28 fevereiro 2016

Poema imitado de Pablo Neruda

para o Eugénio de Andrade

A Paz nasce nas folhas duma pequenina erva.
A Paz nasce como a água: nas mãos dos homens.
A Paz nasce nos olhos dos camponeses
e no sorriso de João.
A Paz nasce numa rosa branca
ou no grito duma locomotiva
erguendo fontes no silêncio da noite.
A Paz nasce quando vejo o meu camarada
e me diz: bom dia!
A Paz nasce no martelo que se levanta.
A Paz nasce quando leio Walt
dormindo entre os cocheiros.
A Paz nasce quando os amantes se mordem
como se uma charrua rasgasse a terra.
A Paz nasce com José.
A Paz nasce quando o pescador abraça o seu irmão.
A Paz nasce quando a minha mãe me diz:
Deus te abençoe, meu filho!
A Paz nasce quando uma espingarda se cala.
A Paz nasce com a liberdade
ou na cor dos teus olhos.
A Paz nasce quando o poeta canta sem medo
o desespero e a esperança.

Manuel Dias da Fonseca (1923–2015)


(Foto de autor desconhecido)

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