23 agosto 2023

Naturalia non sunt turpia


(Foto de autor desconhecido)

Naturalia non sunt turpia (as coisas naturais não são torpes) é uma frase latina que se costuma citar a propósito da nudez, querendo dizer que nada no corpo humano é torpe, porque é natural. Um crente poderá também dizer que nada no corpo humano é torpe, porque é de criação divina.

É habitual chamar nudista ou naturista a uma pessoa que pratica a nudez com alguma regularidade, mas o naturismo não é só isso. Uma pessoa pode andar nua por diversas razões (incluindo razões de ordem sexual), mas a palavra indispensável para que essa pessoa possa ser considerada naturista ou nudista é a palavra "respeito": respeito por si, respeito pelos outros e respeito pela Natureza.

(Foto de autor desconhecido)

O naturismo é uma filosofia de vida nascida no início do séc. XX em França e na Alemanha, quando surgiram as primeiras associações que criaram espaços reservados ao tratamento e cura de doenças, nos quais as pessoas ficavam despidas ao ar livre e alimentavam-se unicamente de produtos naturais.

Por outro lado, na Alemanha, um professor de educação física chamado Adolf Koch (1897–1970), que se dedicou ao estudo da ginástica e criou um método que tomou o seu nome, incentivou a prática de exercícios físicos em total nudez, como na Grécia Antiga. Como resultado, Adolf Koch verificou que, ao fim de algum tempo, os seus alunos se mostravam mais alegres, mais confiantes e mais robustos do que os outros. Com base nos seus ensinamentos, foi então fundado em julho de 1923 (portanto há cem anos) um movimento de aproximação nua à Natureza que ganhou uma vasta reputação no mundo de língua alemã e se chamou Freikörperkultur (Cultura do Corpo Livre), também chamado, de forma abreviada, pela sigla FKK. Este movimento foi combatido pelos nazis, mas ressurgiu após o fim da Segunda Guerra Mundial, tanto na República Federal da Alemanha como, sobretudo, na República Democrática Alemã. Ainda hoje, nos países de língua alemã, a sigla FKK é sinónima de nudismo e os locais onde a sua prática está legalizada são assinalados por placas ostentando a sigla FKK.

Um cartaz em Viena, assinalando uma área oficialmente reservada à prática de nudismo. Os vienenses dizem que a sua cidade tem a maior área naturista do mundo, que está situada no Parque Nacional de Lobau, assim como nas vizinhas margens do canal Neue Donau, onde é possível nadar rodeado de cisnes (Foto de autor desconhecido)

A publicidade está cheia de invejáveis corpos perfeitos, cujas imagens são usadas na promoção dos mais diversos produtos e serviços. As pessoas olham para esses corpos, comparam-nos com os seus próprios e sentem-se infelizes, porque não têm um corpo assim. Envergonham-se do corpo que têm, porque o ideal de beleza e perfeição que lhes é apresentado lhes parece inatingível.

Diversos estudos científicos publicados em revistas de renome têm vindo a sublinhar as vantagens sanitárias e psicológicas da convivência social sem roupas em ambiente natural. Quando se encontram despidas juntamente com outras pessoas nuas, as pessoas têm tendência a aceitar os seus semelhantes tal como são, com todas as suas qualidades e com todas as sua imperfeições, sentem aumentar a sua auto-estima e tendem a ser mais francas e menos dissimuladas, precisamente porque se apresentam sem disfarces.

(Foto de autor desconhecido)

Um estudo científico em inglês sobre o naturismo e os seus efeitos, chamado Naked and Unashamed: Investigations and Applications of the Effects of Naturist Activities on Body Image, Self-Esteem, and Life Satisfaction, está aberto ao público na Web, para consulta e descarga em formato PDF, no endereço https://link.springer.com/article/10.1007/s10902-017-9846-1.

(Foto: Albert Yam)

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