04 janeiro 2024

Do copofone à harmónica de vidro


O músico anglo-italiano Robert Tiso interpreta uma sua adaptação para copofone da conhecida valsa Danúbio Azul, de Johann Strauss Filho (1825–1899)

Todos sabemos que, se passarmos um dedo molhado pela borda de um copo de cristal, este emite um som puro, com uma frequência bem definida, que será mais aguda ou mais grave consoante as dimensões, o formato e a massa do copo. Todos sabemos também que a frequência do som emitido pelo copo variará, se variarmos a quantidade de água nele contida, dentro dos limites impostos pela capacidade do copo. Se reunirmos um conjunto de copos de cristal de vários tamanhos e os afinarmos de acordo com a escala diatónica, vertendo neles mais ou menos água, obteremos um instrumento musical que se toca com as polpas dos dedos molhadas e que em português é chamado copofone.


Adágio e Rondó para Harmónica de Vidro, Flauta, Oboé, Violeta e Violoncelo, Köchelverzeichnis 617, de Wolfgang Amadeus Mozart (1756–1791), por Christa Schönfeldinger em harmónica de vidro, Maria Beatrice Cantelli em flauta, Paul Meier em oboé, Axel Kircher em violeta e Floris Fortin em violoncelo

Além de ter sido um dos "pais" da independência dos Estados Unidos, Benjamin Franklin foi um notável inventor. É sabido que foi ele que inventou o para-raios, o que lhe poderia ter custado a vida, mas menos conhecido do que o para-raios é o instrumento musical por ele inventado, baseado na sonoridade dos copos de cristal referida acima. Franklin chamou harmónica de vidro a este instrumento, que é constituído por um conjunto de semi-esferas ocas de cristal, de diferentes tamanhos e unidas umas às outras pelos seus centros, que são atravessados por um eixo comum, o qual se põe a girar (e com ele as semi-esferas) acionando um pedal. A harmónica de vidro é tocada colocando os dedos molhados nas semi-esferas em rotação. Alguns compositores escreveram peças musicais para harmónica de vidro, entre os quais se contam Wolfgang Amadeus Mozart, Ludwig van Beethoven, Gaetano Donizetti, etc.

Comentários: 4

Blogger Maria João Brito de Sousa escreveu...

Ao copofone - por mais horrível que o seu nome me soe - já o conhecia, mas harmónica de vidro inventada pela mente brilhante de Ben Franklin, nunca a tinha ouvido, nem a tinha visto ser tocada.

Um abraço, Fernando!

05 janeiro, 2024 14:45  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Tem razão, Maria João, a palavra "copofone" é horrível, mas foi a que encontrei. Se quiser, chame-lhe "harpa de vidro", em tradução direta do inglês, apesar de os copos serem completamente diferentes das cordas de uma harpa.

Um abraço

08 janeiro, 2024 18:37  
Blogger Isabel escreveu...

Faço minhas as palavras da Maria João Brito: nunca tinha ouvido falar de tal instrumento! Interessante.

Boa noite:))

08 janeiro, 2024 23:10  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Cara Isabel,
Há pessoas que têm uma criatividade que me faz inveja. Franklin tinha-a, Edison tinha-a e outros mais tinham-na. Eu não tenho :-(

Entretanto descobri no Youtube um outro instrumento, se assim se pode chamar, que mais não é do que um aperfeiçoamento do copofone. Em vez de copos de cristal de diferentes tamanhos, esse instrumento tem tubos de cristal, todos com igual diâmetro, mas com comprimentos diferentes. É chamado verrophone. Como a palavra "verre" significa vidro em francês, poderemos chamar-lhe vidrofone em português. Eis um exemplo de "verrophone": https://www.youtube.com/watch?v=0TeRBiqB9ug.

10 janeiro, 2024 01:30  

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