08 maio 2019

Almoço na relva


Le Déjeuner sur l'herbe, óleo sobre tela de Édouard Manet (1832–1883), Musée d'Orsay, Paris, França

Le Déjeuner sur l'herbe é um quadro do pintor francês Édouard Manet que escandalizou o público quando foi exposto pela primeira vez, no ano de 1863, o que levou à sua retirada da exposição. Só muitos anos mais tarde é que esta obra foi socialmente aceite.

Logo no primeiro momento, o nosso olhar dirige-se para a figura brilhantemente iluminada de uma mulher nua. Ao pé dela, em contraste, estão dois homens vestidos que conversam entre si, parecendo quase ignorar a presença de uma mulher nua a seu lado. Se a mulher estivesse vestida, este quadro representaria um vulgar piquenique de burgueses. Mas ela está nua, e no entanto os seus companheiros não se mostram perturbados com a sua presença, como se a sua nudez fosse coisa normal.

Há quem veja nesta mulher nua a representação de uma prostituta. Discordo completamente. Se Manet quisesse representá-la como uma prostituta, não a teria retratado com o corpo dobrado de forma bastante recatada e com uma mão no queixo. Tê-la-ia representado com uma pose mais desbragada. Assim como está, esta mulher parece ser apenas uma amiga deles, que está nua simplesmente porque tomou banho no rio, lá atrás.

Em segundo plano, uma outra mulher, vestida com uma peça de roupa leve, ainda toma banho. No entanto, as dimensões desta outra mulher são demasiado grandes relativamente à distância que o quadro sugere. Propositadamente ou não, Manet quebrou a noção de perspetiva com a representação desta banhista. Uma tal ausência de perspetiva e as sombras muito suavizadas do quadro sugerem que ele foi pintado, não ao ar livre, como pareceria à primeira vista, mas sim num estúdio, com iluminação filtrada e com os três modelos em primeiro plano retratados diante de um cenário que representa uma mulher banhando-se.

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