Lenda da origem dos diamantes
Construção de uma oca, habitação tradicional, por um índio do povo Kuikuro. Parque Indígena do Xingu, Mato Grosso, Brasil (Foto: Instituto Socioambiental) |
Há muito tempo, vivia à beira de um rio uma tribo de índios. Dela fazia parte um casal muito feliz: Itagibá e Potira. Itagibá, que significa braço forte, era um guerreiro robusto e destemido. Potira, cujo nome quer dizer flor, era uma índia jovem e formosa. Vivia o casal tranquilo e venturoso, quando rebentou uma guerra contra uma tribo vizinha. Itagibá teve de partir para a luta. E foi com profundo pesar que se despediu da esposa querida e acompanhou os outros guerreiros. Potira não derramou uma só lágrima, mas seguiu, com os olhos cheios de tristeza, a canoa que conduzia o esposo, até que a mesma desapareceu na curva do rio.
Passaram-se muitos dias sem que Itagibá voltasse à taba(1). Todas as tardes a índia esperava, à margem do rio, o regresso do esposo amado. Seu coração sangrava de saudade. Mas permanecia serena e confiante, na esperança que Itagibá voltaria à taba. Finalmente, Potira foi informada que seu esposo jamais regressaria. Ele havia morrido como um herói, lutando contra o inimigo. Ao ter essa notícia, Potira perdeu a calma que mantivera até então e derramou lágrimas copiosas.
Vencida pelo sofrimento, Potira passou o resto de sua vida, à beira do rio, chorando sem cessar. Suas lágrimas puras e brilhantes misturaram-se com as areias brancas do rio. A dor imensa da índia impressionou Tupã, o rei dos deuses. E este, para perpetuar a lembrança do grande amor de Potira, transformou suas lágrimas em diamantes. Daí a razão pela qual os diamantes são encontrados entre os cascalhos dos rios e regatos. Seu brilho e sua pureza recordam as lágrimas de saudade da infeliz Potira.
in Lendas e Mitos do Brasil, de Theobaldo M. Santos
(1)Taba — Aldeia indígena do Brasil, reunião de 4 a 10 ocas.
Comentários: 4
As lendas e mitos de todos os povos sao de uma beleza poética sem par.
Conheco algumas lendas índias mas esta é a primeira versao que leio. A lenda do acaí também é muito bonita.
Boa Páscoa!
Namibiano
Esta foi uma forma muito modesta que encontrei para assinalar o Dia do Índio. Há magníficas fotografias sobre os usos e costumes dos povos indígenas brasileiros (com grande destaque para os que habitam no Alto Xingu) no seguinte sítio do fotógrafo Renato Soares: http://www.imagensdobrasil.art.br/.
Boa Páscoa para si também
Fernando
Fernando, obrigado pelo link, simplesmente maravilhoso!!!
Kandandu
É muito boa mesmo a do açaí 😁😁
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