eslovena conduzida por Uroš Lajovic
Comentários: 1
Um post muito bom. Aprendi, recordei e apreciei a ideia e as escolhas. Quem aqui vem, nunca vai de mãos a abanar. Obrigada.
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