António Carneiro
Sinfonia Azul, 1910, óleo sobre tela de António Carneiro, Centro de Arte Moderna, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal
Eu não sei que feitiço têm as musas do Tâmega, que faz com que nas margens deste belíssimo rio tenha nascido um conjunto de personalidades marcantes da cultura portuguesa. Amadeo de Souza-Cardoso era de Amarante, Teixeira de Pascoes era de Amarante, Agustina Bessa-Luis é de Amarante, etc., e também António Carneiro era de Amarante.
António Teixeira Carneiro Júnior foi um pintor e desenhador nascido em 1872 que se tornou um dos maiores artistas plásticos portugueses. Estudou no Porto, onde foi aluno de Marques de Oliveira e de Soares dos Reis, entre outros, e a seguir foi para Paris continuar os seus estudos, com mestres como Benjamin Constant. De volta a Portugal, tornou-se ele mesmo professor na Academia de Belas-Artes do Porto. Faleceu nesta última cidade em 1930.
Amigo pessoal do seu conterrâneo Teixeira de Pascoaes, António Carneiro pode, até certo ponto, ser considerado um equivalente, para as artes plásticas, do que Pascoaes foi para a poesia. António Carneiro rompeu com a corrente naturalista, que era predominante no seu tempo, e tornou-se o único cultor em Portugal da pintura simbolista. Em vez de procurar representar fielmente uma dada paisagem, uma certa cena histórica ou um determinado rosto, António Carneiro procurou exprimir a espiritualidade que emana dessa paisagem, dessa cena histórica ou desse rosto. Por isso ele foi chamado «retratista de almas».
A vasta obra de António Carneiro encontra-se espalhada por diversos museus e instituições, sobretudo em Portugal e no Brasil, mas atrevo-me a destacar a sua casa-oficina na zona do Bonfim, no Porto, numa rua que tomou o seu nome e onde se encontra uma boa parte do seu espólio, incluindo cerca de três centenas de obras de arte. Transformada em museu, a Casa-Oficina António Carneiro pertence atualmente à Câmara Municipal do Porto, mas encontra-se temporariamente encerrada para obras de reabilitação.
Autorretrato, 1918, óleo sobre tela de António Carneiro, Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto, Portugal
Melgaço, c. 1921, óleo sobre tela de António Carneiro, Centro de Arte Moderna, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal
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