31 agosto 2021

A imóvel jornada


Os rastros que deixei
no chão petrificados
agora que tornei
estão em mim gravados.
Parti, por que não sei
se tudo ao meu redor
comigo era levado:
os sonhos, a paisagem,
o corpo atormentado,
esquinas dos encontros
por gaze separados,
as chamas sobre os dedos,
o peito apunhalado.
No círculo da estrada
eu sigo e estou parado,
não sei a quem procuro
(serei o procurado?).

Geraldo Falcão, poeta brasileiro


Pegada humana com cerca de doze mil anos, em lago seco do Novo México, Estados Unidos da América (Foto: M. Bennett, Universidade de Bournemouth)

Comentários: 3

Blogger Ricardo Santos escreveu...

Bonito poema em português do Brasil (rastros!), desculpe a minha franqueza e fraqueza.
A foto da pegada humana é muito interessante. Será da altura do Australopithecus ?
Sou pouco entendido na "matéria do tempo" !

02 setembro, 2021 00:30  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Caro Ricardo,
A pegada humana é de homo sapiens sapiens, ou seja, é de um ser humano moderno. O povoamento do continente americano foi feito por populações provenientes da Ásia, que passaram da Sibéria para o Alasca durante a Idade do Gelo, quando o oceano gelado constituiu uma espécie de ponte que uniu a Ásia à América através da ilhas Aleutas. Ainda nos dias de hoje aquelas ilhas são frigidíssimas por estarem próximas do Polo Norte, imagina como seriam na Idade do Gelo, em que a própria Europa estava coberta de glaciares. A travessia da Ásia para a América por essas populações deve ter sido uma odisseia medonha, de que nós não fazemos ideia, sequer. Do que não há dúvida é que a América já era habitada quando Cristóvão Colombo e Pedro Álvares Cabral chegaram às suas costas. Esta pegada, portanto, é de alguém que terá sido antepassado dos índios norte-americanos.

02 setembro, 2021 01:53  
Blogger Ricardo Santos escreveu...

Fernando, obrigado pel explicação
Abraço

02 setembro, 2021 17:11  

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