23 junho 2018

Cós, Alcobaça


Grade de clausura da igreja do convento de Santa Maria de Cós, Alcobaça (Foto de autor desconhecido)

Quem passar pela estrada que liga a Nazaré ao Juncal e Cruz da Légua, a norte de Alcobaça, encontrará, mais ou menos a meio do trajeto, uma edificação de grande dimensões no fundo de um vale. É a igreja do convento de Santa Maria de Cós, que foi um dos conventos mais importantes da ordem de Cister em Portugal.

Do mosteiro de Alcobaça quase não vale a pena falar. Toda a gente sabe que este mosteiro é um dos mais belos e grandiosos monumentos que existem em Portugal. Eu não tenho palavras para descrever o que sinto quando me encontro dentro da grandiosa nave gótica da igreja do mosteiro de Alcobaça, que é tão pura e tão simples que faz elevar o meu espírito ao céu apesar do meu empedernido agnosticismo. Que me perdoem Pedro e Inês, cujos túmulos deslumbram quem os vê. Confesso que gosto mais da despojada nave da igreja do que dos decoradíssimos túmulos dos dois amantes, em estilo gótico flamejante.


Retábulo do altar-mor da igreja do convento de Santa Maria de Cós, Alcobaça (Foto de autor desconhecido)

O convento de Santa Maria de Cós, por seu lado, não existiria se não existisse o mosteiro de Alcobaça. Cós resulta de uma cláusula do testamento do rei D. Sancho II de Portugal, que tinha em vista albergar as mulheres viúvas que quisessem dedicar a Deus o resto dos seus dias e que contribuíssem com o seu trabalho para o bom funcionamento do mosteiro de Alcobaça. O convento de Cós poderá não ter a beleza e a importância do mosteiro de Alcobaça, mas é um monumento que também merece uma atenta visita, apesar da sua aparência exterior pouco apelativa.


Painéis de azulejos rodeando a pia de água benta da igreja do convento de Santa Maria de Cós, Alcobaça (Foto de autor desconhecido)

Dizem alguns historiadores que o convento de Cós foi fundado em 1279 por ordem do abade D. Fernando de Alcobaça, em cumprimento do referido testamento. Quase tudo o que hoje se vê em Cós, porém, é muitíssimo posterior. As vicissitudes da História, mormente o terramoto de 1755 e a extinção das ordens religiosas no séc. XIX, fizeram que quase só restasse nos nossos dias a igreja, do conjunto do edificado conventual original. Mesmo assim, vale a pena visitá-la. A talha dourada dos altares, os silares de azulejos nas paredes, a grade de clausura, as pinturas do teto e uma porta manuelina, entre outras preciosidades, merecem o nosso olhar muito atento.


Porta manuelina da igreja do convento de Santa Maria de Cós, Alcobaça (Foto: Karstenkascais)

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