Um magnífico retábulo
A cidade de Portalegre não é grande, mas tem muito que ver: a Sé Catedral, o Castelo, o Museu da Tapeçaria, o Museu-Biblioteca Municipal e muito mais. Tem, além disso e sobretudo, a Casa-Museu de José Régio, que considero de visita obrigatória. Dotada de um recheio notável, com destaque para as muitas dezenas de Cristos e outras peças de arte sacra que José Régio colecionou ao longo da sua vida, esta é uma casa que o poeta disse ser
«Cheia dos maus e bons cheiros(Excerto da Toada de Portalegre).
Das casas que têm história,
Cheia da ténue, mas viva, obsidiante memória
De antigas gentes e traças,
Cheia de sol nas vidraças
E de escuro nos recantos,
Cheia de medo e sossego,
De silêncios e de espantos,
— Quis-lhe bem como se fora
Tão feita ao gosto de outrora
Como as do meu aconchego.»
Além de tudo isto, há em Portalegre um monumento que algumas pessoas julgarão que não podem visitar, porque tem estado ocupado pela Guarda Nacional Republicana. Refiro-me ao Convento de Nossa Senhora da Conceição, também chamado Convento de São Bernardo. Então é assim: também é possível visitar este convento, que data do séc. XVI, desde que na unidade da GNR nele ainda instalada haja algum militar que esteja disponível para acompanhar os visitantes.
Além do edifício propriamente dito, de estranha arquitetura em resultado das muitas intervenções feitas ao longo dos séculos, podem admirar-se neste convento preciosos painéis de azulejos setecentistas e, sobretudo, o extraordinário túmulo de D. Jorge de Melo, que foi bispo da Guarda. Este túmulo é uma obra-prima, cuja autoria tem sido atribuida a Nicolau Chanterene, escultor francês radicado em Portugal. Além da arca tumular com uma estátua jacente de D. Jorge de Melo, é de destacar, sobretudo, o retábulo primorosamente esculpido em mármore de Estremoz, tendo como figuras centrais Santa Ana e São Joaquim. A não perder em Portalegre.
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