19 julho 2025

Josefa de Óbidos


S. Francisco de Assis e Santa Clara Adorando o Menino Jesus, 1647, óleo sobre cobre de Josefa de Óbidos (1630–1684), coleção particular
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Santa Maria Madalena, 1650, óleo sobre cobre de Josefa de Óbidos (1630–1684), Museu Nacional de Machado de Castro, Coimbra
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Natividade, c. 1650–60, óleo sobre cobre de Josefa de Óbidos (1630–1684), coleção particular
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Cordeiro Pascal, c. 1660–70, óleo sobre tela de Josefa de Óbidos (1630–1684), Museu Nacional de Frei Manuel do Cenáculo, Évora
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Cesta com Cerejas, Queijos e Barros, c. 1670–80, óleo sobre tela de Josefa de Óbidos (1630–1684), coleção particular
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Adoração dos Pastores, 1669, óleo sobre tela de Josefa de Óbidos (1630–1684), Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa
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S. José e o Menino, c. 1670, óleo sobre tela de Josefa de Óbidos (1630–1684), Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa
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Transverberação de Santa Teresa, c. 1672, óleo sobre tela de Josefa de Óbidos (1630–1684), Igreja Matriz de Cascais, Cascais
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O Menino Jesus Salvador do Mundo, 1673, óleo sobre tela de Josefa de Óbidos (1630–1684), Igreja Matriz de Cascais, Cascais
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Visão de S. João da Cruz, 1673, óleo sobre tela de Josefa de Óbidos (1630–1684), Santa Casa da Misericórdia de Figueiró dos Vinhos, Figueiró dos Vinhos
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Natureza Morta com Doces e Barros, 1676, óleo sobre tela de Josefa de Óbidos (1630–1684), Museu Municipal de Santarém, Santarém
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Anunciação, 1676, óleo sobre tela de Josefa de Óbidos (1630–1684), Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa
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Calvário, 1679, óleo sobre madeira de Josefa de Óbidos (1630–1684), Santa Casa da Misericórdia de Peniche, Peniche
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Josefa de Óbidos foi uma pintora barroca notável por várias razões. De entre elas se destaca o facto de ser mulher e, ainda por cima, emancipada, que viveu da sua arte sem depender de ninguém, no Portugal beato, inquisitorial e patriarcal do séc. XVII. Uma mulher assim é verdadeiramente motivo de grande respeito e admiração.

Josefa de Ayala Figueira, que ficou conhecida como Josefa de Óbidos, nasceu no ano de 1630 em Sevilha, Espanha, fruto do casamento do pintor maneirista português Baltazar Gomes Figueira com a espanhola Catarina de Ayala Camacho Cabrera Romero. Aos 4 anos de idade, Josefa mudou-se para Portugal com os seus progenitores, que acabaram por se fixar em Óbidos, terra natal do seu pai. Em 1644, Josefa foi para Coimbra, a fim de se tornar freira no Convento de Santa Ana, mas este não foi o destino que ela mesma quis seguir. Ao fim de dois anos saiu do convento, conseguiu obter a sua emancipação legal e passou a ter uma vida economicamente independente, graças ao seu enorme talento.

Josefa de Óbidos pintou mais de cem quadros, que são valorizadíssimos e se encontram espalhados por diversas coleções públicas, religiosas e privadas, e faleceu na vila de Óbidos em 1684.

13 julho 2025

Atalanta e Hipomenes


Atalanta e Hipomenes, 1612, óleo sobre tela do pintor bolonhês Guido Reni (1575–1642), Museu Nacional do Prado, Madrid, Espanha
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Atalanta é o nome de uma ninfa da mitologia grega. Quando Atalanta nasceu, o seu pai abandonou-a no meio de um monte, porque só queria filhos do sexo masculino. Atalanta foi criada por uma ursa, que a ensinou a caçar, e tornou-se tão exímia na caça e tão veloz na perseguição das suas presas, que nem os deuses mais rápidos conseguiam correr mais depressa do que ela.

