Dia de São Silvestre
Abertura (Sinfonia), do Te Deum de 1792 de João de Sousa Carvalho (1745–c.1798), pela Orquestra Gulbenkian dirigida por Pierre Salzmann
No séc. XVIII, tornou-se tradição em Lisboa o canto de um Te Deum no último dia de cada ano (dia de São Silvestre), a fim de agradecer a Deus a dádiva de um ano que passou. Esta tradição foi iniciada pelos jesuítas, que realizavam a cerimónia na Igreja de São Roque, que era o templo da Companhia de Jesus na capital portuguesa. Com o passar dos anos e com a intervenção do rei D. João V, esta celebração em São Roque foi ganhando cada vez mais solenidade e grandiosidade, até que no Te Deum que foi cantado no último dia do ano de 1719, da autoria de Cristóvão da Fonseca, tomaram parte quinze coros!
Um dos mais notáveis Te Deum, de todos quantos foram celebrados na Igreja de São Roque, foi cantado em 1734 e foi da autoria de António Teixeira (1707–1774). É um Te Deum para cinco coros, oito cantores solistas e orquestra. No Youtube, uma alma caridosa publicou a única gravação que existe deste magnífico Te Deum, repartida por sete "vídeos", o primeiro dos quais tem o endereço https://www.youtube.com/watch?v=MeRdUJ1WQnM.
Quando o Marquês de Pombal expulsou os jesuítas de Portugal, a Igreja de São Roque passou para as mãos da Misericórdia de Lisboa, em cuja posse ainda se encontra. O Te Deum de fim de ano passou então a cantar-se na Capela Real da Ajuda, de dimensões mais reduzidas do que as da Igreja de São Roque. Foi para esta capela que o notável compositor João de Sousa Carvalho (1745–c.1798) escreveu três Te Deum, celebrados no fim dos anos de 1769, 1789 e 1792. Aqui se dá a ouvir o início e o fim do Te Deum de 1792.
Há a destacar a seguinte característica nos Te Deum de fim de ano celebrados em Lisboa: começavam por uma Sinfonia, que era uma abertura apenas instrumental, seguida do hino O Salutaris Hostia. Só depois é que era interpretado o Te Deum propriamente dito, findo o qual era ainda cantado um Tantum Ergo Sacramentum.
Tantum Ergo, do Te Deum de 1792 de João de Sousa Carvalho (1745–c.1798), pela Orquestra e Coro Gulbenkian dirigidos por Pierre Salzmann
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