Um poema do bispo D. Pedro Casaldáliga
A PAZ INQUIETA
Dá-nos, Senhor, aquela PAZ inquieta
Que denuncia a PAZ dos cemitérios
E a PAZ dos lucros fartos.
Dá-nos a PAZ que luta pela PAZ!
A PAZ que nos sacode
Com a urgência do Reino.
A PAZ que nos invade,
Com o vento do Espírito,
A rotina e o medo,
O sossego das praias
E a oração de refúgio.
A PAZ das armas rotas
Na derrota das armas.
A PAZ do pão da fome de justiça,
A PAZ da liberdade conquistada,
A PAZ que se faz “nossa”
Sem cercas nem fronteiras,
Que é tanto “Shalom” como “Salam”,
Perdão, retorno, abraço…
Dá-nos a tua PAZ,
Essa PAZ marginal que soletra em Belém
E agoniza na Cruz
E triunfa na Páscoa.
Dá-nos, Senhor, aquela PAZ inquieta,
Que não nos deixa em PAZ!
Pedro Casaldáliga (1928–2020), missionário catalão, bispo em S. Félix do Araguaia, Brasil, e um dos expoentes da Teologia da Libertação
Comentários: 3
Poema? Oração? Hino à Paz? Panfleto?
Soubesse eu cantar assim
e seria poeta!
Caro Rogério,
Este poema-oração foi escrito por um bispo que usava chapéu de palha em vez de mitra, um cajado indígena em vez de báculo e um anel de tucum (semente de uma palmeira da Amazónia) em vez de anel de ouro. Foi perseguido pela ditadura militar brasileira, foi ameaçado de morte várias vezes, mas manteve-se do lado dos pobres até ao fim.
Comungo e quero muito essa PAZ !!!
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