O auriga de Motya
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Auriga é o nome que se dava na Antiguidade a um condutor de carros de combate ou de corrida puxados por cavalos. Auriga de Motya é o nome de uma escultura grega, que se considera ser uma das estátuas mais representativas da Antiguidade Clássica. Calcula-se que tenha sido feita no ano 470 A.C., aproximadamente, por um escultor grego cujo nome não se conhece.
Esta estátua foi descoberta em 1979, quando se faziam escavações no que resta da antiga cidade de Motya (Mozia em italiano), situada numa ilha que agora se chama São Pantaleão e fica junto ao extremo ocidental da Sicília, Itália. A estátua foi encontrada sem braços, sem pés, com a cabeça separada do corpo e o rosto danificado. Foi possível colocar a cabeça no seu lugar, mas as partes que faltam não foram encontradas.
A estátua Auriga de Motya mostra-nos um auriga representado numa atitude que parece ser de triunfo e de orgulho, como se tivesse acabado de vencer uma corrida de carros nuns quaisquer jogos pan-helénicos, fossem eles olímpicos ou outros. São visíveis dois dedos e vestígios dos outros dedos da mão esquerda, o que sugere claramente que o auriga devia ter essa mão pousada na anca do mesmo lado. Quanto ao braço direito, só podemos tentar adivinhar que ele estaria erguido, eventualmente para que o auriga se pudesse coroar como vencedor de uma corrida. Existem pequenos buracos no cimo da cabeça que parecem indicar que eles teriam servido para fixar um qualquer adereço metálico, que podia ser uma coroa de folhas de oliveira, mas também podia ser um elmo.
Nesta escultura, o auriga apresenta-se vestido com uma diáfana e comprida túnica e, por cima da túnica, tem uma faixa atravessada sobre o peito, com dois pequenos buracos à frente, provavelmente para a fixação de outro adereço metálico. Na vida real, esta faixa era feita de couro e servia para proteger o corpo do auriga do atrito provocado pelas rédeas dos cavalos. Numa batalha, um auriga precisava de utilizar as suas mãos para disparar setas contra o inimigo e, por isso, não podia usá-las ao mesmo tempo para segurar as rédeas dos cavalos. As rédeas eram passadas em volta do tronco do auriga, que as controlava com movimentos do corpo, ao mesmo tempo que as suas mãos manuseavam o arco e as flechas.
Foi dito acima que esta notável escultura foi encontrada no local de uma antiga cidade chamada Motya, junto à Sicília, que como se sabe não fica na Grécia. Poderíamos então pensar que Motya seria uma colónia grega, mas não é verdade. Motya era uma colónia, sim, mas púnica, isto é, de Cartago. Ora Cartago foi uma cidade fundada no norte de África pelos fenícios e não pelos gregos. A cultura cartaginesa era por isso semita e não grega. Então, como foi que uma estátua grega foi parar a uma colónia púnica? Não se sabe. Há várias teorias, a mais plausível das quais talvez seja a de que a estátua do Auriga de Motya tenha sido fruto de um saque ocorrido no decurso de uma das várias guerras que opuseram Cartago à Grécia, mas ninguém tem a certeza.
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