14 junho 2021
Companheiros de jornada
- A Arte em Portugal
- A Cidade Surpreendente
- À Flor da Pele
- A Minha Sanzala
- A Zorra da Boavista
- Aberto até de Madrugada
- About Portugal
- Acervo Origens
- Ambiente Ondas3
- Angola, Debates & Ideias
- Angola Profunda
- Arpose
- Atento
- Azul-canário
- BDBD - Blogue De Banda Desenhada
- Brasil Cultura Indígena
- Cineclube do Porto
- ComJeitoeArte
- Conosaba do Porto
- Conversa Avinagrada
- Crônicas Indigenistas
- Der Terrorist
- Détours des Mondes
- Do Porto e não só…
- Do Tempo da Outra Senhora
- Eis as Montanhas que os Ratos Vão Parindo
- Ensaios: Comunicação, Etnografia e História
- Fotografias Daqui e Dali
- Helder Pacheco
- Herdeiro de Aécio
- Ilustração Antiga
- Imagens da Vida Animal
- Jardim das Delícias
- Kukalesa
- Língua Portuguesa: perguntas e respostas!
- Luís Graça & Camaradas da Guiné
- Maka Angola
- Memórias e Imagens
- Mundurukando
- Musica Escarlate
- O Falcão de Jade
- O Pacto Português
- O Porto encanta e outras viagens
- O Universo numa Casca de Noz
- Ondjira Sul
- Palavras Daqui e Dali
- Parque Serras do Porto
- Plantas: Beleza e Diversidade
- poetaporkedeusker
- Porto das Pipas
- Regard Éloigné
- Rua da Índia, 76
- Sorumbático
- Tendências do imaginário
- Tttangerina
- Um Reino Maravilhoso
Matéria deste tempo
- Jornalismo PortoNet
- IPS - Inter Press Service News Agency
- RFI - Rádio França Internacional
- Deutsche Welle
- Voz da América
- Yandê
- SOS Racismo
Matéria de todos os tempos
- Médecins sans Frontières
- Amnesty International
- Human Rights Watch
- Watchlist on Children and Armed Conflict
- Greenpeace International
- The HALO Trust
- Transparency International
- Mines Advisory Group
- Forest Peoples Programme
- Povos Indígenas no Brasil
- Hutukara
- Thydêwá
- Associação Floresta Protegida Mẽbêngôkre/Kayapó
- Portal Kaingang
- Colonial Voyage
- Buala, Cultura Contemporânea Africana
- Joel Santos
- Associação dos Deficientes das Forças Armadas
- Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
- Privacidade online para jornalistas
- Mwelo Weto - Literatura, Linguística e Cultura Africana
- A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria
- The Atlas of Beauty
- Olivier Fölmi
- Carol Beckwith & Angela Fisher
Arquivos
- janeiro 2006
- fevereiro 2006
- março 2006
- abril 2006
- maio 2006
- junho 2006
- julho 2006
- agosto 2006
- setembro 2006
- outubro 2006
- novembro 2006
- dezembro 2006
- janeiro 2007
- fevereiro 2007
- março 2007
- abril 2007
- maio 2007
- junho 2007
- julho 2007
- agosto 2007
- janeiro 2010
- fevereiro 2010
- março 2010
- abril 2010
- maio 2010
- junho 2010
- julho 2010
- agosto 2010
- setembro 2010
- outubro 2010
- novembro 2010
- dezembro 2010
- janeiro 2011
- fevereiro 2011
- março 2011
- abril 2011
- maio 2011
- junho 2011
- julho 2011
- agosto 2011
- setembro 2011
- outubro 2011
- novembro 2011
- dezembro 2011
- janeiro 2012
- fevereiro 2012
- março 2012
- abril 2012
- maio 2012
- junho 2012
- julho 2012
- agosto 2012
- setembro 2012
- outubro 2012
- novembro 2012
- dezembro 2012
- janeiro 2013
- fevereiro 2013
- março 2013
- abril 2013
- maio 2013
- junho 2013
- julho 2013
- agosto 2013
- setembro 2013
- outubro 2013
- novembro 2013
- dezembro 2013
- janeiro 2014
- fevereiro 2014
- março 2014
- abril 2014
- maio 2014
- junho 2014
- julho 2014
- agosto 2014
- setembro 2014
- outubro 2014
- novembro 2014
- dezembro 2014