Após uma consulta a um oráculo, que lhe disse que um casamento viria a constituir a sua desgraça, Atalanta decidiu não se casar. No entanto, como era possuidora de grande beleza, ela era cortejada por muitos rapazes que pretendiam desposá-la. Sabendo que ninguém lhe conseguiria vencer numa corrida, Atalanta determinou então que todos os pretendentes teriam de competir com ela, afirmando que só casaria com aquele que a vencesse. Quem não o conseguisse, seria implacavelmente morto. Um após outro, todos os pretendentes foram sendo mortos pela lança de Atalanta, porque não conseguiam correr mais depressa do que ela.

Um dia, apresentou-se um pretendente chamado Hipomenes, que, tal como os outros, aceitou o repto. Sabendo de antemão que não iria conseguir vencer Atalanta, Hipomenes pediu ajuda a Afrodite, a deusa do Amor, que lhe deu três maçãs de ouro. Hipomenes participou na corrida com as três maçãs nas mãos. A meio da corrida, sentindo-se aflito para conseguir acompanhar a passada de Atalanta, Hipomenes largou a primeira maçã de ouro. Atalanta deteve-se para apanhar a maçã do chão, mas logo a seguir acelerou o passo e acabou por conseguir recuperar o seu atraso relativamente a Hipomenes. Este soltou então a segunda maçã, que voltou a provocar mais uma momentânea paragem de Atalanta para apanhá-la, mas a seguir a ninfa voltou a conseguir recuperar o seu atraso. Hipomenes largou finalmente a terceira maçã de ouro, que Atalanta voltou a apanhar, mas, como já estavam muito próximos da meta, foi Hipomenes quem ganhou a corrida, porque Atalanta já não conseguiu alcançá-lo a tempo.

É esta a história que o presente quadro, cheio de movimento, pretende contar.

09 julho 2025

Let the Sunshine In


Cenas finais do filme Hair, estreado em 1979, do realizador checoslovaco Miloš Forman, com o tema musical Let the Sunshine In, composto por Galt MacDermot (música) e por James Rado e Gerome Ragni (letra), para o musical Hair, contra a guerra do Vietname, levado à cena na Broadway em 1968

07 julho 2025

A Bela-Menina


(Desenho de De Knutseljuf Ede)


Era um homem; vivia numa cidade e trazia navegações no mar, e depois foi ele e deu em decadência por se lhe perderem as navegações. Ele teve o seu pesar e não podia viver com aquela decência com que vivia no povoado e tinha umas terrinhas na aldeia e disse-lhes para a mulher e para as filhas: «Não temos remédio senão irmos para as nossas terrinhas; se vivemos com menos decência que até aqui somos pregoados dos nossos inimigos.»

A mulher e uma filha aceitaram, mas as outras duas filhas começaram a chorar muito. E depois foram. A que tinha ido de sua vontade era a mais nova e chamava-se Bela‑Menina; cantava muito e era a que cozinhava e ia buscar erva para o gado, de pés descalços; as outras metiam-se no quarto e não faziam senão chorar. Quando o pai ia para alguma parte, as mais velhas sempre lhe pediam que lhes trouxesse alguma cousa e a mais nova não lhe pedia nada. Vai nisto veio-lhe uma carta dum amigo dizendo que as navegações que vinham aí, que tiveram notícia e que fosse vê-las.

O homem caminhou mais um criado saber das tais navegações; quando saiu, disseram as suas filhas mais velhas que se as navegações fossem as dele lhes levasse algumas cousas que lhe declararam. E ele disse à mais nova. «Ora todas me pedem que lhes traga alguma cousa, só tu não me pedes nada?» «Vou pedir-lhe tambem uma cousa; onde o meu pai vir o mais belo jardim, traga me a mais bela flor que lá houver». O pai foi e chegou a uma cidade e reconheceu que as navegações não eram dele e foi‑se embora com a bolsa vazia. Chegou a um monte e anouteceu-lhe; ele viu uma luz e dirigiu-se para ela a ver se encontrava quem o acolhesse. Chegou lá e viu uma casa grande e estropeou à porta; não lhe falaram; tornou a estropear; não lhe falaram. E disse ao moço: «Vai aí por o portal de baixo ver se vês alguém». O moço foi e voltou: «Vejo lá muitas luzes dentro e cavalos a comer e penso para lhe botar; mas não vejo ninguém».

