Destino
Quem disse à estrela o caminho
Que ela há-de seguir no céu?
A fabricar o seu ninho
Como é que a ave aprendeu?
Quem diz à planta — «floresce» —
E ao mudo verme que tece
Sua mortalha de seda
Os fios quem lhos enreda?Ensinou alguém à abelha
Que no prado anda a zumbir
Se à flor branca ou à vermelha
O seu mel há-de ir pedir?Que eras tu meu ser, querida,
Teus olhos a minha vida,
Teu amor todo o meu bem…
Ai! não mo disse ninguém.
Como a abelha corre ao prado,
Como no céu gira a estrela,
Como a todo o ente o seu fado
Por instinto se revela,
Eu no teu seio divino
Vim cumprir o meu destino…
Vim, que em ti só sei viver,
Só por ti posso morrer.
Almeida Garrett (1799–1854)
Imagem obtida através do telescópio espacial Hubble de um "berçário" de estrelas na Grande Nuvem de Magalhães, que é uma nebulosa visível no céu noturno do hemisfério sul (Foto: Agência Espacial Europeia)
Comentários: 3
Lindíssima poesia de Garrett que infelizmente por aquilo que o "homenzinho" faz, ela não se adapta em nada (desculpe Fernando !).
Obrigado pelo poema e pela foto espacial e lindíssima. Porque será que queremos dar cabo do que é belo e das coisas boas que o Homem faz ? :(((((
Caro Ricardo, o ser humano é a fera mais perigosa que há na Terra. E julga-se inteligente.
Estamos absolutamnte de acordo !!!
Enviar um comentário