19 maio 2018

Uma viagem à Lua em 1902


A Viagem à Lua, filme mudo realizado em 1902 por Georges Méliès (1861–1938)

A Viagem à Lua é um filme mudo realizado em 1902 pelo cineasta francês Georges Méliès. Este filme, que é o primeiro filme de ficção científica da história do cinema, é também o primeiro filme a utilizar um conjunto de efeitos especiais que julgaríamos impossíveis de realizar naqueles tão recuados tempos. Não admira, porém, que tais efeitos tivessem podido ser levados a cabo. Além de cineasta, Méliès era um ilusionista, dos mais inspirados, inovadores e aplaudidos do seu tempo. A sua criatividade e imaginação fizeram deste filme um dos mais importantes filmes de sempre, que rasgou novos caminhos por onde muitos outros realizadores se aventuraram depois.

A história contada por este filme pode resumir-se da seguinte forma:

Num colóquio de astronomia, o professor Barbenfouillis surpreende o seu auditório quando lhe dá conta do seu projeto de uma viagem à Lua. De seguida, ele organiza uma visita às oficinas onde é construída uma cápsula espacial, que será disparada em direção à Lua por um canhão gigante de 300 metros de comprimento.

Feito o lançamento, seis astrónomos desembarcam na Lua e assistem a um erguer da Terra acima do horizonte lunar. Cansados da viagem, eles deitam-se no chão e adormecem. Aparecem sete estrelas, que representam a constelação da Ursa Maior, e a seguir dois astros: o planeta Saturno e o seu satélite Febo. Ocorre uma tempestade de neve provocada por Saturno e Febo, que os acorda. Refugiam-se numa abertura no solo, onde descobrem cogumelos gigantes, assim como selenitas, habitantes da Lua que os aprisionam e os levam à presença do seu rei. Um dos prisioneiros lança-se sobre o rei, atira-o por terra e conseguem todos escapar, perseguidos pelos selenitas. Um dos perseguidores agarra-se à fuselagem da cápsula que toma o caminho da Terra e cai no mar. Os sábios são recebidos como heróis e exibem triunfalmente o selenita como troféu. Uma estátua em homenagem a Barbenfouillis é erguida na praça principal da cidade, acompanhada da inscrição latina Labor omnia vincit (o trabalho tudo vence).

Este filme foi realizado, como não podia deixar de ser, numa película a preto e branco, pois a complexa fotografia a cores ainda não tinha sido inventada. No entanto, Georges Méliès fez colorir (o termo técnico é "colorizar") uma cópia deste filme. Esta "colorização" foi feita à mão, fotograma a fotograma, num total de 13 375 imagens. A cópia "colorizada" tinha sido dada como perdida, mas foi encontrada em Barcelona em 1993 e restaurada, num processo que custou, ao todo, cerca de 400 000 euros.

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