Colheres afro-portuguesas
Três colheres afro-portuguesas de marfim do séc. XVI, de autor anónimo e pertencentes à cultura Edo ou Owo, na atual Nigéria. Coleção dos Médicis, Museu de Antropologia e Etnologia de Florença, Florença, Itália (Foto: Saulo Bambi)
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Em rigor, a chamada arte afro-portuguesa pouco ou nada tem de especificamente português. Esta arte é constituída por objetos produzidos por artistas africanos, com vista a satisfazer encomendas que mercadores portugueses lhes faziam. Quando, mais tarde, regressavam à Europa, os mercadores revendiam estes objetos a reis, príncipes e outros clientes europeus abastados, como sendo objetos de luxo e de prestígio, ou simplesmente como maravilhas vindas de paragens exóticas.
O que pode haver de português na chamada arte afro-portuguesa são os temas representados nos objetos ou o uso a que estes se destinavam. Um mercador português dirigia-se a um artista africano e pedia-lhe que fizesse um determinado objeto, como um saleiro ou um cálice, que fosse de marfim, de ouro, de ébano, de bronze ou de outro material, e que representasse um cavaleiro europeu, por exemplo, ou que incluísse o brazão de um dado conde ou duque, se este já tivesse reservado a encomenda. O artista africano satisfazia a encomenda de acordo com a sua própria cultura e com a visão que tinha dos europeus e do mundo. O resultado, que quase sempre é híbrido na forma ou na função, é 100 % africano na estética.
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