Onde estão os bandidos?
The Knight Errant, 1870, óleo sobre tela de John Everett Millais (1829–1896), Tate Gallery, Inglaterra, Reino Unido
O quadro que aqui se reproduz é uma representação romantizada de uma das figuras mais marcantes da literatura medieval europeia, em geral, e portuguesa, em particular. É a figura do cavaleiro andante, um cavaleiro que andaria de terra em terra a combater os opressores e a defender a honra das damas.
Talvez o exemplo mais marcante de literatura cavaleiresca europeia é o do "Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda", que é um conjunto de escritos que se foram somando ao longo da Idade Média desde por volta do séc. IX, na Grã-Bretanha. Em Portugal, também se escreveram vários romances cavaleirescos, nomeadamente "Os Doze de Inglaterra", cujas façanhas Luís de Camões refere em "Os Lusíadas", "Amadis de Gaula", de autor anónimo português e reescrito e publicado em castelhano no séc. XVI, "Palmeirim de Inglaterra", escrito por Francisco de Morais, também no séc. XVI, etc. Diz-se que o infante D. Pedro, filho do rei D. João I e homem viajado pelas sete partidas, terá sido ele mesmo um cavaleiro andante também.
Deixemos a literatura e concentremo-nos agora no quadro. O que vemos nele? Vemos um garboso cavaleiro de armadura vestida, cortando com a sua espada as amarras que prendem uma formosa donzela a uma árvore. Vemos a roupa dela a seus pés, algumas árvores ao fundo e a lua em quarto crescente no canto superior esquerdo.
Se clicarmos na imagem, com vista a ampliá-la, poderemos reparar que a espada do cavaleiro está suja de sangue. O sangue é de quem? Será por certo de um bandido, que prendeu a donzela à árvore e que o cavaleiro matou. Onde está o bandido? Está no quadro também, estendido no chão. Na verdade, está um bandido estendido no chão e estão mais dois bandidos em fuga.
Isto agora já parece um passatempo do tipo "Onde está Wally?". Neste caso, a pergunta é: onde estão os bandidos? Alguém consegue localizá-los? Deixo uma dica: os bandidos em fuga e o bandido morto estão no quadrante superior direito do quadro.
Comentários: 8
Com estes meus encataratados olhos, tudo o que vou conseguindo distinguir é a donzela e o garboso cavaleiro...
Abraço, Fernando.
Consigo ver bem. Mas não tinha reparado em nenhum, antes da sua referência.
Um bom fim-de-semana:))
Os bandidos não são fáceis de encontrar mas, assim que se encontram, veem-se razoavelmente bem.
No meu texto, eu tencionava evocar o "cavaleiro da triste figura", D. Quixote de la Mancha, mas depois esqueci-me. Evoco agora, lembrando que a principal personagem da obra-prima de Miguel de Cervantes ficou mentalmente perturbado por ter lido demasiados romances de cavalaria...
Não os consigo mesmo vislumbrar com estas impiedosas cataratas...
Espero nunca ficar mentalmente perturbada por escrever demasiados sonetos :)
Abraço!
A Maria João tem escrito muitos sonetos ultimamente, mas eles são tão bons que nunca são demasiados. Leio-os todos.
Para ajudá-la a vislumbrar os bandidos no quadro, assinalei-os aqui e individualizei-os aqui e aqui. Agora já consegue saber onde eles estão?
Conseguem ver-se sim, lá mesmo no canto superior direito, dois bandidos a correrem !
Ricardo, veem-se dois bandidos a correr no canto superior direito do quadro e um bandido estendido no chão junto à borda direita, mais ou menos à altura do ombro do cavaleiro. O que terá levado o pintor a representar os bandidos de uma forma tão discreta? É estranho.
Talvez o pintor não quisesse evidenciar os dois ladrões a fugir, e limitou-se a colocá-los num canto, colocando no centro a imagem do resgate da rapariga !
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