São Pedro de Moel
São Pedro de Moel vista das antigas piscinas (Foto de autor desconhecido)
Para muitos portugueses, São Pedro de Moel (também grafado Muel, com U) dispensa apresentações. É uma afamada povoação costeira do concelho da Marinha Grande, no centro do país, que cresceu junto a uma praia abrigada do vento norte. São Pedro de Moel encontra-se envolvida pelo não menos famoso Pinhal de Leiria, assim como por escarpas sobre o mar com estratos de belo efeito cenográfico. Apesar de ser uma importante atração turística, São Pedro de Moel ainda não foi, até este momento, desvirtuada do seu caráter de tranquila e requintada estância de veraneio.
Vista sobre a praia de São Pedro de Moel (Foto de autor desconhecido)
Toda a vida de São Pedro de Moel gira em torno da sua praia, que é a sua razão de ser. As ondas do mar são por vezes agitadas e desfazem-se em espuma contras as rochas, a água é fria, as neblinas matinais são frequentes e podem prolongar-se pelo dia fora, mas nada disto importa a quem busca a beleza e o repouso. E nem sempre há nevoeiro e mar agitado em São Pedro de Moel. Mas se por acaso houver, existe sempre a possibilidade de dar uma volta pelo pinhal, que tem recantos paradisíacos e onde a mistura do cheiro da maresia com o perfume da seiva dos pinheiros é inebriante.
Há em São Pedro de Moel muitas casas com pitorescas varandas de madeira (Foto: Pedro Domingues)
Eu poderia ficar aqui a descrever São Pedro de Moel e os seus pontos de interesse, como o monumento a D. Dinis e à Rainha Santa Isabel, o farol do Penedo da Saudade, a casa que foi do poeta Afonso Lopes Vieira, os jardins muito cuidados à sombra dos pinheiros, as casas com belas varandas de madeira na parte mais antiga da povoação, etc. Até poderia referir-me à campeã olímpica Rosa Mota, que costumava viver em São Pedro de Moel durante o inverno, mas não sei se ainda o faz. Prefiro socorrer-me do que José Saramago escreveu no seu livro Viagem a Portugal, que, do pinhal mandado plantar pelo rei D. Dinis, fala deste modo, aposto que a propósito da zona envolvente à Ribeira de Moel:
São Pedro de Muel, visto nesta hora, praia deserta, mar forte batendo, muitas casas fechadas à espera de um tempo estival talvez não tão formoso como este, tem uma atmosfera que tranquiliza o viajante. E nessa disposição vai indagar se não há caminho para a Marinha Grande que lhe permita saborear por mais tempo a mata. Dizem-lhe que, haver, há, mas que o risco de perder-se é certo. Correu o risco, e se se perdeu não deu por isso. Sabe o que ganhou: alguns quilómetros de verdadeiro deslumbramento, a floresta densa por onde a luz entra em feixes, em rajadas, em nuvens, transformando o verde das árvores em ouro palpitante, reconvertido depois o ouro em seiva, nem o viajante sabe para onde olhar. A mata de São Pedro de Muel é incomparável. Outras podem ser mais opulentas de espécies e porte, nenhuma mereceria mais ter, como habitantes, o povo pequenino dos gnomos, fadas e duendes. E está pronto a apostar que um súbito remexer de folhas que ali se viu foi obra de um esperto anãozinho de barrete vermelho.
Dentro da mata contígua a São Pedro de Moel (Foto: Ana Lúcia Pinho)
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