06 outubro 2022

Francisco Henriques


Última Ceia, c. 1508, óleo sobre madeira de Francisco Henriques (14??–1518). Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, Portugal

Paixão dos Cinco Mártires de Marrocosc. 1508, óleo sobre madeira de Francisco Henriques (14??–1518). Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, Portugal

Aparecimento de Cristo a Madalena, 1508–13, óleo sobre madeira de Francisco Henriques (14??–1518). Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, Portugal

Francisco Henriques é o nome em português de um pintor flamengo que por volta do ano 1500 veio trabalhar para Portugal, onde faleceu, vítima de peste, em 1518.

Francisco Henriques terá nascido em ano desconhecido do séc. XV e deve ter sido discípulo de Gerard David na cidade de Bruges. Gerard David foi um notável pintor, também flamengo, que popularizou o uso da pintura a óleo, uma técnica até então de utilização restrita, a qual permitiu a execução de quadros de grande luminosidade e riqueza cromática, que são características da pintura renascentista flamenga.

Uma vez chegado a Portugal, Francisco Henriques terá dirigido uma oficina de pintura em Viseu, onde orientou discípulos tão talentosos como Vasco Fernandes, que viria a ser conhecido como Grão Vasco, então ainda no início da sua carreira. Terá sido Francisco Henriques que dirigiu a equipa de pintores que executaram o Políptico da Capela-Mor da Sé de Viseu. Dos 18 painéis que compunham este extraordinário políptico, 14 encontram-se atualmente ali ao pé, no Museu Nacional de Grão Vasco.

Entre 1503 e 1508, Francisco Henriques executou um magnífico retábulo para a capela-mor da Igreja de São Francisco em Évora, composto por 16 painéis. Destes, 11 painéis estão no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, 4 estão na Casa dos Patudos — Museu de Alpiarça e um desapareceu.

Em 1512, Francisco Henriques voltou à Flandres, para contratar outros pintores que viessem para Lisboa trabalhar com ele. Desconhece-se quais terão sido esses pintores. Apenas se pode especular, com base no estilo patente nas obras de contemporâneos seus. Assim, poder-se-á depreender que entre os flamengos trazidos por Francisco Henriques para Portugal terá estado um anónimo conhecido como Mestre da Lourinhã e um outro anónimo chamado Mestre do Inferno, por ter sido ele quem pintou um notável quadro que representa o Inferno e que está no Museu Nacional de Arte Antiga.

Em 1518, uma epidemia de peste declarou-se em Lisboa, a qual ceifou a vida de Francisco Henriques e de muitos dos seus colaboradores, porque o rei D. Manuel I exigiu que eles ficassem na capital portuguesa a concluir uma encomenda que tinham em mãos.

Comentários: 2

Blogger Rogério G.V. Pereira escreveu...

Boa divulgação...
...má decisão
(refiro-me à do rei, claro!)

09 outubro, 2022 22:34  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Pois é, Rogério. O rei tanto queria a encomenda, que acabou por ficar sem ela e sem os pintores. O egoísmo dá nisto. Ainda por cima, Francisco Henriques não era um pintor qualquer.

12 outubro, 2022 01:26  

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