Então o homem mandou meter o cavalo na cavalhariça e entraram para a cozinha. Acharam lá que comer e como a fome não era pequena, foram comendo muito. E nisto aí vem por essa casa adiante uma cousa fazendo um grande arruído, assim como umas cadeias que vinham a rastos pela casa adiante e depois chegou ao pé deles um bicho de rastos e disse-lhes: «Boas noites». E eles puseram-se a pé com medo, e disseram-lhe: «Nós viemos aqui por não acharmos abrigo nem que comer noutra parte; mas não vimos fazer mal a ninguém». «Deixai-vos estar e comei». Demorou-se um pouco o bicho e disse-lhes: «Ora ide-vos deitar que eu tambem cá vou para o meu curral». E começou-se a arrastar pela cozinha e foi. Ao outro dia o homem foi ao jardim que era o mais belo que tinha visto e disse: «Já que não posso levar nada para as minhas filhas mais velhas, quero ao menos levar a flor para a Bela‑Menina…» Estava a cortar a flor e nisto o bicho salta-lhe: «Ah ladrão! Depois de t’eu acolher em minha casa, tu vens-me colher o meu sustento, que eu não me sustento senão em rosas». E ele disse: «Eu fiz mal, fiz; mas eu tenho lá uma filha que me pediu que lhe levasse a mais bela flor que eu visse na viagem, e não podendo levar nada às outras filhas, queria ao menos levar a flor; mas se a quereis ela aí fica». «Não, levai-a e se me trouxerdes cá essa filha, ficais ricos». O homem caminhou e chegou a casa muito apaixonado por não trazer nada às outras filhas e não achar as navegações e pegou na flor e deu-a à Bela‑Menina.

A filha assim que viu a flor disse: «Oh que bela flor! Onde a achou meu pai?» O pai contou-lhe o que vira e a filha disse: «Oh meu pai eu quero ir ver». «Olha que o bicho fala e disse também que te queria ver». «Pois vamos». E foram. A filha assim que viu o tal bicho disse: «Oh pai eu quero cá ficar com este bicho, que ele é muito bonito». O pai teve a sua pena, mas deixou-a. Passado algum tempo, ela disse: «Oh meu bichinho! Tu não me deixas ir ver os meus pais?» E ele disse-lhe: «Não; tu não vais lá por ora; teu pai vem cá». O pai veio e disse ao bicho: «Eu queria levar a rapariga». «Não me leves daqui a rapariga, senão eu morro e tu vai ali àquela porta e abre-a e leva dali a riqueza que tu quiseres e casa as tuas filhas». O homem que mais quis?

Um dia o bicho disse à Bela‑Menina: «A tua irmã mais velha lá vem de se receber; tu queres vê-la?» «Quero». «Vai ali e abre aquela porta». Ela foi e viu vir a irmã com o noivo e os pais. «Agora deixa-me ir ver o meu cunhado». «Eu deixava, deixava; mas tu não tornas». «Torno; dá-me só três dias que eu em dia e meio chego lá e torno cá noutro dia e meio». «Se não vieres nestes três dias, quando voltares achas-me morto». Ela foi; no fim dos três dias ela veio, mas tardou mais um pouquito que os três dias; ela foi ao jardim e viu-o deitado como morto. Chegou ao pé dele: «Ai meu bichinho!» E começou a chorar. Ele caiu e ela disse: «Coitadinho está morto; vou dar-lhe um beijinho.» E deu-lhe um beijo, mas o bicho fez-se num belo rapaz. Era um príncipe encantado que ali estava e que casou com ela.



Conto popular recolhido em Ourilhe, Celorico de Basto, por Adolfo Coelho (1847-1919)

02 julho 2025

Balada da Oliveira


Balada da Oliveira, de Pedro Caldeira Cabral, interpretada pelo próprio autor em guitarra portuguesa