08 setembro 2019

Três Concertos Brandeburgueses de Bach


Concerto Brandeburguês N.º 1 em fá maior, BWV 1046, Concerto Brandeburgês N.º 6 em si maior, BWV 1051, e Concerto Brandeburguês N.º 3 em sol maior, BWV 1048, de Johann Sebastian Bach (1685–1750), pela Orquestra Barroca Casa da Música dirigida por Laurence Cummings

Eu hesitei bastante antes de publicar este vídeo. É um vídeo longo, praticamente com 1 hora de duração, que inclui, não um, não dois, mas três Concertos Brandeburgueses de Bach. É muita música de uma vez só, para um blog generalista (chamemos-lhe assim) como é este. Acabei por decidir publicar o vídeo por várias razões.

Johann Sebastian Bach não foi um compositor qualquer. Pessoalmente, considero-o um dos mais geniais, se não mesmo o mais genial, de todos os autores de música europeia de sempre. Acho, portanto, que é da maior importância dar a ouvir música de Bach a quem visitar o meu modesto blog.

«Mas logo três concertos de uma vez só?», perguntar-me-ão. «Porque não apenas um, ou então só um andamento de um destes concertos?» Eu sou contra a escuta de um único andamento de uma obra que tem mais do que um. Um concerto, uma sonata, uma sinfonia ou o que quer que seja que tenha mais do que um andamento só faz sentido se for ouvido na totalidade. Ouvir um andamento apenas é truncar uma obra de arte. Embora já o tenha feito, evito dar a escutar uma obra truncada neste blog. O "Hino à Alegria", que faz parte do quarto andamento da Nona Sinfonia de Beethoven, por exemplo, é muito bonito e muito popular, mas só faz sentido se ele for o culminar de uma sinfonia inteira e muito longa, que Beethoven escreveu da forma mais penosa possível para um compositor: mergulhado na mais completa surdez. É preciso ouvir toda a Nona Sinfonia, desde o princípio até ao fim, para que se possa sentir a verdadeira alegria vivida por Beethoven, quando conseguiu superar a sorte que o destino que lhe tinha reservado compondo uma sinfonia. É uma alegria sentida por quem vence a própria dor. Portanto, uma obra com vários andamentos deve ser sempre ouvida completa.

«Pronto, está bem, ouça-se então uma obra completa. Mas só uma! Agora três?! Porquê três Concertos Brandeburgueses em vez de um só? Você podia passar o Concerto Brandeburguês n.º 3, por exemplo.» O vídeo que aqui apresento tem três concertos e não um só, porque é uma gravação de um espetáculo dado na Casa da Música, no Porto, em 8 de novembro de 2015, foi transmitido pela RTP e não fui eu quem o publicou no Youtube. Tocou a Orquestra Barroca Casa da Música, que além de ser uma das melhores orquestras do mundo neste género de agrupamento musical, é da Casa da Música e é da cidade do Porto. E ouve-se música de Bach. E é introduzida em português, o que também é importante.

Comentários: 4

Blogger Maria João Brito de Sousa escreveu...

Valeu a pena Fernando, valeu a pena!

Abraço

08 setembro, 2019 13:46  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Obrigado pela resposta, Maria João. Ainda bem.

Como é dito no vídeo, os Concertos Brandeburgueses foram utilizados por Bach para tentar conseguir um novo emprego na corte do margrave de Brandeburgo. Mas não é dito se Bach foi admitido ou não no novo emprego. A resposta é não, Bach não foi admitido no novo emprego na corte de Brandeburgo.

Bach veio a ser admitido, isso sim, como mestre de capela da igreja de S. Tomás na cidade de Leipzig, o que pode ser interpretado como uma despromoção para alguém como ele, que já trabalhara para um príncipe. E foi mesmo uma despromoção, pelo menos do ponto de vista material e das condições de vida proporcionadas a Bach em Leipzig. Ainda por cima, Bach não era homem para "comer e calar", tendo sempre uma resposta pronta na ponta da língua, o que lhe valeu sérios desentendimentos com diversas personalidades importantes de Leipzig.

Apesar dos desentendimentos que teve em Leipzig e das muitas obrigações, muito estritas e muito exigentes, que teve que cumprir por força do contrato de trabalho por ele assinado (Bach tinha uma família numerosa para sustentar e não podia recusá-las), a estadia de Bach em Leipzig foi muito produtiva, tanto em termos de qualidade como de quantidade das obras que compôs, com uma profusão de cantatas, oratórias e outras obras de música sacra, que passaram a deliciar os ouvidos das gerações vindouras até aos nossos dias. Podemos dizer que foi em Leipzig que o génio de Bach atingiu o seu apogeu, fruto de um amadurecimento ocorrido ao longo de muitos anos. Bach morreu cego e doente em Leipzig em 1750, com 65 anos de idade, e está sepultado na "sua" igreja de S. Tomás.

09 setembro, 2019 18:17  
Blogger Ricardo Santos escreveu...

João Sebastião é sempre um prazer ouvir !!!
Obrigado Fernando

10 setembro, 2019 22:12  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Eu que o diga, meu caro Ricardo Santos. Sou um grande fã de Bach, que foi para mim o maior compositor europeu de sempre, ainda que tenha havido outros compositores europeus geniais, como Mozart, Beethoven, Wagner ou Mahler.

Bach teve ao todo 20 filhos(!), frutos dos seus dois casamentos. Nem todos os filhos chegaram à idade adulta, longe disso, pois nesse tempo as pessoas morriam cedo. «Filho de peixe sabe nadar», costuma-se dizer, e por isso é de esperar que alguns dos seus filhos tenham sido brilhantes compositores, tal como o pai. Alguns foram realmente brilhantes compositores, embora não tenham atingido a genialidade do seu pai. O filho mais brilhante de Bach foi certamente o seu segundo filho, Carl Philipp Emanuel Bach, que lançou as bases para uma nova corrente musical, a da música clássica no sentido estrito do termo, que muitos e grandes compositores nos havia de dar (Haydn, Mozart, Gluck, etc.). O filho mais velho do João Sebastião, Wilhelm Friedemann Bach, também foi um brilhante compositor, como brilhante foi o mais novo de todos, Johann Christian Bach. Nenhum deles, porém, chegou sequer aos calcanhares do velho João Sebastião, que foi absolutamente insuperável.

11 setembro, 2019 03:27  

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