12 maio 2019

O mosteiro de Ferreira


Capitéis do portal ocidental da igreja do mosteiro de São Pedro de Ferreira, no concelho de Paços de Ferreira (Foto: Rota do Românico)

A região de Entre-Douro-e-Minho está recheada de monumentos românicos. Para quem, como eu, é um grande apreciador deste estilo arquitetónico medieval, o Entre-Douro-e-Minho é um paraíso. Só nas bacias dos rios Tâmega e Sousa, ambos afluentes do rio Douro, estão incluídos na chamada Rota do Românico 58 monumentos! Cinquenta e oito! Quase poderíamos dizer que a cada curva da estrada tropeçamos num monumento românico…

Uma tal profusão de monumentos românicos, que são quase todos igrejas, capelas ou mosteiros, deve-se ao estabelecimento de uma certa paz na região, depois de os mouros terem sido afastados para as margens do rio Tejo e de os normandos, ou vikings, terem deixado de constituir, eles também, uma ameaça. Esta paz permitiu que as populações pudessem criar alguma riqueza em terras agricolamente férteis. Esta (muito relativa) riqueza, por um lado, e a religiosidade cristã, por outro, associada, aliás, a crenças pagãs ainda vivas no imaginário popular, levaram à construção de numerosos templos e à implantação de ordens religiosas na região.


Portal ocidental da igreja do mosteiro de São Pedro de Ferreira, no concelho de Paços de Ferreira (Foto: Rota do Românico)

A um par de quilómetros do centro da cidade de Paços de Ferreira, famosa pela sua indústria de mobiliário, e a idêntica distância da vila de Freamunde, muito procurada em vésperas do Natal por causa dos seus saborosos capões, fica a igreja do mosteiro de São Pedro de Ferreira, classificada como Monumento Nacional.

As origens do mosteiro de Ferreira são anteriores à nossa nacionalidade, datando do séc. X, quando uma poderosa e influente condessa de Portucale, chamada Mumadona Dias, lhe fez referência no seu testamento. Mumadona Dias é uma figura incontornável da História do Condado Portucalense, a ela se devendo, por exemplo, a construção do castelo de Guimarães. Aparentemente, pelo menos, é também a ela que se deve a construção do mosteiro de Ferreira, se bem que o templo que hoje se ergue no local não seja o templo original de Mumadona Dias, mas um outro que o substituiu no séc. XII.

A atual igreja do mosteiro de Ferreira é um templo deveras interessante, sobretudo por causa do seu original portal ocidental, que parece feito de renda, e da existência de vestígios de um nártex ou galilé, provavelemente com função funerária, dos quais restam um muro, arcos de volta redonda e um campanário.


O campanário e antigo nártex da igreja do mosteiro de São Pedro de Ferreira, no concelho de Paços de Ferreira (Foto: Rota do Românico)

Comentários: 0

Enviar um comentário