- janeiro 2015
- fevereiro 2015
- março 2015
- abril 2015
- maio 2015
- junho 2015
- julho 2015
- agosto 2015
- setembro 2015
- outubro 2015
- novembro 2015
- dezembro 2015
- janeiro 2016
- fevereiro 2016
- março 2016
- abril 2016
- maio 2016
- junho 2016
- julho 2016
- agosto 2016
- setembro 2016
- outubro 2016
- novembro 2016
- dezembro 2016
- janeiro 2017
- fevereiro 2017
- março 2017
- abril 2017
- maio 2017
- junho 2017
- julho 2017
- agosto 2017
- setembro 2017
- outubro 2017
- novembro 2017
- dezembro 2017
- janeiro 2018
- fevereiro 2018
- março 2018
- abril 2018
- maio 2018
- junho 2018
- julho 2018
- agosto 2018
- setembro 2018
- outubro 2018
- novembro 2018
- dezembro 2018
- janeiro 2019
- fevereiro 2019
- março 2019
- abril 2019
- maio 2019
- junho 2019
- julho 2019
- agosto 2019
- setembro 2019
- outubro 2019
- novembro 2019
- dezembro 2019
- janeiro 2020
- fevereiro 2020
- março 2020
- abril 2020
- maio 2020
- junho 2020
- julho 2020
- agosto 2020
- setembro 2020
- outubro 2020
- novembro 2020
- dezembro 2020
- janeiro 2021
- fevereiro 2021
- março 2021
- abril 2021
- maio 2021
- junho 2021
- julho 2021
- agosto 2021
- setembro 2021
- outubro 2021
- novembro 2021
- dezembro 2021
- janeiro 2022
- fevereiro 2022
- março 2022
- abril 2022
- maio 2022
- junho 2022
- julho 2022
- agosto 2022
- setembro 2022
- outubro 2022
- novembro 2022
- dezembro 2022
- janeiro 2023
- fevereiro 2023
- março 2023
- abril 2023
- maio 2023
- junho 2023
- julho 2023
- agosto 2023
- setembro 2023
- outubro 2023
- novembro 2023
- dezembro 2023
- janeiro 2024
- fevereiro 2024
- março 2024
- abril 2024
- maio 2024
- junho 2024
- julho 2024
- agosto 2024
- setembro 2024
- outubro 2024
- novembro 2024
Comentários: 6
PORTO, SAGRES, KAYAK OU PORTUGUÊS SUAVE, QUASE TODOS OS MÉDICOS QUE CONHECI - E CONHECI MUITOS - FUMAVAM, NA DÉCADA DE 70.
ABRAÇO!
(PERDOE-ME AS MAIÚSCULAS MAS SEMPRE AJUDAM UM POUCO QUEM, COMO EU, TEM UMA ACUIDADE VISUAL MUITO REDUZIDA)
Este anúncio do tabaco é/era criminoso, também havia outro a anunciar o "Kart dá quilómetros de prazer"
E o que dizer da publicidade à Marlboro nos EUA, quando os anúncios eram feitos por bebés!!!
'Gee, Mammy, you sure enjoy your Marlboro' ou 'Gee, Dad, you always get he best of everyhing ...even Marlboro.
Pois, os médicos também fumam e até durante as consultas arranjam um 'venho já', regressando a tresandar à cigarrada. Conheço um caso de um médico de pneumologia!.
Eu fumei mais de 50 anos, desde criança, agora com a DPOC os problemas respiratórios são muito graves chegando ao ponto de cansar-me a lavar os dentes e a comer. Canso-me a comer!!!
Abraço
Valdemar Queiroz
Cara Maria João,
Pode escrever em maiúsculas ou como quiser. Só não pode escrever em carateres chineses, porque não os entendo.
Em 1970, quase todos os médicos eram homens e quase todos os homens fumavam. Não é de espantar, por isso, que quase todos os médicos fumassem. A mentalidade da época era tal, que um homem que não fumasse poderia ver a sua própria masculinidade posta em causa!
Mas em 1970 já havia uma consciência muito aguda de que os cigarros faziam mal à saúde. E muitos médicos já se sentiam desconfortáveis com o vício que os mantinha presos aos cigarros. Apesar de serem fumadores, muitos deles já confidenciavam: «Que autoridade moral tenho eu para recomendar a um doente que deixe de fumar, se eu próprio sou fumador?»
