30 setembro 2022

Autodefinição

Na folha branca de papel faço o meu risco,
Retas e curvas entrelaçadas,
E prossigo atento e tudo arrisco
Na procura das formas desejadas.

São templos e palácios soltos pelo ar,
Pássaros alados, o que você quiser.
Mas se os olhar um pouco devagar,
Encontrará, em todos, os encantos da mulher.

Deixo de lado o sonho que sonhava.
A miséria do mundo me revolta.
Quero pouco, muito pouco, quase nada.

A arquitetura que faço não importa.
O que eu quero é a pobreza superada,
A vida mais feliz, a pátria mais amada.


Óscar Niemeyer (1907–2012), arquiteto brasileiro


Interior da catedral de Brasília, de Óscar Niemeyer (1907–2012) (Foto: flickr el_floz)

Comentários: 2

Blogger Rogério G.V. Pereira escreveu...

Desconhecia que Niemeyer
Juntava a poesia da palavra
a sua poesia da pedra

Seu poema devia seu um hino

03 outubro, 2022 23:35  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

O poema de Niemeyer é todo um programa de vida.

Obrigado pela visita e desejos de melhoras das suas mazelas.

06 outubro, 2022 02:55  

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