Beata Joana de Portugal, dita Santa Joana Princesa
Retrato em óleo sobre madeira, da autoria de um pintor português anónimo da segunda metade do séc. XV. Museu de Aveiro, Aveiro |
Para mim, este retrato é uma das mais belas obras da pintura portuguesa de todos os tempos. Representa a Beata Joana de Portugal, a quem chamam Santa Joana, embora nunca tenha sido canonizada; foi apenas beatificada.
Filha mais velha do rei D. Afonso V, nascida em 1452, Joana foi declarada sucessora ao trono de Portugal até ao nascimento do seu irmão João. De acordo com os preceitos da época, assim que nasceu, João passou a ser o sucessor ao trono em vez de Joana por ser filho varão, tendo sido o rei D. João II.
A princesa Joana teve várias ofertas de casamento, qual delas a mais aliciante. Foi-lhe proposto casar-se com o rei Carlos VIII de França, com o rei Ricardo III de Inglaterra e com Maximiliano, filho do imperador Frederico III do Sacro Império Romano-Germânico, entre outros. A todos Joana recusou, preferindo recolher-se num convento, acabando por escolher o Convento de Jesus, em Aveiro, pertencente à Ordem Dominicana, depois de uma breve passagem pelo Convento de Odivelas. Morreu em Aveiro com fama de santidade, no ano de 1490. Tinha, portanto, 38 anos de idade apenas. Os seus restos mortais repousam no mesmo convento onde faleceu, que hoje é o Museu de Aveiro, num sumptuoso túmulo de jaspe com trabalhadíssimos embutidos, que o rei D. Pedro II mandou fazer na transição do séc. XVII para o séc. XVIII.
O autor do retrato que acima se mostra é desconhecido. Há quem diga que pode ter sido Nuno Gonçalves, o genial pintor dos painéis de S. Vicente, que era o pintor régio. Mas uma comparação entre este retrato e os referidos painéis afasta esta hipótese, pois a diferença de estilos é evidente. Seja quem for que pintou este retrato, a verdade é que fez uma obra admirável. Apesar de ter sido retratada ricamente vestida e com uma coroa na cabeça, a infanta aparece-nos com um semblante extraordinariamente humano. Ela podia ter sido retratada com um ar altivo e distante, como convinha a uma princesa, mas não foi. Joana surge no retrato como uma bela e jovem mulher com um ar triste e muito português.
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