A indústria dos cigarros também tinha clara consciência do mal que os seus produtos faziam. A prova disso é que, em 1970, a indústria multiplicava as marcas de cigarros com filtro, de que a marca Porto é apenas um exemplo, e até lançou novas marcas que tinham filtros de carvão, supostamente mais eficazes na eliminação do alcatrão. Foi o caso das marcas de cigarros Estoril e Sintra, assim como das suas versões mais curtas, Tamariz e Monserrate. Poucos anos depois, descobriu-se que as partículas de carvão libertadas pelo filtro eram elas próprias potencialmente cancerígenas, os filtros de carvão foram proibidos e as marcas Estoril, Sintra, Tamariz, Monserrate e outras foram retiradas do mercado.
Caro Valdemar Queiroz,
Eu não queria estar na sua pele. Dizer-lhe que estou solidário consigo é um fraco consolo. Vou dizer-lhe o quê, então?
Tive uma tia que fumou durante décadas, desde quando nenhuma mulher fumava. Ela queria afirmar-se perante a sociedade como uma mulher livre e independente, que em nada ficava a dever aos homens, e começou a fumar como eles. Foi uma mulher verdadeiramente extraordinária, de facto, mas escusava de fumar. Os últimos anos da sua vida foram uma tortura constante, em permanente falta de ar. Julgo que sofria do mesmo mal que o Valdemar. Era arrepiante vê-la a arfar, a arfar, querendo respirar e quase não podendo. Ficava completamente exausta só por se deslocar da sala para a casa de banho. Teve uma péssima qualidade de vida por causa do maldito tabaco.
Eu deixei de fumar em 1979 e nunca mais pus um cigarro na boca, aceso ou apagado. Bendigo a hora em que decidi fazê-lo, apesar de ter sofrido com a privação do tabaco durante mais de seis meses. Eu estava completamente viciado e o organismo reclamava-me a sua dose de nicotina, 24 horas por dia e 7 dias por semana. Se alguém quiser deixar de fumar, recorra a todas as ajudas possíveis e imaginárias, porque a síndrome da privação é uma coisa medonha, de fazer trepar pelas paredes. A nicotina é uma droga que escraviza.
Fumei até Maio de 1985, e na altura ia fazer 32 anos.
A marca Porto fumei durante algum tempo :) !
Felizmente que me livrei do vício, que não faz nada bem à nossa saúde e não remeida piscologicamente, absolutamente nada !
Caro Fernando Ribeiro
Isto do vicio de fumar cigarros é terrível, ainda por cima não se considerar um "vicio anti social". Realmente nunca ninguém foi preso por roubar pra comprar cigarros, e o vicio é abrangente a todas as classes sociais só se diferenciando na marca/preço do maço de cigarros.
Eu comecei a fumar em criança 14-15 anos e acabei aos 65 já muito debilitado e uns dias antes de ir quase em coma para o Hospital Amadora-Sintra.
Já andava com muitas dificuldades, mas continuava a fumar e deixei de repente numa circunstância nitidamente psicológica.
Habitualmente, e já com dificuldades de locomoção, visitava o meu filho a viver nos Países Baixos e tínhamos estado a falar ao telefone na impossibilidade de os visitar daquela vez.
Depois teria havido conversa com minha nora relatando o meu estado de saúde e o meu neto compreendeu a conversa. Entretanto a mãe do meu filho seguiu sozinha e quando lá chegou o meu neto não me viu e perguntou se eu tinha morrido.
E foi quando o meu filho me telefonou a contar a admiração/constatação do meu neto que eu deixei de fumar nesse momento e nunca mais fumei: um maço e meio ainda estão numa mesa desde esse dia.
Dois dias depois fui para o Hospital e estive internado quase um mês. Com acompanhamento de consultas de pneumologia há mais de dez anos tenho feito os tratamentos e por mais três vezes tive recaídas voltando de ser internado por períodos de quinze dias.
E cá vou indo acompanhado do inseparável oxigênio sem poder fazer grandes saídas de casa.
Abraço
Valdemar Queiroz
Caro Ricardo Santos,
Fumei muitas marcas de cigarros, mas não Porto. A marca que mais fumei foi SG Gigante. De todas as marcas que fumei, a que mais me agradou foi a 555, que fumei durante alguns meses em Angola, quando cumpria o serviço militar e estava colocado na fronteira. A marca 555 era inglesa, mas os cigarros que eu comprava eram fabricados sob licença na República do Zaire, atual República Democrática do Congo. Eu comprava-os aos contrabandistas, que os traziam do país do Mobutu, porque os cigarros angolanos não me satisfaziam, de maneira nenhuma, apesar de haver uma grande profusão de marcas (AC, Belmar, Capri, Set Internacional, etc. etc. etc.).
Caro Valdemar Queiroz,
Fico-lhe muito agradecido e contristado pelo que me conta. Não consigo imaginar como deve sofrer. O apoio moral que eu lhe poderei dar não será de muita utilidade, mas vou fazer o quê? Com toda a sinceridade, desejo-lhe tudo de bom.
Eu deixei de fumar às 16 horas do dia 1 de julho de 1979. Nessa ocasião queimei o último cigarro (SG Gigante) e, por coincidência, o último fósforo que tinha. Seguiu-se uma odisseia que nunca imaginei que pudesse ser como foi.
À noite deitei-me já com uma grande ânsia de fumar e quase não dormi. Passei a noite a dar voltas na cama, ao mesmo tempo que chupava em seco. O dia seguinte foi um dos mais miseráveis de toda a minha vida. A vontade de fumar era avassaladora, o estômago revolvia-se (quase vomitei) e a minha cabeça estava mergulhada numa confusão absoluta. No mais completo sentido do termo, eu não sabia de que terra era. Não sabia mesmo. Ainda assim, resisti. Como foi isto possível?
Foi possível porque ao mesmo tempo que eu me sentia horrivelmente mal, reparei que estava a pigarrear, coisa que eu não costumava fazer. Depositei um pouco de saliva num lenço e vi que, em vez de uma saliva límpida, incolor e com bolhinhas, como são todas as salivas, eu tinha no lenço um fluido baço, acinzentado e de aspeto repugnante. Os meus pulmões tinham iniciado um processo de limpeza do alcatrão que neles se tinha depositado. Pensei: «Olha a porcaria que eu tenho nos pulmões! Que nojo!» A minha decisão de deixar de fumar reforçou-se, pois eu tinha que me libertar daquele sarro, custasse o que custasse.
O segundo dia foi um dia de sofrimento igual ao anterior mas, simultaneamente, de encantamento e de esperança no futuro. De manhã levantei-me cheio de sono, porque quase não dormira, mas ao mesmo tempo senti-me com uma força e um vigor, como não me tinha sentido há muitos anos. Eu sentia-me com uma energia absolutamente transbordante. Sentia-me capaz de dar uma tareia ao campeão do mundo de boxe. Sentia-me capaz de bater o recorde olímpico da maratona. Sentia-me invencível.
Mas esta sensação de energia não era tudo. Tão importante ou mais do ela, foi o facto de eu ter recuperado os sabores e cheiros da minha infância. O pão fresco com manteiga sabia-me a pão fresco com manteiga, e não a pão com manteiga e tabaco. A carne sabia-me a carne, e não a carne e tabaco. O peixe sabia-me a peixe, e não a peixe e tabaco. As minhas papilas gustativas deixaram de estar saturadas de tabaco e passaram a dar-me os sabores que as comidas verdadeiramente tinham.
O mesmo se passou com a minha pituitária. As rosas cheiravam a rosas, e não a rosas e tabaco. Os pinheiros cheiravam a pinheiro, e não a pinheiro e tabaco. A maresia cheirava a maresia, e não a maresia e tabaco. Senti-me de volta à minha infância, com a energia, os cheiros e os sabores de quando tinha dez anos de idade. Pensei: «Apesar de tudo, vale a pena deixar de fumar. NÃO POSSO VOLTAR ATRÁS!»
Ao fim de uma semana, as reações físicas (enjoos e confusão mental) passaram. Ao fim de três meses, a vontade inadiável de fumar tornou-se intermitente. Ao fim de seis meses, quase não se fazia sentir. Ao fim de um ano, tive a minha última vontade de fumar, aliás violentíssima, que quase deitou tudo a perder. Foi um ano duríssimo, de que nunca mais me vou esquecer, mas valeu a pena.
Enviar um comentário